O consumidor entra na loja de carnes, avalia dois ou três cortes, mas não consegue decidir qual levar para casa. Atrás do balcão, o vendedor garante que todas são carnes de qualidade, fala da aparência de cada uma delas, mas a dúvida permanece. Até que o cliente encontra uma embalagem com o selo da Associação dos Produtores Rurais dos Campos de Cima da Serra (Aproccima), que tem um QR Code que leva diretamente ao site da entidade.
Lá, ele encontra todas as informações de rastreabilidade do animal abatido, acessa o histórico do pecuarista, circula pela propriedade dele usando o programa Google Earth, baseado em imagens de satélite. "O cliente quer saber de onde vem o produto, então esse é o nosso foco. Se ele compra no açougue, não sabe nada daquela carne. Mas, na Aproccima, ele sabe tudo", afirma o presidente da associação, Carlos Roberto Simm, produtor rural em Campestre da Serra.
A entidade teve origem no Clube de Integração e Troca de Experiências (Cite) 120, um entre outros tantos no Estado, criado em 1997, por um grupo de produtores rurais da região. Cada vez mais voltado ao planejamento estratégico de mercado, foi o primeiro grupo a participar do programa Redes de Cooperação do governo estadual, em 2004, quando discutiram a criação de uma associação, com auxílio da Universidade de Caxias do Sul (UCS). A Aproccima foi instituída em 26 de maio de 2006, com um inspirado trocadilho na pronúncia.
Hoje, o grupo é composto por cerca de 30 associados, de municípios como André da Rocha, Vacaria, Caxias do Sul, Antônio Prado, Ipê e Bom Jesus. A principal atividade é mesmo a pecuária de corte, ainda que haja núcleos, dentro da própria associação, que buscam a troca de conhecimento e tecnologia em ovinocultura, silvicultura e turismo rural. Atualmente, chegam ao mercado cortes de cerca de 3 mil cabeças bovinas, por ano, com o selo da Aproccima, conforme Simm.
O principal avanço na década foi investir em um relacionamento saudável entre o grupo de produtores, a indústria e o varejo, com parcerias comerciais que mantenham margem de lucro nos três elos. "A negociação do preço é compactuada", afirma Simm, que garante que todos abrem os números de custo e faturamento. Além disso, há a evolução dentro da porteira - os produtores recebem certificados de Boas Práticas Agropecuárias (BPA), da Embrapa, há quatro anos, e apostam na rastreabilidade do gado. Pecuaristas com mais experiência orientam outros sobre terminação e melhoramento genético, de forma a desenvolver características como precocidade, alta taxa de conversão, marmoreio e rendimento de carcaça no rebanho, com foco na qualidade. E também são comuns compras de insumos conjuntas, além das vendas e do controle geral de custos.
Para os próximos anos, a Aproccima pretende iniciar a venda de cortes embalados, já que hoje comercializa apenas carcaças inteiras. A ideia é captar investidores e criar, até 2018, uma unidade de processamento, a ser gerida por esses empresários e os próprios produtores. "Vai aumentar a penetração da associação, que pode vender em pontos como lojas de conveniência, postos de gasolina ou lojas-conceito, maximizando o resultado econômico da carcaça", conta o dirigente. Outra novidade deve ser o pedido de indicação geográfica para a carne dos Campos de Cima da Serra, em elaboração.
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Homenageados em 2017 |
PRÊMIO ESPECIAL |
Luiz Carlos Federizzi - Ufrgs |
CADEIAS DE PRODUÇÃO E ALTERNATIVAS AGROPECUÁRIAS |
Aproccima |
Geovano Parcianello - Irga |
Jorge Tonietto - Embrapa |
INOVAÇÃO, TECNOLOGIA RURAL E EMPREENDEDORISMO |
Julio Otavio Jardim Barcellos - Ufrgs |
SIA - Serviço de Inteligência em Agronegócio |
Homero Bergamaschi - Ufrgs |
Maria do Carmo Bassols Raseira - Embrapa |
Antonio Folgiarini de Rosso - Irga |
PRESERVAÇÃO AMBIENTAL |
Cimélio Bayer - Ufrgs |
Alianza del Pastizal - BirdLife International |
Flávia Fontana Fernandes - UFPel |