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Enquanto eventos corporativos, gastronômicos e folclóricos são o principal objeto de trabalho de captação para grande parte dos conventions bureau, a área cultural desempenha, em paralelo, um papel importante para o setor turístico. Pelo menos é o que mostram os números de alguns destinos nacionais e internacionais, que possuem festivais anuais nos quais o enfoque é divulgar diversos formatos de manifestações artísticas.
Neste universo, entre os mais de 2 milhões de visitantes esperados para a temporada de inverno, mais de 10% deste contingente deve ir a Gramado em 2017 para participar da 45ª edição do Festival de Cinema, que ocorre de 17 a 26 de agosto. Segundo a secretária de turismo local, Rúbia Frizzo, a estimativa é de que o evento atraia 300 mil pessoas neste ano.
Não à toa, o Festival de Cinema é um dos responsáveis pela projeção da cidade para o turismo nacional, fomentando o mercado de hotéis, restaurantes e outras atividades locais direta ou indiretamente. São 10 dias, 46 filmes em competição, 10 espaços de exibição e 2 mil integrantes entre convidados, organizadores, produção e pessoas trabalhando na mostra. Realizado pela Gramadotur, autarquia responsável pelos eventos públicos do município, o Festival de Cinema está orçado em R$ 3,5 milhões, 10% a mais que os recursos destinados para a edição de 2016.
"O evento é um patrimônio da cidade de Gramado e do Rio Grande do Sul. É reconhecido como o pioneiro e mais tradicional do gênero no País e também muito respeitado na América Latina", comenta Edson Néspolo, presidente da Gramadotur, emendando que a reputação do evento transformou "o tapete vermelho e a tela do Palácio dos Festivais em um dos destinos mais cobiçados no Brasil".
E se o Festival de Cinema de Gramado fez os holofotes se voltarem para a serra gaúcha, em Santa Catarina, o Festival de Dança de Joinville (que encerrou no último dia 29) é uma das principais atrações turísticas da região. De acordo com o coordenador do evento, Victor Aronis, a mostra competitiva é responsável pela alta temporada da hotelaria local, que trabalha com 100% de taxa de ocupação no período.
"A cidade muda muito, com uma grande circulação de vans para translado dos turistas e diversas atrações desenvolvidas pelo comércio especialmente para aproveitar o público do festival", afirma Aronis. Devido ao volume de visitantes, restaurantes alteram horários e permanecem funcionando "até mais tarde", completa o coordenador do evento de dança, que conta com 7 mil participantes/ano. Além das famílias dos bailarinos que concorrem à mostra, outras 200 mil pessoas percorrem o destino durante os 12 dias de festival. "Não só os teatros passam lotados, como também há um incremento no movimento do aeroporto, incluindo os de cidades vizinhas, porque não há quantidade de voos suficientes para suprir a demanda direto para cidade", observa Aronis. Somente a produção do evento leva à cidade 200 pessoas (entre dançarinos, professores e jurados).
Ao todo, são 6,3 mil grupos de dança participantes. A mostra recebe R$ 5 milhões para a sua realização, e cerca de 10% deste valor são destinados às passagens aéreas, às reservas na hotelaria e à alimentação dos convidados. "O festival é um grande sucesso, e, durante o período em que ocorre, é grande a quantidade de carros de fora da cidade, o volume de ônibus de turismo, e de gente de fora andando a pé pelas ruas."
Pelotas recebeu 28 mil pessoas durante festival de música do Sesc
O Festival Internacional Sesc de Música, que acontece em Pelotas, é um dos principais eventos de cultura realizados pelo Sesc no Rio Grande do Sul. A última edição, em janeiro de 2017, contou com um público de 28 mil pessoas, além de 237 alunos que realizaram curso de prática de instrumentos durante 12 dias do evento. No total, 19 estados foram representados por músicos brasileiros, além dos estrangeiros, que desembarcam da Argentina, Uruguai, Peru e Colômbia. Na lista de participantes, ainda contaram 50 professores, sendo 30 do Brasil e 20 do exterior, oriundos de 11 países: Venezuela, Itália, Alemanha, Israel, Bulgária, Bielorússia, França, Estônia, Uruguai, Argentina e Estados Unidos.
De acordo com o coordenador de Música do Sesc-RS, Anderson Müller, durante o evento deste ano, somente entre os alunos foram 2.442 diárias de hotel em convênio com a prefeitura, mais 1.150 diárias proporcionadas pelo Sesc-RS aos professores, organização e grupos artísticos. "O festival está indo para a 8ª edição, e o comércio local tem se preparado e melhorado a oferta de serviços para atender o público", observa Müller. Segundo ele, o Sesc promoverá pacotes turísticos para a cidade no período com o intuito de fomentar o setor. A entidade é promotora também do Festival Palco Giratório, que acontece em Porto Alegre e é uma extensão do Circuito Nacional Palco Giratório Sesc.
Neste ano, o 12º Festival Palco Giratório Sesc movimentou a cena cultural da capital gaúcha entre 4 e 28 de maio. Foram mais de 4 mil bilhetes vendidos e 38 mil espectadores - grande parte das atrações com entrada franca. Foram apresentados 54 espetáculos, somando mais de 100 sessões exibidas, entre teatro, dança, circo, musicais, performances, intervenções urbanas, exposições e atividades formativas. A edição contou com a participação de grupos gaúchos e mais 13 estados, além de destaques internacionais.
Mostra de artes cênicas reúne mais de mil espetáculos na francesa Avignon
Cidade se transforma, e público vive uma verdadeira imersão cultural
MICHELE ROLIM/MICHELE ROLIM/ESPECIAL/JC
Considerado um dos principais eventos de artes cênicas do mundo, o Festival de Avignon é financiado pelo governo francês há mais 70 anos (em 2017, chegou à sua 71ª edição). Criado com a proposta de descentralizar e democratizar as artes cênicas, o evento é também um dos maiores atrativos turísticos da cidade, situada no Sul da França. "Vira um formigueiro, a cidade inteira gira em torno do festival", comenta o jornalista do site Agora Crítica Teatral, Renato Mendonça.
O jornalista e crítico de teatro passou uma semana na cidade, participando do evento, que ocorreu de 6 a 26 de julho neste ano. Além de 41 títulos do evento oficial, o Festival de Avignon conta com outros mais de mil espetáculos de todos os tipos, em diversos espaços alternativos. Neste contexto, os turistas realizam uma verdadeira imersão cultural.
"Nas ruas, muitos artistas passam o dia todo divulgando seus trabalhos, panfleteando e chamando público para entrar, em clima de feira medieval", conta Mendonça, completando que o volume de visitantes é tamanho que o comércio e o transporte no mês de julho giram em torno do festival, alterando até os horários.