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- Publicada em 03 de Setembro de 2017 às 11:30

A saga dos Menda e dos Castiel

Detalhes da capa do livro

Detalhes da capa do livro


REPRODUÇÃO/JC
Caminhos de leite e mel (Editora Movimento, 384 páginas, R$ 50,00), do advogado e escritor Isaac Menda, é um caudaloso romance que homenageia e narra as sagas das famílias Menda e Castiel, origens paterna e materna do autor, respectivamente.
Caminhos de leite e mel (Editora Movimento, 384 páginas, R$ 50,00), do advogado e escritor Isaac Menda, é um caudaloso romance que homenageia e narra as sagas das famílias Menda e Castiel, origens paterna e materna do autor, respectivamente.
Há quem diga que a história dos judeus no mundo poderia se resumir a uma frase: "tentaram acabar conosco. Não conseguirão!". Na contracapa do livro de Menda está escrito: "Os judeus sobreviveram a tragédias e aniquilações que, de acordo com as leis naturais, não poderiam suportar. Sobreviveram porque mantiveram seus princípios, sua tradição e sua história."
O romance narra acontecimentos de 1492, na Espanha, até chegar ao ano de 2010, em Porto Alegre. O ano de 1492 marca a ação da Inquisição, que expulsou os judeus da Espanha, sob a liderança dos reis católicos Fernando e Isabel. Menda parte da edição de uma Torá ficcional em 1492, obra que será levada numa das esquadras de Cristóvão Colombo e tomará direções e intrincadas, sendo algumas vezes perdidas e outras roubada e constrói uma narrativa imensa e por vezes bem-humorada, contando sobre a saga da linhagem Castile, desde o século XVI até nossos dias.
A descoberta da América por Colombo e outros fatos históricos, bem como relatos sobre a vida e cultura judaicas do período, constituem um capítulo especial do romance, que tem prefácio do jornalista e escritor Walter Galvani, o qual registra: "Está tudo ali, no livro de Isaac Menda, fruto de um profundo conhecimento histórico e uma rica pesquisa e uma dose de compreensão, cultura e humanismo, por parte de quem conhece e estuda o Brasil, a comunidade brasileira e, de modo particular, Porto Alegre e o Rio Grande do Sul".
O livro mostra a vida na Espanha de 1492 e na Turquia no início do século XVI, revelando como viviam os judeus sefaradis na Turquia nos primórdios do século passado e descreve como era nossa Porto Alegre a partir de 1900, com a chegada das primeiras famílias sefaraditas. Elas se estabeleceram com lojas de tecidos na Rua dos Andradas, no Centro da cidade. Por coincidência, as lojas eram no lado ímpar.
Portanto o leitor tem nas mãos um belo romance, elaborado com envolvente ficção e dados históricos, retratando povos e locais fundamentais de nosso mundo e prestando comovente homenagem às famílias Castiel e Menda.

lançamentos

  • Cartas de amor a uma princesa e outras peças curtas (É Realizações Editora, 128 páginas) traz sete peças curtas, extravagantes e melancólicas, do romeno Matéi Visniec, que vive e trabalha na França desde 1987, onde é refugiado político. Suas peças são editadas e montadas em mais de 20 países, especialmente França e Romênia, e tratam de amor, família e capitalismo.
  • Fascismo e antifascismo italianos (Educs, 216 páginas), do professor e escritor João Fábio Bertonha, autor de mais de 20 obras sobre fascismo e antifascismo, traz ensaios que falam dessa problemática e dos seus desdobramentos pelo mundo, com ênfase no continente latino-americano e, mais especialmente, no Brasil. A primeira parte da obra fala de aspectos teóricos; a segunda, de projetos de expansão; e a terceira, do transnacionalismo fascista.
  • Leão, o africano (Ateliê Editorial, 206 páginas), de Murilo Sebe Bom Meihy, professor, mestre em História pela PUC-Rio e doutor em Estudos Árabes pela USP, trata da vida do exilado granadino chamado Leão, o Africano, que mostra o outro lado da modernidade: a arte de enganar para sobreviver, de traduzir culturas para negociar e de se fazer o comércio par dominar o conhecimento sobre certos povos.

7 de setembro

Sete de setembro, Dia da Independência, há uns 50 e tantos anos, aos sete ou oito de idade, coração de estudante, eu marchava garboso pela rua Marechal Deodoro, hoje a simpática e universal Via del Vino, na minha gloriosa Bento Gonçalves. De tênis Conga bem limpinho, calça azul, camisa branca e gravatinha também bem limpinhos, cantava com os colegas: a vida é feita para mim / que sou estudante /o meu grande amor não tem fim/ meu lema é seguir avante... Os militares ainda não tinham tomado conta. Em 1964, tinha 10 anos, e a professora adentrou na sala dizendo, com boa intenção e aliviada, que tínhamos nos livrado do terrível comunismo, que seríamos livres para estudar e trabalhar na profissão que escolheríamos livremente. Os anos de chumbo se iniciavam.
Em Porto Alegre, lá por 1967, estudava no politizado Julinho. Aos 13 anos, participava de passeatas que saiam da Filosofia da Ufrgs em direção ao Centro, para protestar contra o acordo Mec-Usaid, a ditadura e as leis que amordaçavam nossa geração. Brasil, ame-o ou deixe-o, ninguém segura o Brasil, diziam os comandantes, ufanistas como versos de Olavo Bilac. Entre os protestos, as esperanças, os rolos da adolescência e a censura, amávamos essa terra tropical, abençoada por Deus e bonita por natureza.
Em 1983-1984, o general Figueiredo arrumava as gavetas, pedia o boné e, nas ruas, a gente pedia Diretas Já e tinha esperança na redemocratização. Tancredo se livrou do pepinão indo para o céu. Enfrentamos o jaquetão e o bigodão do Sarney, os planos econômicos, a chegada e a saída do Collor, o caçador de marajás que acabou caçado por eles.
Itamar nos deu o Plano Real, Fusca e mandato honesto. Na livraria do aeroporto de Brasília, é o único presidente que não está mal falado em livros, jornais e revistas. Merece mais luz e espaço nosso presidente provinciano, mas correto.
FHC ajustou a política e a economia, criou o hoje bolsa-família e deixou para Lula uma política econômica que este, inteligente, manteve. A era FHC teve seus percalços e falatórios, como quase todas nossas eras e presidentes. O primeiro mandato de Lula, como quase todos os primeiros mandatos de todos, foi melhor que o segundo. Os problemas apareceram, Dilma foi escolhida para dar seguimento ao governo. O desemprego, os problemas econômicos e os problemas com contas públicas desaguaram no impeachment e em Temer, que se mantém em meio à crise, tentando salvar a pátria com empresários, banqueiros, equipe econômica e diálogo com o congresso e setores da sociedade. Deus, Nossa Senhora Aparecida e os santos nos ajudem a criar uma nação neste território imenso, cheio de recursos naturais e necessitado de políticas sociais, de educação e de uma economia com empregos para os 13 milhões de irmãos que estão no desvio.
"O menino é o pai do homem", disse o poeta. O menino acreditava no Brasil, tinha orgulho dele, marchava garboso pela Pátria, e agora seu filho, já calejado pelos anos e pela História, trabalha e torce por passar a limpo o Brasil na página branca do caderno novo do primeiro dia de aula.

a propósito...

Já fomos brasileiros ufanistas. O mundo era um grande campo de futebol - nós, os maiores campeões. Amargamos complexo de vira-lata perdendo para o Uruguai no Maraca novo. Jeitosos, achávamos que conseguiríamos resolver tudo, inclusive o convívio com a inflação. Isto até resolvemos, com o Plano Real, nossa maior conquista.
Agora é hora de fazer as contas, cair na real, dar um jeito de pensar mais no coletivo do que no individual, o que seria melhor para todos. Hora de juntar os cacos e ir construindo algo novo, com as ferramentas e os tijolos que temos. Nossa velha casa está meio desmoronada, mas outra, diferente, quem sabe com novos donos ou com todos nós donos, será construída.