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Infraestrutura

- Publicada em 21 de Agosto de 2017 às 16:36

Porto idealizado por Eike Batista investe no gás e na mudança de perfil

Terminal tinha projeto de instalação de siderúrgicas, estaleiro e até uma montadora de carros elétricos

Terminal tinha projeto de instalação de siderúrgicas, estaleiro e até uma montadora de carros elétricos


RAFAEL ANDRADE/RAFAEL ANDRADE/FOLHAPRESS/JC
Três anos após a inauguração, o porto do Açu chegou à sexta posição entre os maiores terminais portuários privados do País e, agora, foca sua estratégia de crescimento na indústria do gás natural. O projeto, idealizado por Eike Batista (hoje, em prisão domiciliar), é agora controlado pela norte-americana EIG, mas ainda enfrenta passivos dos tempos em que integrava o Grupo X.
Três anos após a inauguração, o porto do Açu chegou à sexta posição entre os maiores terminais portuários privados do País e, agora, foca sua estratégia de crescimento na indústria do gás natural. O projeto, idealizado por Eike Batista (hoje, em prisão domiciliar), é agora controlado pela norte-americana EIG, mas ainda enfrenta passivos dos tempos em que integrava o Grupo X.
Segundo dados da Antaq (Agência Nacional de Transportes Aquaviários), o porto no Norte do estado do Rio de Janeiro movimentou, no primeiro semestre, 8,6 milhões de toneladas de minério, alta de 31% em relação ao ano anterior.
O movimento é ainda limitado pela capacidade de produção da mina da Anglo American, sua principal cliente nesse segmento, em Minas Gerais. Quando estiver a plena capacidade, poderá movimentar até 26,5 milhões de toneladas por ano - o que o colocaria atualmente na quarta posição entre os terminais privados.
Idealizado para aproveitar o terminal de minério para atrair indústrias metalúrgicas, o empreendimento passa por uma "mudança de perfil", nas palavras do presidente da Prumo Logística, a proprietária do porto, José Magela.
Na semana passada, Magela anunciou parceria com a alemã Siemens para investimento em uma usina térmica de 1,3 GW (gigawatts), parte de um complexo que inclui um terminal de importação de gás negociado com a britânica BP.
O projeto tem como âncora contratos de venda de energia assinados em 2013 pela gaúcha Bolognesi, que previa a construção do complexo em Pernambuco, mas não conseguiu nem iniciar o investimento. "Aqui, já temos o cais, já temos a linha de transmissão (de energia), a localização privilegiada, perto do centro de consumo e parceiros", afirma Magela.
O executivo não fala em números, mas diz que precisa iniciar a obra até o começo do ano que vem para cumprir os contratos de venda de energia, vigentes a partir de 2021. Segundo ele, o investimento seria o primeiro passo para a criação de um "hub de gás" no porto, modelo que prevê a conexão com campos produtores do combustível e com a malha de gasodutos do Sudeste, que passa a 40 quilômetros de distância.
A ideia é usar parte do gás para movimentar um parque térmico de até 6,4 GW e injetar os excedentes do combustível na rede, para distribuição a outros clientes. No longo prazo, a companhia espera que a disponibilidade de gás natural atraia outros segmentos que usam o insumo, como petroquímica e fertilizantes.
Quando ainda comandava o projeto, Eike prometia a instalação de siderúrgicas, do estaleiro de sua controlada OSX e até de uma montadora de carros elétricos, projetos que nunca saíram do papel. O estaleiro, pelo contrário, é uma fonte de problemas para os controladores - Eike só tem 0,19% das ações.
No segundo trimestre, a Prumo contabiliza R$ 659 milhões em financiamentos concedidos à empresa, que está em recuperação judicial, além de R$ 67 milhões pelo pagamento de dívidas da ex-coligada com fornecedores.
A empresa enfrenta ainda ações na Justiça a respeito da polêmica desapropriação de terras para o complexo, que tem uma área de 90 quilômetros quadrados. A desapropriação, que culminou com a retirada de 60 famílias da área, é alvo de investigação da Operação Lava Jato, que acusa Eike de ter pago propina ao ex-governador do Rio Sérgio Cabral Filho.

Presidente da Prumo não vê risco em denúncia contra o empresário falido

O presidente da Prumo, José Magela, diz que não vê risco de contaminação da empresa pelas denúncias de corrupção contra Eike Batista. "Fizemos diversas auditorias, e, até o presente momento, não tem absolutamente nenhum tipo de indício de que a empresa tenha feito algo errado", afirma. "Não perco um minuto de sono com isso." Eike controlava a LLX, nome da proprietária do porto do Açu até a falência de seu império econômico.
Após sua saída, a norte-americana EIG foi tomando o controle da empresa, que passou a se chamar Prumo, fez vários aumentos de capital e injetou recursos necessários para as obras no porto. Na operação mais recente, em outubro de 2016, colocou R$ 657 milhões e elevou sua participação para 76%.
O plano é fechar o capital da companhia, comprando os 20% de ações em mãos de terceiros - com novas compras em 2017, a EIG chegou a 80,2% das ações.
O porto do Açu já consumiu mais de R$ 12 bilhões em investimentos e ainda precisará de mais recursos, admite Magela. A estratégia é tentar atrair o maior volume possível de capital de parceiros. O modelo já vem sendo adotado em negócios em operação, como o terminal de abastecimento de navios, com a britânica BP, e o canteiro para reparo de embarcações, com a GranEnergia.