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Empresas & Negócios

- Publicada em 21 de Agosto de 2017 às 12:32

Calotes em alta frearam concessão de empréstimos

O mercado de crédito ainda está estacionado e há poucos sinais de reação. Dados do Banco Central (BC) indicam que essa estabilidade dos indicadores parece ser reação à deterioração das condições vista a partir do início de 2015, quando a inadimplência começou a subir e só parou de piorar no fim do ano passado. A crise e desemprego impuseram aos bancos um pé no freio, o que reduziu a oferta de novos empréstimos. O setor, que chegou a crescer com taxas de dois dígitos no início da década, somou R$ 1,63 trilhão em financiamentos às famílias e empresas no fim de 2015. A gestão mais cautelosa dos bancos reduziu o valor em R$ 100 bilhões em um ano e meio e o estoque era de R$ 1,53 trilhão em junho.
O mercado de crédito ainda está estacionado e há poucos sinais de reação. Dados do Banco Central (BC) indicam que essa estabilidade dos indicadores parece ser reação à deterioração das condições vista a partir do início de 2015, quando a inadimplência começou a subir e só parou de piorar no fim do ano passado. A crise e desemprego impuseram aos bancos um pé no freio, o que reduziu a oferta de novos empréstimos. O setor, que chegou a crescer com taxas de dois dígitos no início da década, somou R$ 1,63 trilhão em financiamentos às famílias e empresas no fim de 2015. A gestão mais cautelosa dos bancos reduziu o valor em R$ 100 bilhões em um ano e meio e o estoque era de R$ 1,53 trilhão em junho.
O calote parece ter sido controlado, apesar de em patamar elevado. Mas há comportamentos distintos. A inadimplência das pessoas físicas registra lenta melhora enquanto a das empresas tem mais volatilidade: os atrasos chegaram a subir no início de 2017. O mercado de recuperação de crédito está atraindo novos investidores no Brasil, interessados na taxa de retorno que podem obter em meio à imaturidade do segmento e a retomada da economia.
O movimento mais recente foi feito pelo Santander Brasil, que em julho comprou 70% da empresa de empréstimos vencidos inadimplentes Ipanema Credit Management. Investidores nacionais e estrangeiros estão olhando esse mercado mais ativamente, diz Nicolas Malagamba, da PwC.
Em novembro de 2016, o BTG Pactual voltou a atuar nesse segmento de recuperação de crédito, com a criação da Enforce. Um ano antes, o banco teve de vender para o Itaú a Recovery, líder nesse mercado. À época, o BTG teve de se desfazer de vários ativos por conta da crise desencadeada com a prisão de seu fundador André Esteves, acusado de tentar obstruir as investigações da Lava Jato.
Alexandre Camara, sócio do BTG Pactual, afirma que a Enforce tem R$ 30 bilhões em carteira sob gestão e R$ 1 bilhão para investir na expansão da nova companhia, que foca suas operações na recuperação de crédito no segmento corporativo. Camara foi o executivo que ajudou a estruturar a Recovery, adquirida pelo BTG em 2010.
Com a recuperação da economia, os investidores apostam que os credores - pessoas físicas e jurídicas - estão mais dispostos a pagar o que devem. Segundo Camara, uma plataforma independente tem maior eficiência para fazer essa cobrança. "O segmento corporativo, por oferecer garantias para obtenção de crédito, é o mais atraente nesse momento."
Já o Itaú, que viu na crise gerada pela prisão de Esteves a oportunidade de comprar um competidor líder de mercado e ainda reforçar sua operação de cobrança, continua investindo na Recovery. A companhia detém R$ 60 bilhões em créditos de cerca de 12 milhões de pessoas físicas. Flávio Suchek, gestor da empresa, conta que a Recovery tem canais alternativos de pagamento, com foco em educação financeira. O Santander, que é bastante atuante na venda de carteiras vencidas no mercado externo, tem mantido a oferta de créditos ao mercado. De acordo com fontes, o banco colocou à venda uma carteira de cerca de R$ 50 milhões. Outra instituição que também aguarda propostas de interessados para se desfazer de seus créditos podres é o Votorantim, que ofertou um lote de R$ 300 milhões.
Apesar de a crise ter elevado o volume de créditos inadimplentes nas carteiras dos bancos, no primeiro semestre deste ano, o Banco do Brasil (BB) foi mais contido na transferência de operações para a Ativos, seu braço de extensão de recuperação de empréstimos em atraso. Foram cerca de R$ 2,9 bilhões na primeira metade do ano contra R$ 3,6 bilhões em igual intervalo de 2016.
Para o segundo semestre, uma quantia similar deve ser transferida, de acordo com o vice-presidente de Controles Internos e Gestão de Risco do BB, Márcio Hamilton Ferreira. Ele explica que a queda reflete o aumento da concessão de créditos com garantias como os destinados à compra de imóveis, operações que não vão para a Ativos. "Utilizamos a Ativos no âmbito da nossa estratégia de cobrança. Geralmente, transferimos créditos sem garantia e voltados a pessoas físicas. O restante preferimos acompanhar dentro do banco", diz o executivo.
Já a Caixa, que segue impedida de vender carteiras de crédito pelo TCU, adotou neste mês um esforço dentro de casa para recuperar seus empréstimos vencidos. Na mira do banco estão operações concedidas a pessoas físicas e empresas e também o habitacional, mercado do qual é líder com fatia de 68%.
Com os grandes bancos cortando cartões de crédito e limite dos clientes de baixa renda, o mercado de cartões private label, aqueles com a marca de lojas, tem registrado crescimento em níveis recordes. Algumas administradoras menores, que atendem as redes de lojas, vão faturar pelo menos 20% a mais neste ano em relação a 2016. O número de emissões vai na mesma toada. Em um movimento contrário, entre janeiro e abril, Banco do Brasil e Itaú retiraram de circulação 1,2 milhão de cartões, por causa de inadimplência e desemprego. "Os consumidores das classes C e D se acostumaram e dependem do crédito para viver", diz Denis Correia, diretor da DMCard, de São José dos Campos (SP).
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