Depois de um tempo presas no seu mundinho, as startups brasileiras parecem ter recebido uma injeção de ambição. "A gurizada começa a enxergar a sua empresa como um negócio de verdade, para fazer dinheiro, e não um filho que criou e vai morrer junto", observa o Assessor de C,T&I da Pucrs e presidente da Anprotec, Jorge Audy. É uma barreira cultural importante a ser quebrada esta, de que, se a startup foi vendida, é porque não deu certo - mesmo que os fundadores tenham ganho milhões com isso. A ideia é que o mesmo empreendedor possa estar por traz de diferentes negócios. Se ele acabou o ciclo em uma operação, que venham os próximos desafios. Os próprios investidores estão menos interessados nas ideias e mais nos indivíduos por trás delas. "O artigo mais escasso hoje são bons empreendedores", alerta o diretor executivo da WOW Aceleradora, Andre Ghignatti. Dentro do desafio de criarmos startups com potencial para se tornarem gigantes, um dos focos é, justamente, desenvolver essa nova visão. "O nosso trabalho tem sido ajudar a criar, nas nossas startups, o propósito transformador e de se tornarem globais, algo que já é muito forte nas norte-americanas", comenta o fundador e CEO da Ventiur, Sandro Cortezia. Eles participaram ontem do Tá na Mesa, realizado pela Federasul, e que debateu o tema Startups e Inovação. A mediação foi do empresário Cesar Leite.
Rajadas de investimentos I
Mais articulação e uma continuidade nas políticas públicas de investimentos são fatores determinantes para a criação de ecossistemas de inovação capazes de mudar o mercado e a vida das pessoas. São fatores que funcionam como um divisor de águas entre os estados-referência no Brasil, como Santa Catarina, e os que têm até mais potencial, mas ainda patinam. "No Rio Grande do Sul, sofremos com processos de rajadas desconexas no tempo de investimentos nessa área", observa Jorge Audy.
Rajadas de investimentos II
O fundador e CEO da Ventiur, Sandro Cortezia, lamenta que o Estado tenha perdido espaço, mas avalia que os atores deste jogo estão começando a aprender a trabalhar juntos. "Existe uma aproximação entre as aceleradoras e os parques tecnológicos para tentarmos aproveitar o melhor deste ambiente e, a partir disso, identificar startups mais disruptivas", analisa.