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Política

- Publicada em 13 de Junho de 2017 às 23:24

Blank rebate Executivo sobre venda da Sulgás

Blank sustenta que privatização não garante ampliação do mercado, nem aumento de ICMS

Blank sustenta que privatização não garante ampliação do mercado, nem aumento de ICMS


FREDY VIEIRA/JC
Marcus Meneghetti
O presidente da Associação de Empregados da Sulgás (Assulgás), Neimar Blank, afirma que a privatização da estatal não garante a expansão do mercado do gás no Rio Grande do Sul, nem o aumento da arrecadação do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) por parte do Estado. "Por que privatizar uma empresa lucrativa como a Sulgás?", questiona o presidente da Assulgás.
O presidente da Associação de Empregados da Sulgás (Assulgás), Neimar Blank, afirma que a privatização da estatal não garante a expansão do mercado do gás no Rio Grande do Sul, nem o aumento da arrecadação do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) por parte do Estado. "Por que privatizar uma empresa lucrativa como a Sulgás?", questiona o presidente da Assulgás.
Ao explanar sobre a Sulgás - empresa em que trabalha desde 2009 -, Blank se concentra em rebater os principais argumentos do governo José Ivo Sartori (PMDB) para privatizar a Companhia de Gás do Estado do Rio Grande do Sul (Sulgás), assim como as justificativas apresentadas pelo secretário estadual de Minas e Energia, Artur Lemos (PSDB).
O presidente da Assulgás também enfatiza o lucro da empresa de R$ 130 milhões em 2016. Citou ainda o número crescente de clientes: segundo levantamento de junho de 2017, são mais de 97 mil consumidores. Conforme Blank, em 2016, a Sulgás pagou R$ 37 milhões de ICMS ao Estado. 
Jornal do Comércio - O secretário de Minas e Energia, Artur Lemos, tem exposto os argumentos do governo para a privatização da Sulgás. O senhor tem posição contrária, por quê?
Neimar Blank - O governo do Estado nunca injetou um centavo na Sulgás. A empresa foi criada em 1993 com dinheiro de um empréstimo que foi totalmente pago pela própria venda do gás da empresa. Até 2002, a empresa desembolsava valores para pagar as despesas e fazer investimentos. A partir daquele ano, começou a dar lucro e nunca mais parou. Por isso, estranhamos o discurso do governo de que teria que fazer aporte de recursos na Sulgás. Se, em 20 anos, o governo não precisou fazer isso, não vai ser agora que vai precisar. Afinal, em 2016, por exemplo, tivemos lucro de R$ 130 milhões. Além do mais, se as empresas que querem privatizar são tão ruins quanto diz o governo, quem vai querer comprá-las?
JC - Um dos argumentos do secretário para a privatização da Sulgás é que a empresa cresce em ritmo vegetativo, porque não tem agressividade para se expandir no mercado. Com a privatização, conforme Lemos, o mercado do gás se desenvolveria rapidamente no Estado, aumentando inclusive a quantidade de gasodutos pelo interior do Rio Grande do Sul. Como avalia essa análise do secretário?
Blank - Discordamos completamente dessas afirmações. Como se desenvolve o mercado do gás? Primeiro, o gás tem que chegar em um lugar, se estabelecer como demanda, para depois investirmos. Expandimos o mercado levando de caminhão o gás até as cidades mais longe, para implantar a demanda. Depois que há consumo suficiente, construímos um gasoduto para levar o gás até lá. Mas tem que criar uma demanda suficiente para tornar mais barata a construção do gasoduto do que o transporte de caminhão. Foi o que aconteceu, por exemplo, com os postos de combustível que começaram a vender gás. No início, fornecíamos de caminhão para dois ou três postos. Hoje, construímos gasoduto, porque temos 83 postos credenciados.
JC - O secretário Lemos afirma que, passando esse mercado para a iniciativa privada, a comercialização do gás aumentaria de 2 milhões de metros cúbicos por dia para 14 milhões de metros cúbicos...
Blank - Nem São Paulo consome esse volume de gás. Quando se fala no volume de gás que circula no Estado, se confundem os gasodutos de distribuição da Sulgás com os de transporte da Petrobras. Os modais da Petrobras trazem gás da Bolívia ao Brasil. No Rio Grande do Sul, a Sulgás compra da Petrobras e revende aos consumidores gaúchos. Nesse aspecto, mesmo que a iniciativa privada compre a Sulgás, não consegue aumentar a quantidade de gás transportado para o Estado através do gasoduto Brasil-Bolívia, que transmite até 2,8 milhões de metros cúbicos por dia. O transporte de gás depende da Petrobras e da Lei do Gás. Mas, hoje, se o transporte fosse passado para a Sulgás, teríamos condições financeiras de assumir essa tarefa.
JC - O líder do governo na Assembleia Legislativa, deputado estadual Gabriel Souza (PMDB), disse que a arrecadação de ICMS aumentaria se a Sulgás fosse privatizada...
Blank - Quando a Sulgás atende a um cliente, não pensa somente no lucro, mas também no retorno de ICMS ao Estado. Não deixamos de atender a nenhum cliente, porque temos um bom fornecimento de gás e dinheiro em caixa. Quando necessário, inclusive fazemos os investimentos para instalar as tubulações de gás. Se a Sulgás for privatizada, a iniciativa privada provavelmente não vai se preocupar com isso. Vai se preocupar com o maior retorno de dinheiro imediato, deixando de atender a uma parte do mercado. Então esse discurso do governo de que vai arrecadar mais ICMS com a venda da Sulgás não se sustenta. Além disso, se compararmos com o setor da energia elétrica, vemos o seguinte: a RGE (empresa privada) recebe incentivos fiscais; já a CEEE, não. A Sulgás paga ICMS sem isenção também. Se for privada, vai receber incentivo fiscal ou vai pagar a mesma coisa que a Sulgás estatal paga?
JC - O argumento defendido por representantes do governo é de que a iniciativa privada teria um potencial maior de investimentos...
Blank - Nenhum empresário quis investir dinheiro lá atrás, em 1993, quando a Sulgás foi criada. Por que não quiseram investir naquela época? Porque queriam tirar dinheiro no futuro, quando o mercado do gás já estivesse consolidado. Afinal, qualquer investimento demora para se capitalizar, se fortalecer, caminhar sozinho - como está acontecendo agora. Hoje - sendo a empresa lucrativa, tendo um quadro enxuto e uma quantidade de clientes crescendo dia após dia - o governo diz que tem que vendê-la, porque corre o risco de quebrar. Achamos isso injusto com os funcionários e com o dinheiro da população gaúcha, que financiou a criação da empresa.
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