As Forças Democráticas da Síria (FDS), coalizão árabe e curda apoiada pelos Estados Unidos, iniciaram ontem uma ofensiva para expulsar os extremistas do Estado Islâmico (EI) da cidade de Raqqa, bastião da facção no país. "Declaramos hoje (ontem) o início da grande batalha para liberar a cidade de
Raqqa, autoproclamada capital do terrorismo e dos terroristas", disse Talal Sillo, porta-voz das FDS. "Nosso moral está alto e nossa preparação é total para implementar o plano militar em coordenação com a coalizão liderada pelos EUA."
As FDS anunciaram que seus combatentes estavam tentando invadir Raqqa pelo Leste, provocando enfrentamentos intensos com os extremistas. Na noite de segunda-feira, bombardeios liderados pelos EUA na cidade deixaram ao menos 12 mortos, incluindo crianças e mulheres, segundo a Sana, agência de notícias estatal síria.
Desde novembro, as FDS avançam sobre vilarejos e pontos estratégicos ao redor de Raqqa com o apoio de bombardeios dos EUA. Na semana passada, a coalizão chegou aos limites ao Norte e ao Leste da cidade. Raqqa foi uma das primeiras cidades a serem tomadas pelo EI, em janeiro de 2014.
A batalha por Raqqa, considerada crucial para acuar o EI na Síria, deverá se estender por meses. Junto à operação lançada em outubro pelo Exército iraquiano para expulsar os extremistas da cidade de Mossul, a ofensiva deverá limitar muito as capacidades materiais da milícia na região.
O tenente-general Steve Townsend, principal comandante norte-americano no Iraque, disse que as ofensivas em Mossul e Raqqa estão enfraquecendo o prestígio do EI e afetando a capacidade da milícia de recrutar mais membros. "É difícil convencer novos combatentes de que o EI é uma causa vitoriosa quando eles estão perdendo suas 'capitais' gêmeas na Síria e no Iraque", afirmou Townsend.
Em maio, o presidente norte-americano, Donald Trump, aprovou o envio de armas pesadas dos Estados Unidos às FDS para reforçar o combate contra o EI. A decisão irritou a Turquia, que teme que um fortalecimento dos curdos na Síria estimule a insurgência da minoria étnica no Sul de seu próprio território.
A coalizão internacional que realiza bombardeios contra o EI estima que entre 3.000 e 4.000 combatentes da milícia permaneçam em Raqqa, onde montaram barricadas e armadilhas para se proteger da ofensiva das FDS. Não está claro quantos civis continuam na cidade, estimados pela ONU em torno de 160 mil.