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Geral

- Publicada em 04 de Junho de 2017 às 21:01

Brasil vive crise de aprendizagem

Professora de Harvard, Claudia Costin palestrou em evento para diretores de escolas

Professora de Harvard, Claudia Costin palestrou em evento para diretores de escolas


JONATHAN HECKLER/JONATHAN HECKLER/JC
Suzy Scarton
O Brasil vive uma grande crise de aprendizagem, em que as crianças estão escolarizadas, mas não estão aprendendo. Segundo dados do Indicador de Alfabetismo Funcional, um levantamento do Instituo Paulo Montenegro e da ONG Ação Educativa com apoio do Ibope, 27% da população brasileira entre 15 e 64 anos é analfabeta funcional. Na zona rural, o percentual aumenta para 41%. Já a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2016, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), aponta que o Brasil tem 12,9 milhões de analfabetos, um total de 8% da população, taxa que varia de acordo com a idade do entrevistado (entre os jovens de 15 a 19 anos, a taxa é de 0,8%; e entre pessoas com mais de 60 anos, o índice sobe para 22,3%). O Pnad também mostra que a taxa de brasileiros com mais de 15 anos que tiveram menos de quatro anos de estudo formal, considerados analfabetos funcionais, era de 17,1% em 2015.
O Brasil vive uma grande crise de aprendizagem, em que as crianças estão escolarizadas, mas não estão aprendendo. Segundo dados do Indicador de Alfabetismo Funcional, um levantamento do Instituo Paulo Montenegro e da ONG Ação Educativa com apoio do Ibope, 27% da população brasileira entre 15 e 64 anos é analfabeta funcional. Na zona rural, o percentual aumenta para 41%. Já a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2016, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), aponta que o Brasil tem 12,9 milhões de analfabetos, um total de 8% da população, taxa que varia de acordo com a idade do entrevistado (entre os jovens de 15 a 19 anos, a taxa é de 0,8%; e entre pessoas com mais de 60 anos, o índice sobe para 22,3%). O Pnad também mostra que a taxa de brasileiros com mais de 15 anos que tiveram menos de quatro anos de estudo formal, considerados analfabetos funcionais, era de 17,1% em 2015.
Por sua vez, a taxa de crianças de 4 a 5 anos que frequentavam a escola em 2015 era de 84,3%; de 6 a 14 anos, de 98,6%; e de 15 a 17 anos, de 85%. Isso mostra que, embora os governos tenham se mobilizado mundialmente para ampliar o acesso à escolarização mesmo em países subdesenvolvidos, o processo de aprendizagem ainda carece de melhorias.
Há motivos claros que justificam essa falha. Parte da responsabilidade é dos professores. A diretora do Centro de Excelência e Inovação em Políticas Educacionais da Fundação Getulio Vargas no Rio de Janeiro e professora convidada na Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, Claudia Costin, aponta que o pouco crédito dado a estudantes de baixa renda é um dos motivos que contribuem para com essa defasagem do aprendizado. "Quando a criança não tem suporte familiar, a escola tem que agir. Não se desiste de uma criança. Pobreza não é destino. O pior que se pode fazer é não apostar na capacidade dessas crianças", acredita. Além disso, Claudia também critica o modelo de formação de professores, focado na teoria da educação, que falha no ensino da didática e do preparo específico para a sala de aula. Ela também cita a discussão sobre a Base Nacional Comum Curricular como uma oportunidade para que as universidades possam repensar os currículos de formação de professores.
As constantes mudanças pelas quais o País e o mundo passam também estão entre os motivos. Uma vez que a demanda por competências rotineiras decresce, substituídas por máquinas e robôs, o modelo de escola atual se torna ultrapassado. "Essa escola que não ensina a pensar não era um problema quando o estudante era formado para a performance de atividades repetitivas. Agora, existe uma demanda por competências mais complexas, que exigem que o cidadão saiba pensar", argumenta a professora. Para ela, a formação de um cidadão crítico, que saiba "entender notícias lidas no jornal e capaz de duvidar do que lhe é exposto" é o que deve ser almejado por um professor.
Em 2015, a ONU definiu novas metas a serem alcançadas até 2030 - entre elas, assegurar a educação inclusiva, equitativa e de qualidade, e promover oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos. Para atingir esse objetivo, Claudia elenca novas tendências que vêm sendo aplicadas em países com índices mais altos. Uma delas é focar na resolução de problemas e em criatividade. Considerando que o currículo básico de um aluno do Ensino Médio no Brasil consiste, em média, em 13 disciplinas ensinadas em quatro horas/aula, não sobra tempo para ensinar o enfrentamento de problemas, que também trabalham competências socioemocionais de crianças e adolescentes, como persistência, empatia e autonomia.
Além disso, a ex-secretária municipal de Educação do Rio de Janeiro, que esteve em Porto Alegre a convite do Sindicato do Ensino Privado do RS (Sinepe-RS), acredita que as ferramentas tecnológicas disponíveis proporcionam um ensino personalizado, baseado no déficit pessoal de cada um. A ideia de uma reforma do Ensino Médio, proposta pelo governo de Michel Temer, que transforma o aluno em "protagonista da própria vida" é vista com bons olhos por Claudia. "O jovem não precisa de um currículo enciclopédico. Ele também não deve ser tratado como criança. Temos de confiar que ele tem a capacidade de construir um projeto de vida - e o papel da escola é ensinar a ele como trilhar um caminho para chegar lá", alega.
 
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