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Porto Alegre, ter�a-feira, 13 de junho de 2017. Atualizado �s 23h32.

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Document�rio

Not�cia da edi��o impressa de 14/06/2017. Alterada em 13/06 �s 16h25min

Cidades fantasmas, um filme contra o esquecimento

Cidades fantasmas revela hist�rias de quatro cidades abandonadas

Cidades fantasmas revela hist�rias de quatro cidades abandonadas


CASA DE CINEMA DE PORTO ALEGRE/CASA DE CINEMA DE PORTO ALEGRE/DIVULGA��O/JC
Luiza Fritzen
"Sempre gostei de ouvir histórias", conta Tyrell Spencer, diretor do documentário Cidades fantasmas, que estreia nesta quinta-feira em circuito comercial. Nascido em Uruguaiana, o cineasta de apenas 30 anos mostra que o hábito de conversar com pessoas mais velhas de sua cidade natal se transformou em talento e o fez vencedor do prêmio de Melhor Longa Brasileiro do É Tudo Verdade - Festival Internacional de Documentários 2017, principal evento dedicado à cultura do documentário tanto no Brasil, como na América Latina.
Cidades fantasmas marca a estreia de Spencer como diretor e conta a história de quatro cidades da América Latina que compartilham do mesmo destino: o abandono. Humberstone, no Chile, e Fordilândia, no Pará, sofreram com o êxodo após o fim dos ciclos econômicos no local - respectivamente, do salitre e da borracha. Já Armero, na Colômbia, e Villa Epecuén, na Argentina, foram despovoadas após a erupção de um vulcão, na primeira, e a inundação das águas de uma represa na segunda localidade.
E se a cidade de onde viemos conta sobre nós e sobre a nossa história, o longa resgata as vivências dos quatro locais através dos relatos de antigos moradores. Com falas intimistas, os personagens do documentário ganham voz para contar suas histórias e dar força a um passado que viraria pó tal qual as casas de suas infâncias e suas fotos e documentos.
"As pessoas viviam nos lugares e acabavam tendo que sair de lá por algum descaso, geralmente do governo, que podia solucionar algum problema e não solucionava, não ajudava", avisa Spencer. Através dessas falas, Cidades fantasmas evidencia o descaso do governo e das forças econômicas que preferiam o lucro a vida humana. Para o diretor, o longa é também uma oportunidade de resgatar a dignidade desses personagens. "Eles têm muita necessidade de manter viva suas histórias e lutar por dignidade, eles se sentem muito abandonados."
A estética do filme, valorizada pela fotografia de Glauco Firpo, compõe um cenário sem vida com aspecto apocalíptico. Ruas vazias, fábricas em silêncio e casas destruídas evidenciam a carcaça de um povoado em ruínas. A câmera em movimento passeia por um parque fantasmagórico, recriando a perspectiva de solidão. A escassez de rostos e a ausência de sons habituais como o canto de um pássaro trazem a angústia de cidades tratadas como o fim do mundo.
Tyrell Spencer explica que a proposta para o longa surgiu em uma conversa entre um grupo de amigos que se reúne para desenvolver ideias. "Pesquisamos várias cidades do mundo todo e para viabilizar o projeto, focamos na América Latina e escolhemos as cidades com mais história, com maior magnitude", conta.
Após três anos entre pesquisas e montagem, Spencer já imaginava que o filme seria digno de algum prêmio, mas se mostrou surpreso ao receber a premiação de melhor documentário. "Sabia que o filme estava bonito, mas foi uma surpresa enorme em meio a tantos documentaristas excelentes", relata o diretor, que concorreu com Quem é Primavera das Neves, de Jorge Furtado e Ana Luiza Azevedo - também uma das estreias desta semana.
Spencer acredita que o filme foi fiel ao relato dos personagens. "Acho que consegui contar a história das pessoas, suas histórias e um pouco da indignação delas com algumas coisas, dar voz para essas pessoas que buscam a sua dignidade." O longa foi produzido pela Casa de Cinema de Porto Alegre e Galo de Briga Filmes com coprodução GloboNews e Globo Filmes e tem roteiro de Carolina Silvestrin, André Bittencourt e Guilherme Soares Zanella.
Com previsão de lançamento para julho, uma série sobre o documentário será exibida pelo Canal Brasil com enfoque em cidades brasileiras. As regiões escolhidas são Ararapira, no Paraná; Cococi, no Ceará; Minas do Camaquã, no Rio Grande do Sul; e Vila do Ventura, na Bahia.
Além de uma segunda temporada de Cidades fantasmas, desta vez com cidades de outros continentes, Spencer já foca em novos projetos como diretor. Dentre eles, a ficção Vida bruta dos animais do céu, que tem roteiro de Guilherme Soares Zanella, e já é finalista do concurso de roteiro de Longa do Festival de Roteiro Audiovisual de Porto Alegre (Frapa) 2017. De volta aos documentários, Tyrell busca viabilizar um projeto sobre o álbum do grupo Quarteto Novo, considerado o principal disco de música instrumental brasileira que completa 50 anos em 2017.
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