Assim como acontecia na Odebrecht, a OAS também tinha um setor exclusivo para pagamento de propina. Agenor Medeiros, ex-diretor da área internacional da empreiteira, afirmou, em depoimento nesta quinta-feira ao juiz Sérgio Moro, que o setor se chamava "controladoria", e organizava pagamentos de vantagens indevidas a partidos políticos por ordem de Léo Pinheiro, ex-presidente da empresa.
Agenor contou que as propinas tinham origem em contratos de diversas obras públicas que a empreiteira fazia no País. Mencionou repasses indevidos no contrato da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco.
"Existe uma área na empresa que trabalha nessa parte de vantagens indevidas e que é chamada de controladoria, onde são feitas doações a partidos até de forma oficial. Essa área cuidava de pagamentos de fornecedores de campanha, gráficas e outras coisas mais", afirmou Agenor ao juiz Sergio Moro.
"Havia um gerente de controladoria, o Mateus Coutinho, que se reportava ao diretor financeiro (Sérgio Pinheiro) e, este último, ao presidente. Existia um grupo de pessoas que trabalhava com ele (Coutinho)."
Agenor disse ainda que a OAS tinha um caixa único de propina para fazer pagamentos ao Partido dos Trabalhadores.
"O PT tinha um tratamento diferenciado porque eram maiores valores envolvidos. Quem operacionalizava isso era o Léo Pinheiro", disse.
Também em depoimento ao juiz Sergio Moro, o presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, disse nesta quinta-feira que a construtora OAS não recebeu nenhum tipo de benefício em troca do dinheiro gasto com a manutenção do acervo presidencial do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Paulo Okamotto é acusado de lavagem de dinheiro na Operação Lava Jato e foi ouvido como réu em um processo que apura se a empresa pagou R$ 1,3 milhão para guardar os objetos em troca de algum tipo de favorecimento do petista.
Procurada, a OAS não respondeu até o fechamento desta edição.