Os resultados finais da eleição presidencial francesa mostram que o centrista Emmanuel Macron recebeu 10 milhões de votos a mais que a rival de extrema-direita, Marine Le Pen. Ele obteve 66,06% dos votos, enquanto ela conquistou 33,94%.
O apoio a Macron foi o segundo maior para um presidente na história recente. Em 2002, Jacques Chirac recebeu 25,5 milhões de votos, ou 82,2% do total. Apesar disso, o comparecimento da população às urnas foi de 74,6%, sendo o mais baixo para um segundo turno em 48 anos. Em outro sinal de descontentamento, um número recorde de 4 milhões de eleitores votaram em branco ou nulo.
Os números também mostram a expectativa colocada sobre Macron - o presidente mais jovem na França moderna, com 39 anos - pelos eleitores. Entre as principais preocupações dos franceses está a recuperação da política, manchada, nos últimos meses, por escândalos de corrupção, e a reforma trabalhista para gerar empregos. Essas serão as primeiras tarefas que o novo presidente prometeu enfrentar. O centrista, que substituirá o socialista François Hollande já no próximo fim de semana, anunciou um plano de medidas de choque assim que chegar ao Palácio do Eliseu.
As eleições legislativas de junho, que renovarão a Assembleia Nacional, indicarão o poder real com o qual contará. Caso não consiga uma maioria suficiente, terá que negociar com outros grupos. A ideia é que os eleitos comecem a trabalhar em julho e, na sequência, aprovem novos orçamentos. Na mira de Macron está estabelecer cortes de € 60 bilhões no orçamento.
O primeiro texto que deve ser apresentado tratará sobre a moralização e a renovação da vida política na França. O combate à corrupção foi a arma do candidato para resistir a dois de seus rivais, o conservador François Fillon e Marine Le Pen, da extrema-direita, ambos investigados por supostos casos de má utilização de recursos públicos por meio de empregos fictícios de assistentes parlamentares. Mas o ponto mais delicado com o qual o novo presidente terá que lidar é a reforma trabalhista. Macron afirmou que a reforma aprovada por seu antecessor no ano passado "segue em um bom caminho", mas "é insuficiente", o que dá a entender que seu texto não deverá agradar os sindicatos mais combativos.
Seu principal objetivo é permitir que as condições trabalhistas, em particular a jornada de trabalho, sejam negociadas em cada empresa ou em nível setorial para as pequenas e médias, deixando de lado as convenções coletivas, uma ideia que os sindicatos consideram que coloca todo o poder nas mãos das entidades patronais.
Macron prometeu um enorme incentivo à formação profissional dos desempregados e dos jovens (seu plano prevê € 15 bilhões) e o fortalecimento do seguro-desemprego, que será ampliado também aos autônomos. Por outro lado, assegurou que retirará esse seguro das pessoas que rejeitarem mais de duas ofertas "decentes" de emprego.