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Infraestrutura

- Publicada em 09 de Maio de 2017 às 22:28

Projeto quer derrubar estrutura de aeromóvel

Trilhos incompletos receberam grafites e telas para vegetação

Trilhos incompletos receberam grafites e telas para vegetação


CLAITON DORNELLES /JC
Após quase 35 anos de obras interrompidas, é possível dizer que os trilhos do aeromóvel já fazem parte da paisagem no Centro de Porto Alegre, mesmo que nunca tenham sido utilizados de fato. Um projeto que tramita na Câmara da Capital, porém, pode resultar no fim da estrutura de cerca de um quilômetro em frente à Usina do Gasômetro. Proposta pelo vereador Idenir Cecchim (PMDB), a alteração na Lei Complementar nº 646, de 2010, prevê a remoção completa da estrutura como parte da implementação do chamado Corredor Parque do Gasômetro.
Após quase 35 anos de obras interrompidas, é possível dizer que os trilhos do aeromóvel já fazem parte da paisagem no Centro de Porto Alegre, mesmo que nunca tenham sido utilizados de fato. Um projeto que tramita na Câmara da Capital, porém, pode resultar no fim da estrutura de cerca de um quilômetro em frente à Usina do Gasômetro. Proposta pelo vereador Idenir Cecchim (PMDB), a alteração na Lei Complementar nº 646, de 2010, prevê a remoção completa da estrutura como parte da implementação do chamado Corredor Parque do Gasômetro.
A ideia foi rejeitada pela Câmara no começo deste mês. Apesar de ter obtido 17 votos favoráveis e 11 contrários, o projeto não alcançou a maioria necessária - que, no caso de Porto Alegre, é de, no mínimo, 19 votos. Apesar da derrota inicial, Cecchim deve propor uma nova votação, aproveitando uma cláusula do regimento interno da Casa, que permite a renovação do processo sempre que a diferença para aprovação na primeira consulta for igual ou inferior a três votos.
Conforme o vereador, a proposta para remover o aeromóvel é a primeira de uma série de iniciativas voltadas a estruturas incompletas espalhadas pela cidade. "Aquela coisa está parada há décadas, não serve para nada. Depois que o aeromóvel do aeroporto começou a funcionar, aquilo não tem mais utilidade nem para demonstração. É um trilho que vai do nada para lugar algum, serve apenas para criar mosquitos", critica
Cecchim. "A orla está ficando tão bonita, temos que tirar aquela coisa feia de lá. Se em 40 anos não fizeram uma licitação para retomar o projeto, não é agora que vão fazer."
A estrutura começou a ser erguida em 1982, como parte de um então pioneiro projeto para transporte coletivo. Uma primeira estação foi construída, em frente à Usina do Gasômetro, e inaugurada no ano seguinte. Pouco depois, porém, os recursos para a obra foram interrompidos, e o aeromóvel acabou ficando de fora de diferentes planos para a mobilidade da Capital. Em 2013, foi inaugurado o aeromóvel ligando o aeroporto Salgado Filho ao Trensurb, primeira estrutura utilizando a tecnologia no Brasil. A Empresa de Trens Urbanos de Porto Alegre (Trensurb) chegou a elaborar estudo de demanda para uma estrutura idêntica, que atenderia à Zona Sul da cidade e sairia da Rodoviária até o Hipódromo do Cristal. O projeto, porém, acabou engavetado.
Pela proposta de Cecchim, parte da estrutura seria reaproveitada para a construção de diques no Arroio Sarandi, diminuindo o efeito dos constantes alagamentos no bairro da Zona Norte da Capital. "Cerca de mil famílias seriam diretamente beneficiadas. Qualquer chuvarada alaga toda a região. Podemos resolver o problema desses moradores aproveitando uma coisa que está atirada, sem uso", argumenta.
 

Construção foi contemplada pela prefeitura em revitalização da orla

A Secretaria Municipal de Infraestrutura e Mobilidade (Smim) informa, por meio de assessoria, que o aeromóvel foi contemplado no projeto para reformulação da Praça Julio Mesquita, dentro das intervenções para revitalização da orla do Guaíba. A estrutura foi inclusa no projeto paisagístico da nova praça, com a colocação de telas que permitem o crescimento de vegetação sobre os pilares. Não há, no momento, previsão de novas intervenções no aeromóvel, e a prefeitura não se posiciona sobre a possibilidade de colocar abaixo a estrutura. As obras na praça tiveram custo de R$ 1,8 milhão.
Hoje, a obra recebe uma série de intervenções artísticas em sua extensão, principalmente na área mais próxima à Usina do Gasômetro. Como a sombra da maioria das árvores não incide sobre a praça na parte da tarde, é comum ver frequentadores usando a estrutura como uma opção para se proteger do sol.
A retirada dos trilhos divide os frequentadores da área. A dona de casa Silvia Dornelles, por exemplo, afirma que a estrutura "não atrapalha nada" e considera a eventual demolição um desperdício de dinheiro. "Não acho feio, todo mundo já está acostumado. Que coloquem para funcionar, então", argumenta. Ela garante que a Julio Mesquita está "muito melhor" agora que a revitalização do trecho foi concluída, e diz não ver necessidade de novas intervenções.
Por outro lado, há quem concorde com a possível mudança. Idemar Stefanello, que frequenta a praça para usar os equipamentos de exercícios disponíveis no local, acha que a saída do aeromóvel traria "uma visão melhor" da paisagem em torno do lago Guaíba. "É algo que está bastante velho, não vem sendo usado para nada. Acho legal a ideia", diz ele.