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Conjuntura

- Publicada em 29 de Maio de 2017 às 17:23

Mercado reduz ritmo de corte da taxa Selic


FREEPIK/DIVULGAÇÃO/JC
As instituições financeiras consultadas pelo Banco Central (BC) esperam por corte de 1 ponto percentual na taxa básica de juros, a Selic, na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), marcada para hoje e amanhã. A expectativa consta do boletim Focus, uma publicação elaborada todas as semanas pelo BC, com projeções para os principais indicadores econômicos. Atualmente, a Selic está em 11,25% ao ano. Para o fim de 2017 e de 2018, a expectativa do mercado financeiro é que a taxa fique em 8,5% ao ano.
As instituições financeiras consultadas pelo Banco Central (BC) esperam por corte de 1 ponto percentual na taxa básica de juros, a Selic, na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), marcada para hoje e amanhã. A expectativa consta do boletim Focus, uma publicação elaborada todas as semanas pelo BC, com projeções para os principais indicadores econômicos. Atualmente, a Selic está em 11,25% ao ano. Para o fim de 2017 e de 2018, a expectativa do mercado financeiro é que a taxa fique em 8,5% ao ano.
O BTG Pactual também reduziu de 1,25 ponto percentual para 1 ponto percentual sua expectativa ao corte da taxa básica de juros. Em relatório assinado pelo economista-chefe da instituição, Eduardo Loyo, o BTG cita o noticiário político das últimas semanas, quando a delação da JBS colocou em risco o mandato do presidente Michel Temer (PMDB) e o futuro das reformas. A evolução dos fatos na política complicou seriamente o cenário macroeconômico, em especial a perspectiva sobre a política monetária, conforme a análise do BTG.
Para o BTG, um corte de 1,25 ponto percentual numa única reunião, o que seria um marco na história do Copom, tornaria mais difícil para o colegiado mostrar ao mercado que tem uma postura de cautela em suas decisões. Por outro lado, uma decisão mais conservadora, com corte de 0,75 ponto, ao invés do 1,25 ponto esperado anteriormente, iria longe demais ao reforçar o aperto nas condições monetárias.
Embora tenha revisto a previsão sobre a decisão do Copom, o banco manteve a projeção que indica a Selic em 8,25% no fim do ciclo de afrouxamento monetário, previsto para outubro. A justificativa é que, antes mesmo de a crise política estourar, a estimativa era mais conservadora do que as das demais casas.
Conforme as previsões do banco, o ritmo de cortes na Selic deve cair para 0,75 ponto percentual nas reuniões do Copom em julho e setembro, seguido por um último corte de 0,5 ponto em outubro.
Na sexta-feira, o Itaú Unibanco já havia alterado sua projeção para a taxa Selic de corte de 1,25 para 1 ponto percentual na reunião do Copom. A instituição modificou igualmente a expectativa para o nível dos juros no fim deste ano de 7,50% para 8,0%.
Em relatório, o economista-chefe Mario Mesquita cita que, por causa do expressivo aumento da incerteza quanto à aprovação das reformas, espera declínio dos juros para 10,25% neste encontro, a despeito do ambiente favorável para inflação, expectativas ancoradas e atividade fraca.
"A decisão do comitê está sujeita a novos acontecimentos no âmbito político, que afetam preços de ativos e a trajetória prospectiva da inflação. Em particular, se até a data da reunião observarmos novos eventos que piorem a perspectiva de aprovação de reformas e elevem os prêmios de risco sobre ativos brasileiros, não se pode descartar uma redução moderada do ritmo de corte de juros, embora este não seja nosso cenário base", explica. Na avaliação do banco, o nível da taxa Selic ao final do ciclo de corte de juros dependerá crucialmente da evolução da atual situação política e do impacto nas perspectivas de aprovação das reformas econômicas.
A Selic é um dos instrumentos usados para influenciar a atividade econômica e a inflação. Quando o Copom aumenta a Selic, a meta é conter a demanda aquecida, e isso gera reflexos nos preços porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. Já quando o Copom diminui os juros básicos, a tendência é que o crédito fique mais barato, com incentivo à produção e ao consumo, reduzindo o controle sobre a inflação.

Após 11 semanas em queda, projeção para inflação sobe

Após 11 semanas de queda, a projeção para a inflação em 2017 registrou leve alta, segundo o Boletim Focus, que reúne as principais estimativas do mercado financeiro. A taxa esperada agora é de 3,95%, ante 3,92% na semana anterior. Para 2018, a projeção passou de 4,34% para 4,40% na última semana.
Na prática, as projeções de mercado indicam que a expectativa é a de que a inflação fique abaixo do centro da meta, de 4,5%, em 2017 e 2018. A margem de tolerância para estes anos é de 1,5 ponto percentual (inflação entre 3% e 6%).
Na semana passada, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que o IPCA-15 - considerado uma espécie de prévia da inflação oficial - encerrou maio com taxa de 0,24%. Este e outros dados serão considerados no encontro do Copom, que ocorre hoje e amanhã, quando o colegiado definirá o novo patamar da Selic (a taxa básica de juros), atualmente em 11,25% ao ano.
Também houve pequeno recuo para as taxas de crescimento da economia brasileira. A estimativa é de que a variação do Produto Interno Bruto (PIB) fique em 0,49% em 2017 ante 0,50% na semana anterior e em 2,48% em 2018 frente a 2,50% na semana anterior.
O cenário para a Selic, a taxa básica de juros da economia, se manteve estável para o fim de 2017 e 2018, de 8,5% ao ano.
O Relatório de Mercado Focus mostrou mudança na projeção para os preços administrados neste ano. A mediana das previsões do mercado financeiro para o indicador em 2017 foi de alta de 5,50% para avanço de 5,51%. Para 2018, a mediana permaneceu em 4,70%. Há um mês, o mercado projetava aumento de 5,50% para os preços administrados em 2017 e elevação de 4,71% em 2018.
Na ata do último encontro do Copom, divulgada em abril, os diretores do Banco Central afirmaram que os indicadores permanecem compatíveis com a estabilização da atividade econômica ao longo de 2017. Nas últimas semanas, no entanto, as notícias sobre a delação da JBS, que atingem o governo Michel Temer, elevaram o risco. Na visão de alguns analistas, a crise política pode prejudicar a recuperação da atividade.
O Relatório Focus mostrou que a cotação da moeda americana estará em R$ 3,25 no encerramento de 2017. No caso de 2018, a projeção para o câmbio no fim do ano foi de R$ 3,36 para R$ 3,37.
Focus

Crise política coloca em risco melhora de índices de confiança

A incerteza que paira sobre a economia deve minar os índices de confiança de empresários e do consumidor, que apesar de ainda se situarem em níveis históricos baixos, engrenaram uma trajetória de crescimento este ano. De acordo com as sondagens realizadas pela Fundação Getulio Vargas, indicadores de confiança da indústria, serviços, comércio, construção e do consumidor tinham, depois de um longo período de queda, voltado a patamares registrados entre 2014 e o início de 2015, anteriores ao aprofundamento da recessão econômica. Se altos, os índices de confiança revelam uma maior propensão de os consumidores irem às compras e de as empresas investirem.
"Em junho, devemos ver um baque nesses índices, que serão calibrados para baixo, reflexo da delação envolvendo o presidente Michel Temer. Mas se isso será momentâneo ou vai reverter essas trajetórias de melhora, dependerá do tempo que levará para esse imbróglio se resolver", analisa o superintendente de Estatísticas Públicas do FGV/IBRE, Aloisio Campelo Junior.
Segundo o economista, este ano estes índices já haviam recuperado mais de 50% das perdas ocorridas durante a crise, com destaque para a indústria, cujo índice de confiança atingiu 91 pontos em abril deste ano, o melhor resultado desde maio de 2014, período anterior à crise.
Campelo Junior relembra que os índices, que foram abalados pela recessão, em 2015, começaram a parar de piorar na virada para 2016 e melhorar a partir de setembro do ano passado, principalmente por conta de uma visão mais positiva do futuro.
"Começou-se a criar expectativa de que a produção pararia de cair, que os quadros de pessoal se estabilizariam por conta da condução da economia, que demonstrava que conseguiria amarrar medidas que fariam a atividade ter uma melhora rápida. Mas o fim do ano chegou e essa melhora não se concretizou, o que fez com que os índices voltassem a cair. Foram espasmos de otimismo, mas os agentes econômicos caíram na real que a retomada seria mais demorada. No início desse ano, no entanto, as perspectivas de PIB positivo para o primeiro trimestre e o andamento das reformas voltaram a fazer os índices crescerem, não ficando mais tão descolados da realidade. A percepção atual melhorou. Então, não tinha mais só a ver com otimismo com o futuro, mas percepção de que o presente melhorou", explica o superintendente da FGV.