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Empreendedorismo

- Publicada em 01 de Maio de 2017 às 21:41

Food trucks passam por teste de sobrevivência

Carvalho se desfez de veículo e diversificou oferta com lanche texano

Carvalho se desfez de veículo e diversificou oferta com lanche texano


MARIANA CARLESSO/MARIANA CARLESSO/JC
O casal Aline Nogueira e Marcelo Costa dos Santos era dono de um bar e café, em Capão da Canoa, no início de 2016. Com a debandada geral dos gaúchos da praia no inverno, o movimento diminuiu, e ficou difícil manter o ânimo com o negócio. Resolveram então investir R$ 30 mil em um food truck, o Jack Muller Comida de Rua, para vender hambúrgueres em Porto Alegre e no Litoral. "O investimento foi pago, mas resolvemos colocar à venda", conta Aline, 43 anos. A procura foi menor do que eles imaginavam e, agora, estão de volta a um ponto fixo, o Jornalista's Bar, dessa vez na Capital.
O casal Aline Nogueira e Marcelo Costa dos Santos era dono de um bar e café, em Capão da Canoa, no início de 2016. Com a debandada geral dos gaúchos da praia no inverno, o movimento diminuiu, e ficou difícil manter o ânimo com o negócio. Resolveram então investir R$ 30 mil em um food truck, o Jack Muller Comida de Rua, para vender hambúrgueres em Porto Alegre e no Litoral. "O investimento foi pago, mas resolvemos colocar à venda", conta Aline, 43 anos. A procura foi menor do que eles imaginavam e, agora, estão de volta a um ponto fixo, o Jornalista's Bar, dessa vez na Capital.
A história ilustra bem o cenário atual dos food trucks em Porto Alegre. O modelo de negócio importado dos Estados Unidos, onde empresários do setor de alimentação há anos deixam restaurantes para ir atrás do público nas ruas, com comida de qualidade e sem custos de aluguel, passa por um teste de fogo com o menor movimento em eventos e vendas na cidade. "Acabou a febre", sentencia o presidente da Associação Porto-alegrense de Food Trucks (Apoaft), Orlando Carvalho.
Há cerca de quatro anos, Carvalho foi convidado por um amigo para oferecer pizzas - ele vendia o produto congelado na época - em um campeonato de skate old school em Viamão. O problema é que o lugar não tinha estrutura para elaborar as pizzas na hora, e o jeito foi improvisar, fazendo hambúrgueres em um tonel. "Foi um sucesso, tive que ir três vezes no mercado comprar mais carne para atender todo mundo", diz. Foi essa experiência que o convenceu de vez a trabalhar sem estar preso a um local fixo e esperar que o cliente apareça, inaugurando o food truck Espírito Radical no verão de 2015, ao lado de um sócio. O hambúrguer era o carro-chefe da empresa.
As filas "de uma hora e meia" para comprar o produto empolgaram o empresário, um dos primeiros a abrir food truck em Porto Alegre, e o fizeram comprar outro veículo, para atender mais de um evento ao mesmo tempo. Só que nessa época outras pessoas também ficaram encantadas pelo negócio e resolveram apostar na ideia, saturando o mercado, que ainda teve o consumidor impactado pela crise econômica.
Enquanto antes a Espírito Radical vendia 400 hambúrgueres por dia, agora não passa de 200 em um bom evento e 50 em um ruim, o que obrigou Carvalho a se desfazer de um truck. Há um ano e meio o empresário diversificou a oferta com o churrasco texano, lançando o nome de Texas Fumaçaria ao lado dos adesivos da Espírito Radical no veículo.
A Apoaft calcula que 80 food trucks operam hoje em Porto Alegre e região. Já a Secretaria de Desenvolvimento Econômico de Porto Alegre informa que 37 negócios do tipo deram entrada em pedidos de alvarás em dezembro do ano passado.
A história dos food trucks no Brasil se assemelha a de outros produtos, como paletas mexicanas, clubes de assinatura e temakerias. Para o coordenador acadêmico de MBA em Empreendedorismo da FGV, Marcus Quintella, esse modelo de negócio está se adaptando à nova realidade, que provavelmente estará restrita a eventos. "Tudo que cresce de maneira astronômica deve ser analisado como modismo. Ou você é um dos primeiros a lançar, ou deve se preparar para ganhar dinheiro rápido e ao declínio do negócio", afirma. Já a coordenadora do Centro de Desenvolvimento de Empreendedorismo da ESPM-SP, Letícia Menegon, acredita que lanchonetes parecidas com trailers que operam há décadas em cidades do interior indicam que existe a capacidade de o modelo ficar. "O food truck não é um modismo, mas não há espaço para tantos. Só sobrevive quem consegue entender o funcionamento desse tipo de negócio", defende ela.

Mercado exige muito fisicamente, conta empresária que deixou setor

Eventos atraem público para os negócios com comida ao ar livre

Eventos atraem público para os negócios com comida ao ar livre


CLAITON DORNELLES/JC
Com quase três anos de atuação, a chef Aline Bavaresco e a irmã administradora do negócio, Jeanny Bavaresco, estão saindo do mercado. Elas são proprietárias do Delicafé Truck, que vende doces, lanches e cafés em parques, ruas e eventos da cidade. Mas o principal motivo não foi financeiro, embora Jeanny reconheça que a procura já não é mais a mesma. "É um mercado que exige muito fisicamente, estamos um pouco cansadas dessa rotina", justifica.
Ela conta que investiram em uma estrutura "muito grande, não condizente com a realidade de hoje", que envolvia uma cozinha de produção alugada onde realizavam o pré-preparo dos alimentos. Jeanny acredita que o Delicafé Truck conseguiu se manter bem no mercado por conta do marketing e por entenderem o setor em que atuam desde 2014. "Não é qualquer evento que vale a pena, nós sabíamos bem quais os horários que funcionavam mais, conseguimos boas parcerias." As irmãs cogitam vender uma franquia da marca, não apenas o veículo. Avaliam ainda a possibilidade de um ponto fixo ou trabalhar os produtos sob demanda.

Chef aposta no sucesso do primeiro yakisoba da cidade

Gino Conte realiza o sonho de 
ser o dono do próprio negócio

Gino Conte realiza o sonho de ser o dono do próprio negócio


MARCO QUINTANA /JC
O cenário aparente de baixa não intimidou o chef Gino Conte e a esposa, Carmen Reis, que lançaram em março o food truck Itamae Yakisoba. "É o primeiro yakisoba de Porto Alegre, então não tem muita concorrência, não é que nem hambúrguer e pizza", afirma o empresário, que trabalha há 19 anos com a culinária japonesa, antes em restaurantes e montando ilhas de sushi para aniversários e festas em geral. A aposta é atrair público com a ideia de um "legítimo yakisoba", certificado pelo Instituto Internacional de Culinária do Japão.
O investimento do casal foi de R$ 160 mil em um veículo novo. Eles compraram o chassi, mandaram fazer o baú e adesivaram o food truck. Conte afirma que frequenta eventos todo fim de semana. As vendas, segundo ele, ainda não são boas, mas a aceitação do público vem motivando.
Para Conte, a baixa na procura pelos food trucks se deve principalmente à "perda da essência" do negócio, que seria trazer "chefs renomados de restaurantes para a rua, para as pessoas não terem muito gasto". Também afirma estar feliz com a empresa. "Estou realizando um sonho, fazendo o que eu gosto, um yakisoba tradicional, legítimo do Japão. Trabalhei a vida inteira em restaurante, hoje sou dono do meu próprio negócio."