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Teatro

- Publicada em 01 de Junho de 2017 às 21:57

Um espetáculo mega por uma companhia mini

Neste fim de semana, Porto Alegre recebe pequena temporada da peça infantil Tem gato na tuba. Não tenho mais escrito sobre teatro infantil, de modo geral, mas quebro este silêncio porque Nora Prado e este espetáculo merecem. Melhor, o público infantil merece assistir a este trabalho, e os adultos, que normalmente são aqueles que programam este tipo de atividade das crianças, devem propiciar esta experiência para os seus pequenos, porque certamente eles também vão gostar.
Neste fim de semana, Porto Alegre recebe pequena temporada da peça infantil Tem gato na tuba. Não tenho mais escrito sobre teatro infantil, de modo geral, mas quebro este silêncio porque Nora Prado e este espetáculo merecem. Melhor, o público infantil merece assistir a este trabalho, e os adultos, que normalmente são aqueles que programam este tipo de atividade das crianças, devem propiciar esta experiência para os seus pequenos, porque certamente eles também vão gostar.
Para quem não lembra, Nora Prado é filha do escultor Vasco Prado e da gravurista e pintora Zorávia Bettiol. Ela atuou durante muito tempo como atriz, em Porto Alegre, integrando diferentes grupos, e depois migrou para São Paulo, de onde retorna agora, para rápida visita, com este espetáculo. Assisti-o há poucos dias, no espaço de música do Multipalco, e por isso interrompo a série de colunas sobre o Palco Giratório.
Tem gato na tuba é tão simples quanto eficiente. É tão inteligente quanto sensível. A ideia central é relembrar/recuperar as adaptações criadas por Braguinha (Carlos Alberto Ferreira Braga), aí pelos anos 1960, para as tradicionais histórias infantis, com forte dose de identidade brasileira. Estas histórias eram gravadas em coloridos disquinhos que a gente ouvia, encantado. No meu caso, era meu filho quem as ouvia, mas era eu quem os comprava. Confesso que foi com alguma emoção que reencontrei as três narrativas reunidas neste espetáculo, Dona Baratinha - aquela que quer casar, mas é muito exigente em relação ao noivo; a história de Chapeuzinho vermelho; e, enfim, a mais brasileira delas, do nosso folclore, O sapo e a festa no céu.
As narrativas adaptadas de Braguinha são poéticas, engraçadas e muito visuais, facilitando à criança imaginar aquilo que ouve (no caso do disquinho). Na transposição para o teatro, Nora Prado e o ator Gabriel Guimard conseguiram fazer uma recriação muito simples, com poucos adereços, mas cuja comunicabilidade é surpreendente, justamente por causa desta simplicidade. De modo geral, os adereços são postos ou trocados às vistas do público, e os atores/personagens são também narradores, explicando o que vai acontecendo.
É provável - já não arrisco mais afirmar - que a maior parte das crianças conheça cada história. No caso do casamento de Dona Baratinha, as desventuras do Raro glutão se tornam engraçadas e evitam, assim, qualquer perspectiva maniqueísta. No caso de Chapeuzinho Vermelho, há uma certa renovação na narrativa, encurtando alguns passos e tornando o lobo até certo ponto simpático, ainda que ele continue sendo o bandido da história e deva pagar por seus malfeitos. Mas é, realmente, na narrativa da festa no céu a que o sapo quer ir, sem ser "ave que voa", que o espetáculo atinge seu melhor momento. Braguinha, como autor/compositor, foi muito feliz ao apresentar a cena, que é trágica, mas desenvolvida com humor: o sapo, caindo do céu, vai se esborrachar sobre uma pedra. Então entoa o verso "te afasta, pedra/se não me esborracho", em refrão que se repete três vezes até que, evidentemente, o sapo realmente se esborracha ao cair sobre a pedra. A visualidade desta passagem é das coisas que mais guardo na memória destes disquinhos, e que reencontrei agora nesta encenação.
A destacar os figurinos e adereços, sobretudo as máscaras criadas pelos artistas do grupo que nos visita. Muito bem-feitos, desenvolvidos com sensibilidade, de modo a representar os animais interpretados, sem falsidades. Por isso mesmo, o trabalho da Cia. Megamini merece ser valorizado. Mostra que, para fazer bem-feito um espetáculo para crianças, precisa-se ter respeito por elas. Não precisa de muito investimento, a não ser, é claro, na criatividade. Tem gato na tuba, por isso mesmo, merece ser visto, com todo o carinho. Tenho certeza que a gurizada vai gostar.
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