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- Publicada em 01 de Junho de 2017 às 21:57

Suspense psicológico e sedutor

Em águas sombrias (Editora Record, 362 páginas, tradução de Claudia Costa Guimarães) é o novo romance de alto suspense psicológico de Paula Hawkins, nascida no Zimbábue em 1972. Em 2015, a Record lançou no Brasil seu aclamado romance A garota do trem, fenômeno global com 20 milhões de exemplares vendidos e que foi filmado com sucesso em 2016. Emily Blunt, Rebecca Ferguson e Haley Bennett estrelaram a película.
Em águas sombrias (Editora Record, 362 páginas, tradução de Claudia Costa Guimarães) é o novo romance de alto suspense psicológico de Paula Hawkins, nascida no Zimbábue em 1972. Em 2015, a Record lançou no Brasil seu aclamado romance A garota do trem, fenômeno global com 20 milhões de exemplares vendidos e que foi filmado com sucesso em 2016. Emily Blunt, Rebecca Ferguson e Haley Bennett estrelaram a película.
O livro Em águas sombrias teve seus direitos de adaptação cinematográfica adquiridos pela DreamWorks Pictures e consolida a autora na área dos thrillers psicológicos, de muita aceitação pelos leitores e espectadores das telonas.
A narrativa se inicia, com sua verdade escorregadia, em 2015, e de cara vai envolvendo o leitor com a história da mãe solteira que aparece morta no rio que atravessa a cidade. Pouco tempo depois, uma adolescente vulnerável tem o mesmo destino. Não são as primeiras mulheres perdidas para estas águas escuras, e suas mortes causam uma perturbação no rio e em sua história, dragando dele segredos há muito submersos. A autora alterna no texto a primeira e a terceira pessoas, dependendo do relato das personagens. Bem e mal, verdade e mentira e outros aspectos mostram como Paula lida com a complexidade dos humanos. Ao leitor, não é dado um norte e os quadros narrativos são instáveis, turvos.
"É preciso ter cuidado com as superfícies muito calmas, pois nunca se sabe o que pode haver embaixo delas", está dito na apresentação do livro. É bem por aí. Nos dias que antecederam sua morte, Nel ligou para a irmã, mas Jules, como sempre, não atendeu seu telefonema. Jules foi obrigada a voltar ao único lugar do qual achou que havia escapado para sempre. Jules está com medo, com um medo visceral. Medo do passado há muito enterrado na Casa do Moinho, da certeza que Nel jamais teria se jogado para a morte. Nel teve sempre uma relação frágil com a irmã e Jules a evitava.
Acima de tudo, Nel está com medo do rio e especialmente do trecho que todos chamam de "O Poço dos Afogamentos". Este romance tem a mesma escrita frenética e a mesma caracterização precisa dos instintos humanos que a narrativa de A garota no trem. Com um ritmo eletrizante, capítulos curtos e narrativa sedutora, Paula Hawkins vai superando as expectativas sobre histórias que contamos de nosso passado e sobre o poder que elas têm de destruir nosso presente.
Ao final, os leitores vão gostar desta história que mostra pessoas tentando se reconciliar com traumas e acontecimentos do passado e buscando redenção.

lançamentos

  • Empreendedorismo feminino - Mulheres de alto impacto (Editora Gregory, 210 páginas), coordenado por Regina Gregório, traz relatos de mulheres que construíram negócios, atingiram objetivos e partilham lições. Apresentações de Débora dos Santos e Luiza Helena Trajano - CEO do Magazine Luiza.
  • Todas as emoções deste mundo (Artes e Ofícios, 224 páginas), da turismóloga, administradora e internacionalista Antonella Guimarães Satyro, traz belas crônicas sobre viagens e experiências. A autora conhece 60 países e acha que viajar é abrir uma porta transcendental de possibilidades para a vida.
  • As leis do acaso - Como a probabilidade pode nos ajudar a compreender a incerteza (Zahar, 304 páginas), do professor e escritor de ciência britânico Robert Matthews, ajuda a entender o acaso e saber quando uma série de eventos é significativa e não mera coincidência.

Plano Real, o filme e a real

Infelizmente, nosso Brasil quase não tem grandes fatos históricos para comemorar e nossa história é carente de pais da pátria, heróis ou personagens que permaneçam no imaginário popular e sirvam de bons exemplos e inspirações. Não cito aqui nomes para não cometer injustiças e por que não é o momento. No campo dos esportes, das artes, da cultura, e até na ciência, temos algumas celebridades que nacional e internacionalmente nos orgulham. Aqui, de novo, não cito nomes, porque provavelmente esqueceria de alguns.
Está em cartaz o filme Real - o plano por trás da História, baseado no livro 3000 dias no bunker, do jornalista Guilherme Fiuza, dirigido por Rodrigo Bittencourt e com coprodução da Maristela Filmes. O thriller político narra como uma seleta equipe econômica, liderada por Fernando Henrique Cardoso na década de 1990, se fechou em um "bunker" para reformar o Estado, vencer a hiperinflação e criar a nova moeda. Há vários livros sobre o Plano Real, o principal e considerado definitivo é o da jornalista Miriam Leitão (Saga Brasileira - A longa luta de um povo por sua moeda, da Editora Record).
O filme é protagonizado por Gustavo Franco, a "espinha dorsal" da equipe, interpretado por Emílio Orciollo Neto, o mais jovem do grupo, que tinha Pedro Malan, Edmar Bacha, Pérsio Arida, André Lara Resende, Clóvis Carvalho e Winston Fritsch. Benvindo Siqueira interpreta Itamar Franco e Norival Rizzo, Fernando Henrique Cardoso.
A narrativa comporta várias leituras. A favor, contra ou mais ou menos, o que a valoriza. O mais importante, a meu ver, é que a obra conta sobre, talvez, o fato mais importante da história brasileira. Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso mereciam mais espaço e protagonismo no filme e, especialmente Itamar, um presidente que podia ser provinciano, de temperamento agitado, mas que ficou na história da República sem marcas de corrupção. Na livraria do aeroporto de Brasília há livros sobre os últimos presidentes, com críticas e acusações. Sobre Itamar Franco não pairam suspeitas de irregularidades e ele ficou com seu nome gravado na história por ter determinado a elaboração do Plano Real. Não é pouco.
O filme sobre o plano deveria ter enfatizado o papel da sociedade brasileira, do povo brasileiro, que teve papel importantíssimo antes, durante e depois das reformas que até hoje deixaram boas marcas. A existência de nossas moedas de cinco, dez, vinte e cinco, cinquenta centavos e um real mostra valorização de nossa moeda que, hoje, como se sabe, passa por problemas, diante de crises econômica, ética e política.
Os mais velhos se lembram de uma taxa de inflação que chegou aos terríveis e galopantes 46,58% em junho de 1994, época em que havia muito mais mês do que salário e que as maquininhas de remarcar dos supermercados infernizavam a vida dos sofridos brasileiros.

a propósito...

O filme sobre o Plano Real, no momento complicadíssimo que vivemos no Brasil, serve, além de ilustração, de esperança e inspiração para nós. Mostra como, mesmo com as inevitáveis falhas humanas e complicações da economia e da política, um presidente obstinado, um ministro da fazenda experiente e uma equipe econômica graduada podem ajudar o País, contando, é claro, com a indispensável e importante participação popular. É claro que o filme não é isento de críticas, obra humana que é. O bom é saber como o plano foi elaborado e que funcionou, com a participação popular. Que venham outros fatos históricos como este.