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Conjuntura

- Publicada em 23 de Abril de 2017 às 22:25

Retomada econômica será modesta, mas gradual

Em torno de 100 empresários participaram do encontro promovido pelo Simecs, no auditório da CIC de Caxias do Sul

Em torno de 100 empresários participaram do encontro promovido pelo Simecs, no auditório da CIC de Caxias do Sul


JULIO SOARES/FOTOBJETIVA/DIVULGAÇÃO/JC
"O ano não será aquela maravilha, mas o cenário é melhor do que o anterior." A frase de Constantin Jancsó, do Departamento de Economia e Pesquisas do Bradesco, resumiu a visão unânime exposta pelos palestrantes de seminário promovido pelo Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico (Simecs) de Caxias do Sul, para avaliar a situação atual e as perspectivas econômicas para 2017.
"O ano não será aquela maravilha, mas o cenário é melhor do que o anterior." A frase de Constantin Jancsó, do Departamento de Economia e Pesquisas do Bradesco, resumiu a visão unânime exposta pelos palestrantes de seminário promovido pelo Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico (Simecs) de Caxias do Sul, para avaliar a situação atual e as perspectivas econômicas para 2017.
O economista registrou que o agronegócio terá papel preponderante na economia deste ano, contribuindo com meio ponto na composição do PIB, estimado pela instituição financeira em 0,3%. Os demais segmentos deverão continuar com desempenhos negativos. Já o aumento no desemprego poderá chegar a 13,5 milhões de pessoas no final do ano. "As empresas ainda estão na fase de ajustes. Com a retomada, pretendem fazer mais com menos. A contratação está vinculada a reação das margens", argumentou, projetando o cenário para o início de 2018, ano que deverá registrar a criação de 150 mil postos de trabalho. É esperado, para este ano, incremento de 1,5% na massa salarial, depois da queda de 4,2% no ano passado.
Jancsó também destacou a importância da redução da taxa Selic, acreditando ser possível chegar a 8,5% no final do ano. Com a inflação em queda, estimada pelo Bradesco em 3,9% para 2017, o economista afirma haver espaço gigante para uma taxa de juros menor. Segundo ele, a aceleração no corte dos juros foi determinante na melhora da confiança do industrial. Já o consumidor continua desconfiado, pois vê a situação atual ainda parada. "Mas crê que o futuro será melhor", citou. Em relação ao câmbio, Jancsó  estima valor entre R$ 3,10 e R$ 3,25 para o final do ano. Ainda registrou que a agenda de reformas proposta pelo governo federal é condicionante importante para que o cenário de melhoras se consolide.

Fabricantes projetam leve recuperação de vendas internas ao longo do ano

Após consolidar, em 2016, os piores números de vendas internas em 40 anos, as fabricantes de carrocerias de ônibus projetam leve recuperação de 2%, para 10.030 unidades. As exportações, em expansão nos últimos anos, deverão ter alta de 8%, com embarques de 4.575 ônibus. Em decorrência, a produção estimada é de 14.605 carrocerias, elevação de 3,5%. Paulo Corso, diretor comercial e de marketing da Marcopolo, de Caxias do Sul, destaca que as empresas estão se preparando para uma retomada mais forte em 2018.
Também vice-presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Ônibus, Corso afirmou que os países pobres continuarão sendo potenciais mercados para o setor. Citou, como exemplos, o Brasil, demais países da América Latina, nações africanas e o Oriente Médio. Mas indicou que são necessárias adequações nos custos e nos processos de todas as áreas das empresas para que se tornem competitivas.
O diretor assinalou que o primeiro trimestre tem sido positivo para a Marcopolo, que vendeu 700 unidades de ônibus rodoviários, número que quase se iguala aos 880 de todo o ano passado. "Foi um período alentador, mas não temos a garantia de que se manterá nos próximos meses. Temos, no entanto, esperança de mudanças." Os fabricantes de tratores agrícolas contabilizaram, no primeiro trimestre, alta de 50% nas vendas, totalizando perto de 8 mil unidades, condição que permite ao setor projetar, para o ano, incremento de 18%, algo na casa de 42,5 mil veículos. De acordo com Edson Martins, diretor comercial da Agrale, de Caxias do Sul, a montadora previa, inicialmente, incremento de 15%, mas está revisando o desempenho para cima.
Dentre os motivos para o incremento, o executivo cita a estimativa de safra recorde de grãos, na casa de 227,1 milhões de toneladas, aumento de 21% sobre a anterior, que foi prejudicada pelas condições climáticas, e a expansão de 3,3% da área de cultivo, para 60,2 milhões de hectares.
Produzir volumes de 20 anos atrás, a custos atuais, e vender a preços de quatro anos foi o cenário exposto para análise pelo diretor da Divisão Montadoras das Empresas Randon, de Caxias do Sul, Alexandre Gazzi. Segundo ele, para sobreviver a este quadro, é preciso fazer ajustes pesados, desmobilizar, segurar investimentos e focar no caixa, visando reorganizar a empresa para este novo momento e modelo de negócio. "A concorrência será cada vez mais acirrada. Muitos não irão sobreviver e sobrará espaço para ser ocupado", ressaltou.
Gazzi entende que o Brasil não voltará mais a ter picos de vendas internas de 190 mil caminhões e 75 mil veículos rebocados. Mas também não será um mercado, como o de 2016, de 67 mil caminhões e 30 mil veículos rebocados. "Vamos ter de nos ajustar a valores intermediários, o que se dará no prazo de dois a três anos", indicou.
O executivo alertou para a elevada ociosidade, de 75%, na indústria de ônibus e caminhões, e de até 25% na frota de veículos para o transporte de cargas e passageiros, índices que tendem a melhorar com a expansão do agronegócio. No entanto, as restrições financeiras inibem a capacidade de investimento dos clientes. Lembrou que, no passado, o setor se fartou do crédito subsidiado e investiu pesado acreditando no crescimento. "Mas era algo artificial. Foi uma dose de esteroide sem igual", comentou. Segundo ele, o setor depende do Finame, responsável por 62% das compras de veículos de transporte. Da mesma forma, manifestou preocupação com a confiança do consumidor, que não se anima e deixa de comprar. Os fatores positivos para a retomada são a baixa dos juros, a queda da inflação e a expectativa de expansão do agronegócio.
 

Combate à corrupção é arma para crescer, diz FMI

O combate à corrupção é importante para o crescimento latino-americano, disse o economista Alejandro Werner, ao apresentar as perspectivas da América Latina e do Caribe para este ano e para o próximo durante o encontro anual de primavera (no Hemisfério Norte) do Fundo Monetário Internacional (FMI), realizado neste fim de semana. Os casos do Brasil e do Peru exemplificam, segundo ele, os efeitos macroeconômicos desse tipo de crime. Werner dirige o Departamento de Hemisfério Ocidental do FMI.
A economia da região deve crescer 1,1% neste ano e 2% em 2018, segundo as novas projeções. Os números são pouco menores que os da estimativa anterior, divulgados em janeiro, 1,2% e 2,1%. Para o médio prazo projeta-se uma expansão, classificada como modesta, de 2,6%.
O Brasil deve crescer menos que maior parte dos latino-americanos. As estimativas indicam 0,2% em 2017 e 1,7% em 2018, depois de uma contração de cerca 8% entre 2014 e 2016. O relatório apresentado por Werner menciona, entre os novos fatores positivos, a safra recorde de grãos, o estímulo ao consumo proporcionado pela liberação das contas inativas do FGTS, os preços mais altos do minério de ferro e o recuo da inflação maior que o esperado.
O texto ainda cita como novidade positiva a criação do teto para o gasto federal, mas aponta como "imperativa" a reforma da Previdência, tanto para garantir um ajuste sustentável das contas públicas quanto para assegurar a aposentadoria das gerações futuras. Embora o Brasil tenha sido citado por Werner, no fim dos comentários, como um dos países severamente prejudicados pela corrupção, essa palavra nenhuma vez aparece no longo parágrafo dedicado, no texto, à economia brasileira. A palavra surge duas vezes, em outras passagens, em como fator de insegurança em alguns países.
Além disso, no parágrafo sobre o Peru outra palavra é usada para designar a bandalheira e seus efeitos. Eventos internos "derivados da investigação de subornos relacionados com a brasileira Odebrecht" podem prejudicar em 2017 o investimento na economia peruana e sua expansão, segundo o texto. Têm sido frequentes as menções à Odebrecht em discussões sobre corrupção em países latino-americanos. Seu nome foi citado várias vezes, no começo de abril, no Fórum Econômico Mundial sobre a América Latina.
Programas de ajuste fiscal têm sido aplicados em vários países da região e isso ajudou a enfrentar sem maiores desarranjos a fase de preços baixos dos produtos básicos exportados. Para alcançar crescimento superior a 2,6% estimados para o médio prazo, o FMI recomenda programas para eliminar gargalos da infraestrutura, educação de maior qualidade, melhora do clima de negócios e atenção à governança.

Faturamento segue em queda

A indústria metalúrgica de Caxias do Sul consolidou faturamento de R$ 2,6 bilhões no primeiro trimestre do ano, em queda de 8% sobre igual período de 2016. No acumulado de 12 meses, as perdas totalizam 17,5%. O setor automotivo tem recuos de 15% no trimestre e de 19% em 12 meses. Mas apresentou forte reação em março, de 30,5%, em relação a fevereiro último. Contribuiu, assim, para a alta do setor em 24% na mesma comparação. No trimestre, houve avanços de 2,73% na atividade eletroeletrônica e de 14,5% na metalmecânica. No acumulado de 12 meses, ambas têm variações negativas: 24% e 5%, respectivamente.
De acordo com o presidente do Simecs, Reomar Slaviero, a indústria ainda fará ajustes no quadro de funcionários ao longo do ano, determinando mais demissões. Projeta que a reversão do quadro somente se dará a partir de 2018. No ano passado, o setor fechou 3,7 mil postos de trabalho. De março de 2014 a igual mês deste ano, são 17 mil vagas encerradas.