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Sistema Financeiro

- Publicada em 03 de Abril de 2017 às 18:17

Bancos têm exposição de R$ 49,8 bilhões aos desequilíbrios de RS, RJ, MG e GO

Segundo Anthero Meirelles, já houve desalavancagem das famílias

Segundo Anthero Meirelles, já houve desalavancagem das famílias


ABR/JC
O diretor de Fiscalização do Banco Central (BC), Anthero Meirelles, avaliou ontem que a exposição do Sistema Financeiro Nacional (SFN) aos desequilíbrios fiscais de Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Goiás em caso de default desses governos chega a R$ 49,8 bilhões, o que levaria a uma necessidade de capital de R$ 9,5 bilhões aos bancos, considerada baixa pelo BC.
O diretor de Fiscalização do Banco Central (BC), Anthero Meirelles, avaliou ontem que a exposição do Sistema Financeiro Nacional (SFN) aos desequilíbrios fiscais de Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Goiás em caso de default desses governos chega a R$ 49,8 bilhões, o que levaria a uma necessidade de capital de R$ 9,5 bilhões aos bancos, considerada baixa pelo BC.
Os cálculos foram feitos a partir da classificação de risco feita pelo Tesouro Nacional para estados e municípios, e considerou seus servidores e as empresas públicas, além das suas principais cadeias de fornecedores e respectivos funcionários. As contas do BC excluíram os débitos que têm garantias da União, porque são valores recuperáveis.
Adicionando os estados de São Paulo, Mato Grosso do Sul, Alagoas, Acre, Santa Catarina e a cidade de Itabuna (BA) ao primeiro grupo - de RJ, MG, RS e GO -, a exposição do SFN aumentaria para R$ 101,6 bilhões, com necessidade de capital de R$ 19,7 bilhões.
E com a adição de Paraíba, Piauí, Rio Grande do Norte, Sergipe e os municípios com nota C a essa simulação, a exposição do SFN chega a R$ 120,7 bilhões, o que demandaria um aporte de capital de R$ 24,3 bilhões. "Esse exercício mostra que, mesmo estressando a situação fiscal desses entes, o sistema financeiro tem condições de absorver e gerenciar eventuais perdas", comentou o diretor.
Meirelles disse também ser provável que os ativos problemáticos de crédito para pessoas físicas já tenham alcançado um pico, e que agora começaria um processo de normalização. Segundo ele a perspectiva de aumento de ativos problemáticos para o SFN se dá, principalmente, pela grandes empresas.
"Já houve uma desalavancagem importante das famílias", afirmou. "À medida que a economia melhorar, a tendência é que os ativos problemáticos de pessoas físicas caiam", completou, ao comentar o Relatório de Estabilidade Financeira (REF) do segundo semestre de 2016.
Segundo ele, o aumento de ativos problemáticos de pequenas e médias empresas também já teria ficado para trás. Já entre as grandes corporações, acrescentou, há ainda impactos de ativos problemáticos de companhias envolvidas na Operação Lava Jato, além da Oi e da Sete Brasil. "Essa perspectiva é muito impactada por eventos específicos", argumentou.
Anthero Meirelles destacou que a distensão monetária, com a queda da Selic, já trará um alívio para o carregamento desses passivos pelas empresas não financeiras. "Na nossa visão, os principais riscos já se materializaram e foram absorvidos pelas provisões adicionais formadas, e nossa expectativa é que isso entre em processo de estabilização, com queda a partir do momento em que a economia se recupere", estimou. "Há uma certa defasagem nesse processo. Ativos problemáticos podem continuar sendo percebidos até uma renegociação adequada", explicou.
 

Concentração cresce e BB, Itaú, Bradesco e Caixa têm quase 80% do crédito

A concentração aumentou e os quatro maiores bancos já têm praticamente 80% do mercado de crédito brasileiro. Dados apresentados ontem pelo Banco Central (BC) mostram que as quatro maiores instituições financeiras - Banco do Brasil (BB), Itaú Unibanco, Bradesco e Caixa Econômica Federal - terminaram dezembro com 78,99% do mercado de crédito. O percentual revela alta ante junho, quando o índice era 76,95%.
A concentração também cresceu nos outros dois temas. Em depósitos, a participação das quatro instituições aumentou de 74,56% para 78,48% no mesmo período. Em total de ativos, a parcela passou de 70,48% para 72,70%.

Índice de Basileia do sistema subiu para 17,2% em dezembro de 2016

O Índice de Basileia do Sistema Financeiro Nacional atingiu 17,2% em dezembro do ano passado, ante uma taxa de 16,5% verificada em junho do mesmo ano, de acordo com o Relatório de Estabilidade Financeira (REF) divulgado ontem pelo Banco Central (BC). No fim de 2015, a taxa estava em 16,3%. O nível mínimo regulatório é de 11%.
O Índice de Basileia é um conceito internacional definido pelo Comitê de Basileia que recomenda uma relação mínima entre o Capital Base (Patrimônio de Referência - PR) e os riscos ponderados. O percentual significa que, para cada R$ 100,00 que um banco empresta, é preciso ter R$ 11,00, levando-se em consideração o nível mínimo regulatório. No caso, ao fim do ano passado, as instituições brasileiras tinham R$ 17,20 para cada
R$ 100,00 emprestados.
Já o Retorno Sobre Patrimônio Líquido (ROE) do sistema bancário voltou a cair no segundo semestre do ano passado, para 11,4% em dezembro, um recuo de 1,7 ponto percentual ante o verificado em junho (13,1%). Em dezembro de 2015, o ROE estava em 15,5%.
De acordo com o BC, a manutenção da trajetória de queda no ROE decorre da redução do lucro líquido de bancos públicos e privados. Mas a autoridade monetária avalia que a rentabilidade das instituições financeiras deve apresentar sinais de estabilização em 2017, graças aos menores custos de captação, à atenuação da trajetória contracionista do crédito e ao controle mais eficiente das despesas administrativas.

Goldfajn defende maior inclusão financeira no País

O presidente do Banco Central (BC), Ilan Goldfajn, defendeu o aumento da inclusão de pessoas ao sistema bancário em evento da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) ontem em São Paulo. Ele defendeu também que este aumento seja acompanhado de maior educação financeira e de uma estrutura de serviços adequada dos bancos.
O dirigente destacou que o BC tem dois objetivos, a estabilidade da moeda, relacionada ao controle da inflação, e a estabilidade financeira. O presidente do BC destacou que o avanço da cidadania financeira é fundamental, e é importante trazer as pessoas para o sistema. Goldfajn destacou que nos últimos 20 anos ocorreu um fluxo de pessoas para o mercado de crédito, por conta da tendência de estabilização macroeconômica e financeira, mas é preciso aprofundar esta inclusão.
Além disso, a entrada das pessoas no sistema precisa ser acompanhada de educação financeira e de estrutura adequada de serviços financeiros ao consumidor, ressaltou o presidente. "Não há como ter sistema financeiro sólido sem educação, inclusão e adequação financeira. A preservação das estabilidades monetária e financeira nacionais passa, obrigatoriamente, pelo avanço da cidadania financeira", disse o presidente do BC. Goldfajn afirmou que o BC lançou em 2016 a agenda "BC ", com o objetivo de dar mais transparência sobre o banco. Um dos pilares da agenda é uma sistema financeiro mais eficiente, outro é uma agenda regulatória mais moderna. Um outro pilar destacado pelo presidente do BC é mais cidadania financeira.
Goldfajn defendeu o fortalecimento das ouvidorias dos bancos, para não só resolver conflitos com os clientes, como também para prevenir problemas.