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- Publicada em 28 de Abril de 2017 às 00:18

Elogio filosófico e literário do sexo

A profundidade dos sexos (É Realizações, 264 páginas, R$ 59,90), do professor de filosofia e literatura Fabrice Hadjadj é, antes e acima de tudo, um elogio filosófico-literário à prática sexual, que encontra seu fundamento em um local onde menos se espera: na teologia cristã.
A profundidade dos sexos (É Realizações, 264 páginas, R$ 59,90), do professor de filosofia e literatura Fabrice Hadjadj é, antes e acima de tudo, um elogio filosófico-literário à prática sexual, que encontra seu fundamento em um local onde menos se espera: na teologia cristã.
Hadjadj colabora com o jornal Figaro Littéraire e dirige o Philantropos, instituto de estudos em Antropologia sediado na Suíça. Casado, pai de seis filhos, de formação judaica e ascendência árabe, nasceu em 1971 na França, filho de revolucionários maoístas. Foi ateu na juventude e depois converteu-se ao catolicismo. Recebeu inúmeros prêmios importantes, como o Grande Prêmio Católico de Literatura e o Espiritualidades de Hoje. Intelectual público, tem protagonizado debates com escritores do porte de Michel Houllebecq, a crítica Catherine Millet e o matemático Laurent Lafforgue.
O tema sexo é dos mais comentados de todos os tempos. Hadjadj lhe reserva um olhar especial, profundo, que recupera e descobre aspectos escondidos, relações inusitadas e comparações surpreendentes. O autor mostra a íntima associação do sexo com o cristianismo ou o catolicismo, desbravando e jogando por terra argumentos moralistas. Ele eleva o sexo a uma espécie de prece, de consagração, mostrando que a religião contém o sexo e este precisa do caminho daquela para chegar ao patamar do sublime.
Com elegância e humor, fala de dignidade do corpo e da beleza do amor, do senso do prazer, do dom e da vida conjugal, sem discursos estereotipados nem fingimentos. Cântico dos Cânticos, Homero, Baudelaire, Sade, Nietzsche, Foucault, Pasolini e Bataille aparecem nos textos, para apoiar a tese de que o sexo está no âmago da salvação do homem. Para o autor, o ato carnal não é essencialmente prazer, mas comunhão de duas pessoas e deve buscar equilíbrio entre prazer e dor.
O que moveu Hadjadj é a convicção de que prazer e significado são mesmo indissociáveis e só podem ser plenamente explorados pela síntese aparentemente paradoxal de uma "mística da carne". E não se trata de uma intromissão da teologia em um assunto em si mesmo mundano: o problema é, precisamente, que o sexo foi tornado etéreo, informe, desprovido de peso propriamente corporal. A cibernética o tornou robótico, virtual. Psicanálise e sociologia transformaram-no em "sexualidade" e algo longe do toque.
Como se vê, mais uma contribuição relevante para o eterno e milenar debate sobre um dos grandes temas da humanidade. De quebra, uma bela crítica do hedonismo, uma busca de entendimento e equilíbrio.

lançamentos

  • Dieta dos Casais (Sextante, 224 páginas), da conhecida nutricionista e proprietária de clínicas Patricia Davidson Haiat, traz um plano completo para emagrecer a dois, com saúde, baseado em princípios da nutrição funcional. No instagram.com/patriciadavidsonhaiat ela tem mais de 300 mil seguidores.
  • Espero por você (Novo Conceito, 382 páginas, tradução de Leonardo Gomes Castilhone) de Jennifer L. Armentrout, traz a jovem Avery fugindo de casa para buscar calma na faculdade, longe de acontecimentos fatídicos. Lá está Cameron, olhos azuis, perigoso, mas que leva Avery a mudar de pensamentos.
  • Contos contemporâneos (AGE Editora, 176 p.) são contos de Alda Paulina Borges, Amauri A Confortin, Clarissa Mazon, Cris Romagna, Fernanda Martins, Ione Russo, Lígia Messina, Luciana Zart, Lucio Feliciare Maria Codorniz, Maria Forneck, Nara Nubia Pereira, Roque Palermo e Sonia Ferreira, da oficina literária de Alcy Cheuiche.

Gaivotas no triplex do Guarujá

Antigamente, as gaivotas viviam tranquilamente entre as areias e as ondas do Guarujá, sem preocupações, comendo, voando, sentindo os dias, as noites, o sol, a chuva e as estrelas passarem naturalmente, aguardando, sem medo, a hora de desencarnar.
Aí então alguns líderes do grupo das gaivotas do Guarujá descobriram que havia um triplex desocupado, à beira-mar, e resolveram dar um voo alto e se instalar no terraço do apartamento. Não sabiam de nada sobre o local e foram permanecendo.
Gaivotas são pacíficas, democratas, simples e não aspiram muito. Para elas, viver, comer, dormir, saber voar e apreciar a natureza bastam. A não ser para o Fernão Capelo Gaivota, do livro célebre do Richard Bach, que resolveu inovar, voar mais alto e diferente e transformar a vida do seu clã. Mas isso é outra história, outra ficção.
As gaivotas do Guarujá sabem, meio por cima, das questões que envolvem o famoso triplex e aguardam, serenamente, que as coisas se decidam. No início, nem se preocupavam com o assunto, depois resolveram acompanhar os fatos e as notícias. Gaivotas não se preocupam com papéis, compras, shoppings, consumo, competição e outras modernidades dos humanos.
Elas simplesmente vivem, voam e sobrevoam, desde nem sabem quando e até quando também não sabem. Não estão preocupadas com fim de mundo, distopias, utopias e outras considerações demasiado humanas para elas.
Mas no mundo as coisas mudam, evoluem. Na vida, na ciência e na arte, a coisa é assim meio tipo infinita, todo mundo sabe. Há quem diga que o bando de gaivotas do Guarujá está usando redes sociais e se comunicando com gaivotas de todo o País e até do exterior para uma realizar uma grande assembleia à beira-mar e pensar na realização de ações com vistas às reformas e mudanças necessárias.
Disseram que algumas gaivotas pensam em escolher novos líderes, se envolver com a realidade, dar uma renovada em velhos hábitos do mundo. Outros dizem que as aves chegaram a pensar numa revoada de milhares, milhões, em direção às sedes dos poderes para protestos, ocupações, bicadas e bombas de "napalm" intestinal nas cabeças dos poderosos e cobrança de novas atitudes. Há quem diga que isso tudo é ficção, fruto da imaginação de algum poeta ou escritor delirante ou devaneador.
Por enquanto, as gaivotas tomam sol, dormem e acordam no terraço do triplex. Se afastam para uns voos, pegar uma praia e buscar alimento. Algumas gaivotas mais experientes dizem que o futuro a Deus pertence, que é preciso ter calma, esperar pelo melhor. Outras, especialmente as mais jovens, estão impacientes pelas definições e assim, em meio ao choque de gerações, la nave vá.
O gaivota professor-doutor Sócrates Tropical de Oliveira lembrou do filme Os pássaros, de Alfred Hitchcock, e espera que, se algo acontecer, não haja violência como no filme, mas lembra que uma união de aves revolucionárias pode trazer consequências imprevisíveis.

a propósito...

Há quem diga que alguns líderes dos poderes, preocupados, estão pensando em conversar com o grupo de gaivotas para troca de ideias e entendimento em relação ao futuro. Não se sabe ao certo quem são os líderes, se realmente vai ocorrer a reunião e muito menos o local e a data. Não se sabe ao certo a pauta da reunião, mas todos sabem que essas conversas e mudanças são lentas, que é preciso calma, clareza, esperança e boa vontade. Uns dizem que isso tudo é produto da cabeça de algum sonhador. O tempo, sempre o senhor da razão e de outras muitas coisas, dirá. Não se sabe o prazo. Mas as gaivotas, dizem, estão olhando para seus cronômetros, tipo árbitro de futebol no início do jogo.