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Empresas & Negócios

- Publicada em 10 de Abril de 2017 às 10:13

Sobretaxa encarece conta de luz

Com chuvas abaixo da média em quase todo o País nos primeiros três meses do ano, o governo pretende adotar medidas para reduzir o consumo de energia, embora o Brasil ainda atravesse a maior recessão de sua História. Nos últimos dois anos, o brasileiro já pagou quase R$ 18 bilhões em sobretaxa na conta de luz, com a adoção do sistema de bandeiras tarifárias, de acordo com levantamento da Compass Energi. O valor equivale a praticamente tudo que foi investido na construção da usina de Jirau, em Rondônia, uma das maiores hidrelétricas do País. Mas a conta ainda está longe de fechar.
Com chuvas abaixo da média em quase todo o País nos primeiros três meses do ano, o governo pretende adotar medidas para reduzir o consumo de energia, embora o Brasil ainda atravesse a maior recessão de sua História. Nos últimos dois anos, o brasileiro já pagou quase R$ 18 bilhões em sobretaxa na conta de luz, com a adoção do sistema de bandeiras tarifárias, de acordo com levantamento da Compass Energi. O valor equivale a praticamente tudo que foi investido na construção da usina de Jirau, em Rondônia, uma das maiores hidrelétricas do País. Mas a conta ainda está longe de fechar.
A bandeira tarifária repassa para o consumidor o aumento do custo da energia, que ocorre quando é necessário acionar usinas termelétricas. A expectativa dos analistas é que a bandeira vermelha passe do patamar 1, como está atualmente, para o nível 2, em maio, fazendo com que o valor cobrado a cada cem quilowatts-hora (kWh) consumidos passe de R$ 3,00 para R$ 3,50.
Para reduzir custos e preservar o nível dos reservatórios, o governo criou um grupo de trabalho a fim de desenvolver iniciativas como uma campanha nacional para alertar consumidores quanto ao uso racional de energia. Outra hipótese em estudo é importar do Uruguai. A informação foi revelada pelo diretor-geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Luiz Eduardo Barata.
"A capacidade de importação é de cerca de 400 megawatts médios. Outra iniciativa é a possibilidade de colocar em operação algumas usinas termelétricas de custo mais baixo e que estão paradas, em manutenção. O objetivo é tornar a situação mais confortável. Não há previsão de chuva no Rio São Francisco, que passa pelo seu quinto ano de recessão hídrica. No Brasil, a perspectiva é que nos próximos meses, no período seco, tenhamos chuvas abaixo da média", adianta o diretor-geral do ONS.
A expectativa é que o nível dos reservatórios das regiões Sudeste/Centro-Oeste, responsáveis por cerca de 70% do armazenamento no País, passem dos atuais 41% para cerca de 20% em novembro, quando acaba o chamado período seco (com poucas chuvas). O patamar será menor que o de 2001, ano de racionamento de energia, quando estava em 37%.
Apesar do cenário, Barata descarta qualquer risco de racionamento. Segundo ele, o País tem capacidade instalada de 140 mil MW, suficiente para atender a demanda do País. O problema, diz ele, é o custo, já que, para compensar a falta de água, é preciso acionar mais termelétricas. Por isso, foi criado o grupo de trabalho no Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), do Ministério de Minas e Energia, que vai iniciar os estudos nesta semana e terá um prazo curto para apresentar as soluções.
"Temos capacidade, mas falta combustível, que é a água. A dependência da chuva reduziu, mas não acabou. A hidrologia está aquém da média. A energia vai ficar mais cara. É essa a informação que queremos passar para a população. O movimento do uso racional tem que ser generalizado. Precisamos construir uma matriz que dê conforto e que aumente a geração térmica. Vamos identificar um percentual ideal na matriz", diz Barata.
Segundo o ONS, as hidrelétricas respondem por cerca de 76% da geração de energia elétrica atualmente, contra apenas 15,5% das térmicas, além das eólicas (com 5,3%) e nuclear (3%). O consumo diário está na faixa dos 67 mil MW. Para especialistas, a falta de chuvas foi decisiva para o cenário atual, mas não é o único fator. De acordo com dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), o volume de novos projetos de energia vai cair pela metade neste ano em relação ao ano passado. A previsão é que a quantidade de megawatts adicionados ao sistema passe de 9.500 MW para 4.400 MW. Haverá redução da quantidade de projetos de hidrelétricas, eólicas e até térmicas. Segundo Roberto D'Araújo, do Instituto Ilumina, faltam novos investimentos em geração de energia no País.
"Houve falta de planejamento, já que o governo precisou acionar a bandeira vermelha mesmo com o mercado de consumo parado há três anos. Não estou dizendo que não se deveria usar térmicas. Estou dizendo que se o planejamento não estivesse com esse viés otimista, já deveríamos ter mais usinas. O uso de térmicas foi sendo adiado e agora estamos com reserva baixa."
Para João Carlos Mello, presidente da consultoria Thymos Energia, mesmo com a demanda de energia praticamente estagnada, o aumento da geração de energia termelétrica é necessário. "A situação é crítica. Vamos ter bandeira vermelha ao menos até o fim do ano. Precisamos torcer para a carga (consumo) não crescer. O consumo de energia do país está nos níveis de 2012 e 2013, mesmo com um consumo atual menor por causa da recessão. O volume de chuvas foi muito baixo, obrigando a redução da geração hídrica e o acionamento de termelétricas."
Mello cita ainda a falta de linhas de transmissão, que não tiveram as obras concluídas, o que impede que a energia de novas usinas, como a de Belo Monte, no Pará, chegue à região Sudeste, principal centro de consumo do País. Para ele, a situação do setor elétrico seria menos crítica caso o governo já tivesse adotado uma campanha para reduzir o consumo.
"A crise hídrica levou os reservatórios a um nível muito baixo. Se lá atrás tivéssemos feito uma campanha de redução de consumo voluntário, teríamos um bom resultado, mas isso não foi feito por questões de interesse político. Desde 2012 nunca choveu o suficiente, e os reservatórios foram sendo reduzidos em excesso." Segundo ele, o risco de racionamento não existe, porém existe uma grande chance de se gastar mais uma vez muito dinheiro com as térmica.
Esse custo extra com as térmicas é repassado aos consumidores por meio do sistema de bandeira tarifária. O regime reflete o maior uso das usinas térmicas, que têm um custo de geração maior em relação às usinas hidrelétricas e são acionadas quando o nível dos reservatórios atinge um nível baixo. Marcelo Parodi, sócio da consultoria e comercializadora Compass Energia, destacou que, desde 2013, o País tem tido clima seco, com exceção do ano passado.
 
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