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tse

- Publicada em 07 de Março de 2017 às 17:07

Temer presenciou tratativas para doação ao PMDB, diz delator

Melo Filho disse que parte da doação iria para ex-presidente da Fiesp Paulo Skaf (foto)

Melo Filho disse que parte da doação iria para ex-presidente da Fiesp Paulo Skaf (foto)


YASUYOSHI CHIBA/AFP/JC
Presente no jantar no Palácio do Jaburu em que foram negociados repasses para a campanha eleitoral de 2014, o ex-diretor de Relações Institucionais da Odebrecht Cláudio Melo Filho afirmou em depoimento prestado ao ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Herman Benjamin, que o então vice-presidente Michel Temer (PMDB) presenciou as tratativas realizadas na noite de 24 de abril daquele ano. No encontro foi acertado o repasse de R$ 10 milhões ao PMDB.
Presente no jantar no Palácio do Jaburu em que foram negociados repasses para a campanha eleitoral de 2014, o ex-diretor de Relações Institucionais da Odebrecht Cláudio Melo Filho afirmou em depoimento prestado ao ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Herman Benjamin, que o então vice-presidente Michel Temer (PMDB) presenciou as tratativas realizadas na noite de 24 de abril daquele ano. No encontro foi acertado o repasse de R$ 10 milhões ao PMDB.
O depoimento de Melo Filho, realizado nesta segunda-feira na sede do TSE, ocorreu no âmbito da ação que investiga abuso de poder político e econômico na campanha presidencial de 2014 e pode gerar a cassação da chapa Dilma Rousseff (PT)-Michel Temer.
As declarações de Melo Filho se chocam com o depoimento realizado na quinta-feira passada por Marcelo Odebrecht, ex-presidente da empresa que leva o seu nome, segundo relatos de quem acompanhou as duas audiências. Ao depor para Benjamin, Marcelo teria dito que no momento em que foram mencionados os valores da doações na reunião do Jaburu, Temer não estava presente. Melo afirma, contudo, que o então vice-presidente da República estava na sala, mas que as tratativas sobre a divisão dos R$ 10 milhões se desenrolaram entre Marcelo e o agora ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha. Apesar da presença de Temer, Melo Filho afirma que o peemedebista não falou em valores e que antes apenas pediu uma ajuda para a campanha do PMDB.
Segundo Melo Filho, a ideia inicial era repassar todo o recurso para a campanha de Paulo Skaf (PMDB), candidato ao governo de São Paulo em 2014. A iniciativa encontrou resistência e, a partir daí, ficou acertado que R$ 6 milhões iriam para Skaf e o restante, R$ 4 milhões, para o PMDB.
O ex-diretor não soube responder, contudo, se todo o montante destinado à legenda era de caixa 2. Depois de fechado o entendimento no jantar do Jaburu, Melo Filho disse que não foi falado como seria feita a operacionalização dos repasses e que era Marcelo quem decidia sobre isso.
Em nota, a defesa do presidente Michel Temer afirmou que, em razão de os depoimentos no TSE serem sigilos, "somente após o término das oitivas será possível avaliá-las adequadamente, uma vez verificadas inúmeras contradições nas versões das testemunhas-colaboradoras".
A Secretaria de Comunicação da Presidência da República afirmou na quinta-feira passada, 2, no entanto, por meio de nota, que o depoimento em que Marcelo afirma que Temer não esteve presente nas tratativas de valores entre a empresa e o PMDB, confirmou "aquilo que o presidente Michel Temer vem dizendo há meses". "Houve o jantar (entre Temer e o empresário), mas não falaram de valores durante o encontro e a empresa deu auxílio financeiro a campanhas do PMDB", diz o texto.

Benjamin pediu a Moro provas que tenham relação com abuso de poder da chapa Dilma-Temer

O ministro Herman Benjamin, relator da ação que pede a cassação da chapa Dilma Rousseff (PT)-Michel Temer (PMDB) no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), pediu, nesta segunda-feira, a colaboração do juiz Sérgio Moro, responsável pela Lava Jato em Curitiba, para que compartilhe com a Corte Eleitoral provas e outros documentos da operação que tenham relação com "ocorrência de eventual abuso de poder político e econômico na campanha eleitoral da chapa Dilma-Temer em 2014".
A medida ocorre após serem ouvidos cinco delatores da Odebrecht, incluindo o ex-presidente Marcelo Odebrecht, que detalharam os pagamentos ilícitos da empreiteira por meio do "departamento de propinas" e que teria abastecido várias campanhas eleitorais em 2014.
Ao TSE Marcelo Odebrecht disse que 4/5 dos recursos destinados pela empresa para a campanha da chapa Dilma-Temer em 2014 tiveram como origem o caixa-2. Segundo relatos, Marcelo afirmou que a petista tinha dimensão da contribuição e dos pagamentos, também feitos por meio de caixa-2, ao então marqueteiro do PT, João Santana. A maior parte dos recursos destinados ao marqueteiro era feita em espécie.
O valor acertado para a campanha presidencial da chapa reeleita foi de R$ 150 milhões, segundo o delator. Deste total, de acordo com o empresário, R$ 50 milhões eram uma contrapartida à votação da Medida Provisória do Refis, encaminhada ao Congresso em 2009, e que beneficiou a Braskem, empresa controlada pela Odebrecht e que atua na área de química e petroquímica.
Em 2016, o ministro do TSE já havia pedido a colaboração de Moro, responsável pela operação que revelou o esquema de corrupção na Petrobras e também em outras áreas do governo.