Há cerca de três anos, Marcelo Griebler, 41, decidiu deixar Porto Alegre, sua cidade natal, para fixar residência em Orlando, nos Estados Unidos. Hoje, ele e a família moram perto do complexo de parques da Disney. A alegria não é só para as crianças, afinal, os criadores do Mickey e da Minnie são os principais clientes de Marcelo.
A Toymaker, empresa do gaúcho, desenha os brinquedos oficiais da marca e os fabrica na China. "Somos donos dos moldes e contratamos fábricas para executar o trabalho. Essas fábricas também precisam ser auditadas pela Disney", explicou, durante visita ao Estado.
O envolvimento de Marcelo com o universo dos brinquedos existe desde jovem. "Meu pai é representante comercial de brinquedos aqui no Rio Grande do Sul há mais de 40 anos", conta. Em 1991, seguiu a tradição familiar e começou a trabalhar na mesma função.
Em pouco tempo, seu interesse pelo mercado o levou a viajar pelo mundo, sobretudo para feiras na China, em busca de novidades. A Toymaker surgiu de um contato que Marcelo tinha dentro da Disney. Um amigo, diretor de produtos da gigante norte-americana, o avisou sobre uma necessidade da empresa no Brasil. O fornecedor licenciado estava fechando as portas e alguém precisava entrar no seu lugar. Foi então que a Toymaker, em dezembro de 2005, começou. "Eu tinha um contrato com a Disney aprovado e não tinha empresa, não tinha produto. E aí começou a batalha, de correr atrás, de construir uma linha", lembra. Em agosto de 2006, a primeira nota fiscal foi faturada.
A Toymaker já teve duas fábricas no Estado. Uma em Porto Alegre e outra em Restinga Seca. "Tivemos 220 funcionários", conta. Posteriormente, houve uma mudança para Santa Catarina, por conta da atratividade fiscal do estado vizinho.
Além da Disney, o mercado nacional gerou demanda. "O primeiro produto que a gente fez e que abriu mercado para nós foi o boneco do Big Brother Brasil, em 2008", afirma. No mesmo ano, a Disney deu um filme para a Toymaker distribuir pela primeira vez, o Wall-E. A empresa tornou-se distribuidora oficial dos personagens do longa no País. "E foi aí que começamos a crescer, por esses dois fatos relevantes no mesmo ano", detalha.
Agora, com essa trajetória de mais de uma década, os números de 2017 indicam crescimento de 40% em relação a 2016, e está prevista a produção de mais de 5 milhões de peças para o período. A sede criativa continua na capital gaúcha, assim como toda a parte de desenvolvimento. "Ou seja, o produto que a gente vende no mundo inteiro é gaúcho", orgulha-se. As exportações chegam a 42 países.
"Nós estamos concentrados no mercado internacional, porque as oportunidades de crescimento na América Latina são enormes", argumenta. Além do escritório porto-alegrense, a Toymaker tem sua sede em Orlando (Estados Unidos) e operações em Buenos Aires (Argentina), Cidade do México (México) e Hong Kong.
Nos Estados Unidos, um dos revendedores é a rede de farmácias Walgreens, que disponibiliza os produtos em seus mais de 8,6 mil pontos.
"O mercado dos Estados Unidos é o mais difícil de todos. Quando você é um licenciado, o grande dificultador é ser aprovado pelo licenciador. Quando consegue a licença, a própria Disney abre os mercados para você", revela.
O futuro da empresa não está, necessariamente, aliado ao término dos brinquedos convencionais. "Os carros de roda livre, brinquedos para a praia, como baldinho e ferramentas, todos fazem um sucesso enorme com as crianças. O que falta é a iniciativa da indústria em manter esses brinquedos clássicos", comenta. Isso, contudo, não impede que a Toymaker invista em novidades. Um produto para ajudar os pais a localizar as crianças está em fase avançada de testes em Orlando. O Dozzy é uma espécie de relógio que funciona como brinquedo para os pequenos e localizador para adultos.