A política de gestão de custos na estrutura e nos processos, associada a uma forte ação para a redução do endividamento, foi reforçada pelas Empresas Randon no ano passado de forma a adequar a organização ao novo mercado de veículos comerciais de cargas e passageiros.
Dentre as medidas, houve enxugamento do quadro em 14%, algo como 1,2 mil vagas formais a menos, fechando o ano com perto de 7,4 mil funcionários; desativação da unidade de Guarulhos (SP); redução dos investimentos em quase 75%, para pouco mais de R$ 43 milhões; e outras de natureza operacional e administrativa.
"Foi um ano de fortes ajustes, que esperamos que influenciem positivamente no exercício de 2017", definiu Geraldo Santa Catharina, diretor financeiro e de relações com investidores, durante teleconferência para a apresentação do desempenho de 2016.
A receita bruta total somou R$ 3,7 bilhões, 13,1% inferior a do período anterior, enquanto a líquida consolidada atingiu R$ 2,6 bilhões, queda de 15,3%. A divisão autopeças respondeu por 50,1% das receitas e a divisão implementos por 44,4%, enquanto os serviços financeiros representaram 5,5%. Como resultado da conjuntura adversa, a Randon apresentou lucro bruto de R$ 520,9 milhões, redução de 18,7% em relação a 2015. O prejuízo líquido, por sua vez, aumentou 172%, para R$ 67,2 milhões, o segundo consecutivo - em 2015 fora de R$ 24 milhões.
Para 2017, a empresa espera crescer 8% no faturamento bruto, para R$ 3,9 bilhões, e 7,5% na receita líquida, para R$ 2,8 bilhões. A reação deve vir, especialmente, das exportações, estimadas em US$ 240 milhões, o que representaria alta de quase 60%. Entre as iniciativas, está em andamento o projeto de viabilidade para aumentar as exportações pelo sistema CKD, enviando o produto em partes para ser montado no local de destino. A empresa também pretende investir R$ 100 milhões neste ano, e uma das intenções é retomar a construção da fábrica de Araraquara, em São Paulo. "Mas este aporte depende de haver caixa disponível", esclareceu.
Segundo o executivo, o mês de março tem se revelado bastante promissor, com aumento de cotações e encaminhamento de fechamentos de negócios. Hemerson Fernando de Souza, gerente de planejamento e relações com investidores, observou que há dois anos não se percebia algo semelhante no mercado. "Não estamos esbanjando otimismo, mas temos a confiança de que o ano será melhor." Santa Catharina complementou com a informação de que a carteira de pedidos deste início de ano é maior que a dos anteriores, mas não expôs números.
De acordo com o diretor, outro fator que deve influenciar no resultado positivo da empresa é o enxugamento da concorrência - 23 marcas deixaram de emplacar implementos nos últimos dois anos, caindo para 148 competidores. A Randon liderou o segmento com 29% de participação, três pontos de alta sobre 2015. Outro fator decisivo para a perspectiva positiva é a estimativa de uma safra de grãos com mais de 223 milhões de toneladas, que estimula a compra de veículos rebocados e caminhões, segmentos nos quais a Randon tem presença direta ou fornece autopeças.