Corrigir texto

Se você encontrou algum erro nesta notícia, por favor preencha o formulário abaixo e clique em enviar. Este formulário destina-se somente à comunicação de erros.

Fraude

- Publicada em 20 de Março de 2017 às 20:27

Países barram compras de carne do Brasil

Países importadores anunciaram restrições à compra de carne brasileira após o início da Operação Carne Fraca, que investiga um esquema de corrupção na fiscalização de frigoríficos. As medidas, por ora, incluem União Europeia (UE), China, Chile, Coreia do Sul e Egito.
Países importadores anunciaram restrições à compra de carne brasileira após o início da Operação Carne Fraca, que investiga um esquema de corrupção na fiscalização de frigoríficos. As medidas, por ora, incluem União Europeia (UE), China, Chile, Coreia do Sul e Egito.
UE mais China, Chile e Coreia do Sul responderam por 34,24% das exportações de carne bovina e 20,16% das de frango em 2016. De acordo com dados do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (Mdic), as exportações brasileiras de carne bovina congelada, fresca ou refrigerada somaram US$ 4,344 bilhões no ano passado. Principal importador do produto brasileiro, a China respondeu por 16,71% deste total, com gastos de US$ 702,7 milhões.
A União Europeia comprou 11,24% do total, com gastos de US$ 488,141 milhões. Em seguida está o Chile, que ocupa a nona posição no ranking de compradores de carne em geral e importou 6,81% do total vendido ao exterior (US$ 296 milhões). A Coreia do Sul respondeu por apenas 0,01% das exportações de carne bovina, com gastos de US$$ 641 mil.
No caso da carne de frango, o total exportado em 2016 foi de US$ 5,946 bilhões. A China sozinha comprou 14,45% do total, com gastos que somam US$ 859,482 milhões. Já a Coreia do Sul foi responsável por 2,85% das exportações do produto (US$ 165,565 milhões). O bloco europeu comprou 1,97% do total (US$ 117,082 milhões), e o Chile respondeu por apenas 0,88% do total (US$ 52,470 milhões).
A Comissão Europeia, braço Executivo da UE, afirmou ontem ter pedido que as autoridades brasileiras suspendam da lista de exportadoras ao bloco as empresas investigadas pela polícia. O pedido foi feito para o efeito imediato, segundo Enrico Brivio, um porta-voz para assuntos de segurança alimentar. "Era importante agir no momento", afirmou à reportagem. "Queremos ter a certeza de que apenas a carne com o controle apropriado chegará ao mercado europeu." Uma fonte familiar às negociações diz que quatro firmas brasileiras, não especificadas, já estão impedidas de exportar ao bloco europeu como resultado do pedido.
Essa crise tem se desdobrado com velocidade, como observou a própria comissão em um comunicado oficial que emitiu no fim do dia. Na sexta-feira, o Executivo europeu havia enviado uma mensagem formal ao governo brasileiro pedindo esclarecimentos e uma lista das empresas envolvidas na investigação. O diálogo levou a uma intensa troca diplomática no final de semana. Durante o processo, o embaixador da União Europeia no Brasil, o português João Cravinho, disse haver "necessidade absoluta de um esclarecimento cabal".
A UE também sugeriu que todos os seus Estados-membros incrementem o monitoramento da carne brasileira que chegue a suas fronteiras - um representante da Comissão Europeia afirmou que isso é de praxe nessas situações. O bloco econômico pediu, ainda, detalhes sobre produtos das firmas investigadas que já estejam a caminho. Não está claro se os artigos serão barrados nos portos. Não há, porém, nenhum alerta quanto à carne brasileira que já está disponível dentro do mercado europeu.
A China também confirmou que suspendeu temporariamente desde o domingo as importações. Segundo a agência Bloomberg, a suspensão durará a princípio uma semana e o produto será barrado nos portos chineses.
Medidas semelhantes foram tomadas pelo Chile, cujo Ministério da Agricultura anunciou ontem que está barrando temporariamente a compra da carne. A Coreia do Sul, por sua vez, intensificou as fiscalizações da carne de frango importada do Brasil, banindo temporariamente a BRF, maior produtora de carne de frango do mundo. A BRF diz não ter sido notificada. Mais de 80% das 107 mil toneladas de frango importadas pela Coreia do Sul em 2016 vieram do Brasil, quase metade delas da BRF.
Já o Egito suspendeu temporariamente as importações de carne de frango e outras carnes do Brasil. De acordo com o porta-voz do Ministério da Agricultura egípcio, Hamed Abduldayem, autoridades do país enviaram perguntas à embaixada do Brasil no Cairo e aguardam respostas para decidir quais medidas tomar. Além disso, na Finlândia, a autoridade local de segurança alimentar iniciou sua própria investigação sobre o assunto.
pageitem_20_03_17_21_39_21_pg_10.jpg

Governo suspende licença para exportar de 21 frigoríficos

O ministro da Agricultura, Blairo Maggi, afirmou ontem que o Brasil suspendeu a licença de exportação de 21 plantas de frigoríficos sob investigação na Operação Carne Fraca, mas que continuará a permitir a venda dos produtos dessas fábricas no mercado interno. "Temos que correr, porque não podemos permitir o fechamento de mercados, ou para reabrir serão muitos anos de trabalho", afirmou o ministro. "Nossa preocupação é não deixar sem resposta todos os pedidos."
Ao lembrar que a investigação levou dois anos e casos reportados no caso se referem muito provavelmente a produtos que não estão mais no mercado, Maggi explicou que os frigoríficos investigados estão passando por um processo especial de investigação e poderão continuar vendendo ao mercado doméstico, o que deve prevalecer por pelo menos três semanas. "O consumidor pode consumir com tranquilidade o produto brasileiro", disse em entrevista na portaria do Ministério.
Para o ministro, não há nenhuma preocupação para o consumidor brasileiro, que continua sendo protegido pelo Sistema de Inspeção Federal (SIF) do Ministério da Agricultura. "O SIF não está sob suspeita. O que está sob suspeita são as pessoas", disse o ministro. "Espero deixar o assunto circunscrito aos 21 frigoríficos citados na investigação."
Quando há problema, frigoríficos podem fazer um recall da carne - com a retirada do produto do mercado. Essa solução foi adotada pela BRF, que está retirando lotes com o selo de inspeção "SIF 1010". Maggi disse ainda que o ministério está colhendo amostras de carne nos supermercados e, caso encontre problemas, vai recomendar a retirada das mercadorias.
Maggi fez questão de frisar que toda a preocupação do Ministério da Agricultura diz respeito à sanidade dos produtos brasileiros. "A corrupção é uma questão da Polícia Federal", disse Maggi. "Não vamos nos contrapor à ação da Polícia Federal", disse.

Se concretizado, embargo pode ser de anos, afirma Blairo Maggi

Se concretizado, o fechamento de mercados para a carne brasileira por causa das irregularidades encontradas na Operação Carne Fraca, da Polícia Federal, pode perdurar por anos, disse o ministro da Agricultura, Blairo Maggi. "No caso da vaca louca, a China embargou por três anos", comentou. Ele disse ainda que, se fosse alguma das 21 empresas citadas na operação, não embarcaria produtos para o exterior.
"Tudo o que estamos fazendo é para evitar esses embargos", explicou o ministro. A estratégia usada para convencer os clientes no exterior é dar todas as informações solicitadas, com toda a transparência. É isso que será feito, por exemplo, na discussão que a Organização Mundial do Comércio (OMC) pretende iniciar hoje.
O ministro frisou, porém, que as exportações não são a única preocupação do governo. A cadeia produtora de carne emprega 6 milhões de pessoas, segundo informou. Boa parte delas é de pequenos produtores.