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Indústria NAVAL

- Publicada em 08 de Março de 2017 às 23:19

Mobilização tenta manter projeto da P-71 no Rio Grande do Sul

Perspectiva é de que a retomada dos trabalhos possibilite a conclusão da plataforma em 18 meses

Perspectiva é de que a retomada dos trabalhos possibilite a conclusão da plataforma em 18 meses


ANTONIO PAZ/arquivo/JC
Não será por falta de luta que o polo naval do Estado ficará inativo. A nova tentativa de sensibilizar, principalmente o governo federal, para os riscos que o setor enfrenta está prevista para ocorrer nesta segunda-feira, com a realização de uma audiência pública no município. O objetivo é defender a manutenção das encomendas de plataformas de petróleo na região feitas pela Petrobras, focando, neste momento em particular, a P-71, que já teve os trabalhos iniciados no estaleiro da Ecovix.
Não será por falta de luta que o polo naval do Estado ficará inativo. A nova tentativa de sensibilizar, principalmente o governo federal, para os riscos que o setor enfrenta está prevista para ocorrer nesta segunda-feira, com a realização de uma audiência pública no município. O objetivo é defender a manutenção das encomendas de plataformas de petróleo na região feitas pela Petrobras, focando, neste momento em particular, a P-71, que já teve os trabalhos iniciados no estaleiro da Ecovix.
A audiência pública, formalizada pela Assembleia Legislativa, está marcada para as 14h, no auditório Cidec-Sul, no Campus Carreiros da Furg. O prefeito Alexandre Lindenmeyer (PT) espera a presença no evento de representantes do governo do Estado, da Fiergs, Abimaq, deputados estaduais e federais, trabalhadores, entre outros. Lindenmeyer argumenta que, mantendo a exigência de conteúdo nacional nas demandas da Petrobras, gera-se emprego e desenvolvimento de tecnologia dentro do País. "Mas foi dado um cavalo de pau na condução da política industrial do Brasil, gerando um retrocesso na arrecadação", lamenta.
Conforme o dirigente, é preciso evitar que Rio Grande recue 20 anos e fique sendo apenas uma corredor de importação e exportação (fazendo alusão à atividade portuária no município). Uma medida que ajudaria a evitar esse cenário é a continuidade da obra da P-71 pelo estaleiro da Ecovix. A empresa está em meio a um processo de recuperação judicial, mas possui um projeto de reestruturação para equilibrar a sua situação financeira e permitir que toda a infraestrutura que já está disponível seja utilizada.
Lindenmeyer afirma que há 147 mil toneladas de aço paradas no complexo da companhia, que poderão ter que "ser vendidas a preço de ferro-velho". O prefeito estima que, atualmente, seria necessário um investimento menor para finalizar os serviços da plataforma no Estado (algo um pouco superior a US$ 200 milhões) do que no exterior. A partir da retomada, a perspectiva é que a P-71 possa estar pronta em 18 meses.
O prefeito teme que, se não houver a confirmação de mais demandas para o polo naval gaúcho, quando o estaleiro da QGI terminar seus serviços nas plataformas P-75 e P-77 e o da EBR acabar os trabalhos na P-74, haverá estagnação. Uma fonte ligada ao segmento informa que esses dois estaleiros deverão acabar suas encomendas ainda neste ano.
Em relação à QGI, os serviços nas plataformas estão divididos, sendo que a maior parte dos esforços na P-75 está concentrada na China e no caso da P-77 em Rio Grande. O estaleiro da QGI gera hoje um pouco mais de 900 postos de trabalho e deve chegar a algo próximo a 1,3 mil durante 2017.
O deputado estadual Adilson Troca (PSDB), que estará em Rio Grande na segunda-feira, enfatiza que é preciso que a bancada gaúcha de deputados federais e o governador José Ivo Sartori apoiem o polo naval. O parlamentar diz que entende as dificuldades enfrentadas pela Petrobras em manter as encomendas de plataformas dentro do Brasil e não fazê-las no exterior, com custos menores. No entanto, o deputado sustenta que é preciso ter força política para que não se desperdice toda a capacidade da área de construção naval que há em Rio Grande.
Troca salienta que a região ficou dependente economicamente do polo naval. Além disso, a questão envolve outras áreas industriais e de serviços, como, por exemplo, o setor metalomecânico da Serra Gaúcha, que atende a demandas do segmento naval no Estado. Procuradas pela reportagem do Jornal do Comércio, Ecovix e Petrobras preferiram não se manifestar sobre o desenvolvimento da plataforma P-71.

Sindicato planeja fazer vigília em frente ao estaleiro nos próximos dias

A audiência pública não será o único evento em defesa do polo naval na próxima semana. O vice-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do Rio Grande e São José do Norte, Sadi Machado, adianta que os trabalhadores estão organizando uma vigília que será feita em frente ao estaleiro da Ecovix. O planejamento ainda está sendo fechado, mas, em princípio, a perspectiva é que a ação inicie na noite do domingo e siga até o momento da audiência.
O dirigente espera que entre 2 mil e 3 mil pessoas participem do evento. Machado estima que em torno de 30% da plataforma P-71 já esteja concluída. Inicialmente, a ideia era de que a estrutura fosse totalmente finalizada no município. O receio é de que a demanda seja repassada para complexos chineses. "O estaleiro aqui tem uma ótima estrutura, o governo (federal) vai querer deixar virar sucata?", indaga.
Hoje, segundo Machado, são cerca de 150 funcionários trabalhando no estaleiro da Ecovix, focados na conservação do ativo, sem condições de ir adiante com qualquer encomenda. Segundo estudo feito pelo Dieese, nos últimos dois anos, a indústria naval fechou 4.627 vagas em Rio Grande e São José do Norte.
A encomenda concluída mais recentemente no polo naval gaúcho foi o casco da plataforma de petróleo P-68, que deixou o Estado em dezembro do ano passado. A estrutura, similar ao projeto da P-71, pesava 353 mil toneladas, tinha 288 metros de comprimento, 54 metros de largura e 31 metros de altura.
A P-68 e a P-71 fazem parte da série de oito cascos replicantes (idênticos) solicitados pela Petrobras ao estaleiro da Ecovix. Devido a problemas financeiros das empresas somados às investigações da Operação Lava Jato, o cronograma de algumas dessas encomendas foi totalmente afetado. As estruturas são do tipo FPSOs (unidades flutuantes de produção, armazenamento e transferência de óleo e gás).