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DESENVOLVIMENTO

- Publicada em 07 de Março de 2017 às 22:14

PIB brasileiro tem retração de 3,6% em 2016

Em um ano marcado por turbulências políticas, a economia brasileira encerrou 2016 com queda de 3,6% no PIB (Produto Interno Bruto), de acordo com dados divulgados ontem pelo IBGE. Foi o segundo ano seguido de queda do indicador, que já havia recuado 3,8% em 2015. Com isso, o País acumulou queda de 7,2% no acumulado de 2015 e 2016, a pior recessão já registrada pelo IBGE, cuja série começa em 1947.
Em um ano marcado por turbulências políticas, a economia brasileira encerrou 2016 com queda de 3,6% no PIB (Produto Interno Bruto), de acordo com dados divulgados ontem pelo IBGE. Foi o segundo ano seguido de queda do indicador, que já havia recuado 3,8% em 2015. Com isso, o País acumulou queda de 7,2% no acumulado de 2015 e 2016, a pior recessão já registrada pelo IBGE, cuja série começa em 1947.
A economia brasileira voltou ao mesmo patamar do terceiro trimestre de 2010. Além da profundidade, a recessão no período se destaca por sua dispersão em todos os setores da economia, algo incomum em períodos de crise anteriores, diz Rebeca Passos, coordenadora de contas nacionais do IBGE.
No ano, a agropecuária caiu 6,6%, seguida pela indústria (queda de 3,8%) e pelos serviços, que recuaram 2,7%. Desde 1996, o País não tinha quedas nos três principais setores da economia.
Contrariando a expectativa do mercado, a economia encolheu 0,9% de outubro a dezembro, ante o trimestre anterior. Os analistas esperavam que essa queda fosse menor, de 0,5%. O resultado é a oitava redução consecutiva do PIB na comparação trimestral e a mais longa sequência de quedas da série histórica de contas nacionais do IBGE, iniciada em 1996.
Para o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, o tombo da economia brasileira em 2016 é resultado de um movimento de vários anos. "Não há dúvida que é a maior crise desde que o PIB começou a ser medido. Isso não foi construído em pouco tempo. Aconteceu em anos, quando a economia foi perdendo grau de confiança", disse.
Pelos critérios da FGV (Fundação Getulio Vargas), o ciclo de empobrecimento do País completou 11 trimestres, com queda acumulada de 9% do PIB.
Pela ótica da produção, dos três setores da economia, só a agropecuária avançou no quarto trimestre, com alta de 1%. Indústria e serviços caíram 0,7% e 0,8%, respectivamente. "Nos serviços, todas as atividades apresentaram resultado negativo, especialmente os serviços de informação (-2,1%) e transporte, armazenagem e correio (-2,0%)", informou o IBGE.
Já pela ótica da despesa, o consumo das famílias teve queda de 0,6%, recuando pelo oitavo trimestre consecutivo. A formação bruta de capital fixo (investimentos) caiu 1,6%, e a despesa de consumo do governo teve ligeira alta, de 0,1%, praticamente estável em relação ao trimestre imediatamente anterior.
O recuo do PIB no quarto trimestre do ano passado foi maior do que o observado no terceiro trimestre (queda revista de 0,7%, contra recuo de 0,8% informado anteriormente), mas levemente melhor do a queda de 1,1% do último trimestre de 2015 quando comparado ao período imediatamente anterior. Em relação aos últimos três meses de 2015, a redução foi de 2,5%.
A Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), que mede os investimentos, caiu 10,2% no acumulado do ano. O consumo das famílias despencou 4,2% no mesmo período. As exportações expandiram 1,9% em 2016, enquanto as importações caíram 10,3%. O consumo do governo também teve queda no ano passado, de 0,6%.
Empresários avaliam o resultado
Antonio Megale, presidente da Anfavea "O Brasil nunca passou por uma experiência como essa. É importante que as concessões comecem a acontecer e que o PIB volte a crescer. Sem isso, será difícil uma retomada mais expressiva tanto de caminhões quanto de máquinas agrícolas."
Heitor José Müller, presidente da Fiergs "O atual período econômico é o pior da história do Brasil, com dois anos consecutivos de profunda queda no PIB. Espera-se para o segundo semestre um aumento pequeno do PIB, mas o fato de haver reversão de uma queda para crescimento de 0,5% já é uma vitória."
Paulo Skaf, presidente da Fiesp "É urgente incentivar o investimento na produção, o que só vai acontecer com a redução mais acelerada dos juros e com o aumento da oferta de crédito. É hora de soltar as velas e deixar o barco navegar. A viagem deverá ser tranquila, graças às reformas em curso."
José Romeu Ferraz Neto, presidente do Sinduscon-SP "A taxa de investimento no ano de 2016 caiu para 16,4% do PIB, abaixo dos 18,1% de 2015. Distanciamo-nos ainda mais do patamar acima de 20%, condição necessária para o início de um crescimento sustentável da economia."

Aumentam apostas de aceleração da queda dos juros

Os números do PIB de 2016, que confirmaram a pior recessão da história recente do Brasil, reforçam a percepção de que os próximos cortes da taxa básica de juros (Selic) serão de 1 ponto percentual, na avaliação de analistas.
Segundo o economista-chefe do Banco Fator, José Francisco de Lima Gonçalves, a expectativa de redução maior da Selic vem desde a última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), do Banco Central (BC), quando a Selic foi reduzida em 0,75 ponto percentual, para 12,25% ao ano. No comunicado divulgado logo após o encontro, o BC citou a possibilidade de um corte de um ponto percentual nas próximas reuniões
Essa projeção foi ampliada com a divulgação da ata da reunião, na última quinta-feira. Conforme o documento, os membros do comitê citaram a "preferência por manter maior grau de liberdade quanto às decisões futuras, a serem tomadas em função da evolução do cenário básico do Copom".
"Agora, com o PIB evidenciando a dificuldade de recuperação da economia, o Copom vai ter que reduzir os juros mais rapidamente. Não é que dá para fazer isso, é preciso fazer", diz Gonçalves.
O economista prevê crescimento zero do PIB em 2017, e acredita em corte de 1 ponto da Selic nos dois próximos encontros do Copom.

Brasil destoa de crescimento global

A retração do PIB brasileiro, de 3,6% no ano passado, se destaca não apenas por ser a mais forte entre as maiores economias mundiais, mas também por ter ocorrido em um período de retomada global.
Entre as 45 economias que já divulgaram o resultado do PIB de 2016, apenas Rússia (queda de 0,2%) e Nigéria (contração de 1,5%) também fecharam o ano com um PIB menor do que o de 2015. No caso do país africano, foi a primeira retração em 25 anos.
A retração brasileira ainda deve ser desbancada pela da Venezuela, que não publicou nenhum dado trimestral de PIB no ano passado. Analistas estimam uma queda de 10% para 2016.