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Porto Alegre, domingo, 02 de abril de 2017. Atualizado �s 22h21.

Jornal do Com�rcio

Panorama

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LITERATURA

Not�cia da edi��o impressa de 03/04/2017. Alterada em 31/03 �s 17h02min

Jaime Lerner lan�a seu terceiro livro

Cineasta e escritor Jaime Lerner lan�a terceiro livro, em formato digital, com download gratuito segunda e ter�a-feira desta semana

Cineasta e escritor Jaime Lerner lan�a terceiro livro, em formato digital, com download gratuito segunda e ter�a-feira desta semana


MARIANA SIRENA/DIVULGA��O/JC
Caroline da Silva
Diretor de filmes como Porto Alegre - meu canto no mundo (2006) e Referendo (2012), Jaime Lerner apresenta seu terceiro livro. Entre hoje e amanhã, é possível fazer download gratuito de O fazedor da utopia na plataforma Amazon. O romance político tem como personagem principal Augusto Severo Diniz, eleito para a prefeitura da fictícia Miramar - uma espécie de laboratório de um projeto de país.
Suas duas obras anteriores foram a novela Grupo de risco (1990, IEL) e o volume de contos Entre quatro paredes (1996, Fumproarte). "Escrevi mais quatro romances ainda não publicados, de temas e abordagens distintas, todos sobre a relação do indivíduo com seu entorno (social, familiar, econômico, geográfico)", conta. O cineasta e escritor também lançou recentemente o Blog do Lerner, comentando obras cinematográficas e literárias e seus trabalhos em desenvolvimento. Atualmente, ele dirige a minissérie Caixa Preta, que será exibida pelo canal Prime Box Brazil. Mais sobre o lançamento na entrevista que segue.
JC - Panorama: Como fazer literário, qual a diferença na concepção da escrita de um roteiro e de um romance/novela/conto?
Jaime Lerner - A diferença entre escrever um roteiro e uma obra literária é grande e começa, no meu processo criativo, em como a ideia se apresenta na minha cabeça: no filme Dyonélio (2013), por exemplo, que é uma obra sobre um escritor, a ideia veio como uma experiência de linguagem, em colocar textos de ficção contracenando com imagens documentais. Na medida que fui escrevendo o roteiro, ela evoluiu numa estrutura que sustenta o filme. No caso de O fazedor da utopia, a ideia surgiu de uma reflexão sobre um processo político que se desenvolveu ao longo de 16 anos em Porto Alegre e com o qual tive certa proximidade. Assim, a inspiração soprada pelas musas já vem embalada no formato - literatura ou audiovisual. Outra diferença importante é que ao conceber um roteiro tenho que pensar num produto (longa, curta, série) e sua adequação em termos de duração, ritmo, profundidade da abordagem. No caso de literatura, posso simplesmente começar a escrever e essas coisas vão se definindo ao longo da escrita.
Panorama - Fazes parte da geração das "Diretas"? No que as vivências políticas influenciaram tua formação como intelectual?
Lerner - Eu nasci no Brasil (São Paulo, 1959), porém morei dos 7 aos 25 anos em Israel e Londres (um ano). Não vivi a comoção das Diretas Já, apenas seus ecos, cheguei ao Brasil pouco antes da eleição de Tancredo (Neves). Acho que minha vivência de criança e jovem em Israel, onde o debate político e social estão sempre presentes, e a chegada aqui nesse momento de fim de ditadura tem uma influência em toda minha obra e meu pensamento, como também um legado e ambiente familiar de reflexão independente e ativismo contribuíram para essa formação.
Panorama - Quanto de Jaime Lerner tem no protagonista de O fazedor da utopia, o idealista Augusto?
Lerner - É difícil dizer. Dyonélio (Machado) bradava: "Não há nada do autor em seus personagens, é como quando se escreve uma carta, a letra é da gente e só!". Era sua maneira de dizer que se chateava com as comparações entre ele e Naziazeno, ao mesmo tempo que afirmava que em cada personagem e cada história há a caligrafia, os traços da personalidade e das vivências do autor. Certamente, entre outras coisas, Augusto e eu compartilhamos igual entendimento sobre as utopias.
Panorama - Declaraste que o livro não é um manifesto. Porém, na obra, detalhas as práticas sórdidas, as conversas cheias de insinuações, os esquemas políticos, os bastidores do poder e os efeitos da corrupção institucionalizada. Isso não é uma mensagem, carregada por uma narrativa ágil e fragmentada?
Lerner - Vamos evitar os spoilers (risos). O livro tem algumas mensagens, inseridas em camadas mais próximas ou distantes da superfície. Por isso ele é um romance, com certa dimensão e profundidade. Não é um manifesto ou panfleto no qual o autor busca convencer os leitores de suas ideias. É uma obra literária que procura provocar reflexão. No momento de polarização aguda e agressiva em que vivemos, quando a reflexão é colocada para hibernar, há o risco que as pessoas o vejam como algo diferente do que ele é. Claro que não cabe a mim dizer como se deve ler a minha obra. Cada um fará de seu jeito. Mas tenho a esperança que essa leitura não seja contaminada pelo clima de ódio.
Panorama - Como epígrafe do livro, citas Thomas More, autor de Utopia: "Não pode haver justiça onde as melhores coisas na vida pertencem aos piores homens". Qual o teu conceito de utopia?
Lerner - Utopia para mim é o padrão que devemos estabelecer para nós mesmos (como sociedade, indivíduos, como profissionais, amantes, pais etc): algo inalcançável, mas que deve ser sempre perseguido.

O fazedor da utopia

  • Autoria: Jaime Lerner
  • Formato: e-book
  • Número de páginas: 268
  • Edição: independente
  • Gênero: romance
  • Download gratuito hoje e amanhã no site da Amazon - link direto: http://a.co/8SIAHF9
  • Valor do e-book na internet a partir de 5 de abril: R$ 15,00 (no mesmo endereço eletrônico)
  • Blog do autor (sobre cinema e literatura): http://blogdolerner.wordpress.com 
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