Sobre o Autor
Gabriela Ferreira -Bruno Todeschini 

MARCAS DE QUEM DECIDE 2016, Pesquisa, pr�mio, solenidade Foto: BRUNO TODESCHINI/DIVULGA��O/JC

Gabriela Ferreira

Diretora de Inova��o e Desenvolvimento da Pucrs

Rebeldia

Bem perto da minha casa tem uma excelente padaria. Daquelas que têm dias específicos para a produção de determinados pães, as especialidades, às quais todo mundo se acostuma. Também atende muito bem a clientela com os produtos mais comuns: do pão francês ao sovadinho, sem esquecer de coisas fundamentais, como um bom café, e até algumas modernidades, como a soda italiana. Pois essa padaria, todos os meses de fevereiro, fecha para férias coletivas.
Não, ela não fecha nos domingos de verão porque as pessoas estão na praia. Ela fecha do dia primeiro de fevereiro até o final do mês. Todos os anos, desde que abriu, acontece a mesma coisa.
A vizinhança, imbuída de um espírito contemporâneo, que é um tanto quanto irreal para este canto Sul da nossa Província, se espanta. Fechar a padaria? O mês inteiro? Todo fevereiro?
Mas o que é isso? Uma barbaridade!
Essa também foi a minha reação no primeiro verão sem padaria. Mas e o mercado? E a fidelização dos clientes? E se o pessoal descobre um novo fornecedor nesse período e não retorna mais?
Afinal, o varejo, em especial o de alimentos, vive disso: de atender, em qualidade, tempo e frequência, as necessidades das pessoas.
Seria um grande erro de marketing?
Muitas são as causas possíveis para as férias coletivas da padaria. Desde a mais romântica: os colegas não saberiam trabalhar com a falta de algum deles se um rodízio de férias fosse realizado; até a mais elaborada: uma profunda análise matemática pode ter definido que, mesmo com os custos decorrentes da insatisfação dos clientes, a operação da padaria nesse mês, considerando a flutuação da demanda frente às exigências da produção, não se justifica economicamente.
É possível, ainda, que a explicação seja bem mais prosaica: o empresário não consegue delegar a gestão do seu negócio e prefere fechá-lo em fevereiro, simples assim.
Eu, no entanto, hoje gosto de pensar que isso é um ato de rebeldia da padaria.
Singelo, mas concreto e efetivo: ela não se rende aos exageros da "vida moderna"; não deixa de respeitar a necessidade de descanso das pessoas para alimentar constantemente a máquina do mercado; não sucumbe ao frenesi enlouquecido de uma sociedade consumista (mesmo que seja de pão).
Enfim, não quer compactuar com a ideia de que o mundo é uma máquina e que nunca, nada, pode parar. E, diferente dos meus vizinhos, torço em silêncio para que fevereiro passe bem devagar: estamos juntos na resistência!
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Coment�rios ( 1 )
  1. Paulo Puggina

    Concordo. Devemos ter um espao de tempo para refletir sobre como foi nosso servico no passado e planejar nosso futuro ou at mesmo pelo fato de descansar um pouco o corpo e a mente frente as responsabilidades e correrias de nossa profisso.

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