O uso seguro da internet, cada vez mais, passa pelos cuidados dos usuários com os dados pessoais expostos na rede mundial. Provedores de e-mails, sites, aplicativos e redes sociais, via de regra, recolhem constantemente informações sobre os hábitos dos internautas.
"A privacidade, hoje em dia, depende de termos conhecimento do que estamos expondo para desconhecidos", relata o especialista em segurança de dados e membro da Sociedade Brasileira de Computação (SBC), Antônio Augusto de Aragão Rocha.
A privacidade, aliás, é um dos focos do Safer Internet Day, o Dia Internacional da Internet Segura, comemorado hoje no mundo todo. Criado pela Rede Insafe na Europa, a iniciativa reúne mais de 100 países para mobilizar usuários e instituições em torno da data e estimular um uso livre, seguro, ético e responsável das Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs).
Em um mundo onde, cada vez mais, todos estão conectados e expostos, muitas vezes misturando vida privada e pública, revelando identidades e informações pessoais, a privacidade on-line é uma preocupação crescente. "Vemos crianças, adolescentes e adultos usando as novas tecnologias sem a devida orientação e sem nem imaginar os riscos de colocar fotos públicas ou fazer check-ins nos lugares", relata Rocha.
Especialistas no assunto destacam que um dos grandes desafios nessa área é buscar caminhos e soluções para garantir a proteção dos dados que a maioria das pessoas disponibiliza, sem ter consciência disto, em troca da gratuidade de serviços e produtos oferecidos na internet.
O presidente da Associação Brasileira das Empresas de Software (Abes) e especialista em Segurança da Informação, Francisco Camargo, comenta que a privacidade, cada vez mais, se opõe ao conforto. "Quando eu uso o Waze em São Paulo, eu abro para eles todo o meu trajeto de deslocamento pela cidade e o meu destino", exemplifica.
O que vivemos hoje em dia, observa, é uma espécie de briga da muralha com o canhão. Você engrossa a muralha, e os criminosos vão lá e aumentam o tiro do canhão. "Não tem como vencer, então, o que as entidades, as empresas e o governo precisam fazer é ajudar a população a se tornar mais consciente dos riscos", ressalta.
O engenheiro de segurança da Norton, Nelson Barbosa, comenta que pequenas ações do dia a dia podem servir de munição para os cibercriminosos. "Se você coloca foto da sua filha com o uniforme da escola, eles conseguem identificar o local onde ela estuda e até mesmo os horários. A partir disso, traçam uma rotina para monitorar, e o crime pode sair do mundo digital", alerta. O mesmo acontece se a pessoa posta que está indo viajar, o que pode revelar que a casa estará sozinha.
Nelson Barbosa comenta que a busca por dados pessoais dos usuários está levando a um aumento da ameaça de phishing, golpe virtual que visa roubar dados pessoais das vítimas.
A proporção de brasileiros que já receberam mensagens fraudulentas na internet ultrapassa os 90%, e, o mais grave, 32% deles não sabem diferenciar uma mensagem verdadeira de um golpe, de acordo com uma pesquisa da empresa de segurança Norton.
Além disso, 80% das vítimas que caíram na armadilha sofreram consequências. "As mensagens fraudulentas enviadas pelos cibercriminosos estão evoluindo e está cada vez mais difícil de identificá-las", afirma o engenheiro de segurança.