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livros

- Publicada em 02 de Fevereiro de 2017 às 17:22

Obra essencial da literatura brasileira

Lendo, relendo e treslendo o poema Cobra Norato (José Olympio, 94 páginas, 30ª edição), do rio-grandense Raul Bopp, nascido em Pinhal - município de Santa Maria em 1898 - e falecido no Rio de Janeiro em 1984, não há como deixar de constatar que se trata de uma das obras mais marcantes e influentes da literatura brasileira. O grande e genial poema situa o escritor como um de nossos maiores autores, especialmente no âmbito do Modernismo de 1922, que até hoje influencia os caminhos da cultura brasileira.
Lendo, relendo e treslendo o poema Cobra Norato (José Olympio, 94 páginas, 30ª edição), do rio-grandense Raul Bopp, nascido em Pinhal - município de Santa Maria em 1898 - e falecido no Rio de Janeiro em 1984, não há como deixar de constatar que se trata de uma das obras mais marcantes e influentes da literatura brasileira. O grande e genial poema situa o escritor como um de nossos maiores autores, especialmente no âmbito do Modernismo de 1922, que até hoje influencia os caminhos da cultura brasileira.
Raul Bopp viajou muito pelo Brasil e pelo mundo, tendo sido diplomata em vários países. Os estudos sobre folclore, as pesquisas de campo e conversas com pessoas e as viagens serviram de base para a lenta e cuidadosa elaboração de Cobra Norato, que, inicialmente, seria um poema para crianças.
Cobra Norato é texto emblemático do modernismo e utiliza o mito amazônico da Cobra Grande, lenda que tem algumas variantes. Uma delas é justamente a do Cobra Norato. Câmara Cascudo, em seu famoso Dicionário de Folclore, escreveu que uma índia se banhava entre o rio Amazonas e o Trombetas quando foi engravidada pela Cobra Grande. Nasceram-lhe um menino, Norato, e a menina Maria Caninana. Maria era uma peste, provocava naufrágios. Norato, que era bom, foi obrigado a matá-la. Como penitência, Norato, à noite, passou a transformar-se em sedutor, deixando na beira do rio sua longa pele. Segundo a lenda, se alguém conseguisse pingar leite na boca da cobra e ferir sua cabeça, ela se desencantaria e se tornaria um rapaz. Tal façanha foi conseguida por um soldado do rio Tocantins.
Na introdução, estão as seguintes palavras da professora Lígia Morrone Averbuck: "Pode-se verificar que, hoje, quando há um renovado interesse pelo exame da significação do movimento modernista, com vistas à interpretação global da cultura brasileira, a obra de Raul Bopp aparece realçada por um significado fundamental no conjunto do período, como expressão de uma poética linguística e estilisticamente revolucionária, pela margem conotativa revelada nas entrelinhas do seu texto e sua aproximação com uma das mais ricas formulações da temática modernista, a do movimento antropofágico, aspectos todos eles abertos ainda à discussão e à análise".
Na orelha, o escritor Affonso Romano de Sant'Anna escreveu: "o poético do texto vem menos do tratamento do verso do que da utilização do mito dentro da estética modernista. O autor passou a vida inteira fazendo pequenas correções nas muitas reedições de Cobra Norato. Esteticamente pertence ao primitivismo poético, um esforço intelectual para incorporar a ingenuidade narrativa das lendas indígenas brasileiras".

lançamentos

  • A onda corporativa - Corporativismo e ditaduras na Europa e na América Latina (FGV, 344 páginas), organizado por Antônio Costa Pinto, da Universidade de Lisboa, e Francisco Martinho, da USP, tem textos deles e de especialistas sobre adoção de corporações sociais e políticas na primeira metade do século XX.
  • Memória das árvores - Poemas escolhidos, do poeta, jornalista e filólogo da Moldávia Nicolae Dabija (Bestiário, 48 páginas), com tradução de José Eduardo Degrazia, apresenta densos e sensíveis poemas que trazem lendas, tradições religiosas e a natureza do País do autor.
  • Sucessão - O processo sucessório nos negócios, na empresa e no patrimônio (Imersões, 216 páginas), de Werner Bornholdt, doutor em psicologia das organizações e recursos humanos, economista e consultor trata com profundidade sobre sucessão, governança, mitos, coaching e outros tópicos relevantes.
 

Qual a comida de Porto Alegre?

Esses dias o colunista David Coimbra, no jornal Zero Hora, levantou uma questão interessante: qual a comida de Porto Alegre? e, se não me engano, disse que não seria o nosso tradicional churrasco. Nossa cidade tem origens variadas e, claro, alimentos diversos, vindos com as muitas etnias que nos enriqueceram. Pratos açorianos e espanhóis no início, pratos afros e alemães na sequência e, depois, manjares italianos, franceses, poloneses, japoneses, chineses, tailandeses, coreanos, indianos e até do Nepal.
Depois das comemorações do centenário da Revolução Farroupilha, em 1935, a cidade passou a contar com churrascarias. Antes os porto-alegrenses curtiam os assados em casa, em família. Hoje, consta que a cidade tem aproximadamente 220 churrascarias e - olhem só - 60 e poucos restaurantes japoneses. A juventude é a grande responsável pelo crescimento dos japas.
A cidade já teve grandes fases de bares com comidas alemãs, em avenidas como a Cristovão e a Protásio, passou por tempos de muitas pizzarias e houve fase de comida chinesa em alta, inclusive nos bufês de almoço. Cachorros-quentes também sempre foram marca da cidade, sendo o mais histórico o Passaporte para o inferno, vendido pelo trailer do Zé do Passaporte, quase ao lado do HPS. Desde o almoço até o final da noite, o famoso cachorro fez sucesso por décadas e hoje ainda existe no Mercado do Bom Fim.
Galeterias sempre existiram em Porto Alegre, junto com o restante da gostosa culinária italiana, trazida pela forte imigração e somente durante um tempo andaram um pouco sumidas. Cantinas italianas seguem com suas cores branca, vermelha e verde.
Pratos portugueses como o bacalhau e espanhóis como a paella permanecem em nossas mesas, mantendo os vínculos com nossos ancestrais e porque são tesouros gastronômicos universais que a gente não abre mão. Porto Alegre não tem tanta tradição com frutos do mar, mas não fica para trás no quesito. Curiosamente, neste aspecto marítimo, a comida baiana nunca se firmou em nossa capital. Por que será? A comida mexicana foi, voltou, foi e voltou e agora parece ter ficado.
Hoje, como em vários locais do mundo, os foodtrucks chegaram, com muitas opções de comidas rápidas, boas e com preços razoáveis. Mas a cultura do x-burger, com alguma coisa com x-tudo, segue forte entre nós que, felizmente, não abandonamos o velho, bom e brasileiríssimo bauru. A novidade agora são os hambúrgueres sofisticados, com carnes e molhos incrementados, acompanhados de cervejas artesanais.
Enfim, nesse breve papo sobre comidas de Porto Alegre, cidade que não tem um prato-símbolo como barreado (Curitiba), pato ao tucupi (Belém), feijoada ou a famosa Bouillabesse de Marselha ou a salada Niçoise de Nice, dá para constatar que comemos de tudo, somos onívoros, bons garfos democráticos e que respeitamos a diversidade culinária. Até nisso somos plurais, democráticos e globais. Nosso prato preferido é o prato cheio, farto, colorido e, de preferência, adequado ao clima de uma das nossas quatro definidas estações. Dá para ser muito feliz na mesa porto-alegrense.

a propósito...

Nas últimas décadas, tem sido maravilhoso observar o crescimento quantitativo e qualitativo do mercado de alimentos e as mudanças elogiáveis dos hábitos gastronômicos de nossa capital. Seguimos uma tendência internacional e muitos cursos de culinária e publicações em jornais, livros e revistas mostram o alto interesse dos porto-alegrenses neste tema que é um dos favoritos da população. Agora é ficar de olho na qualidade dos alimentos, na preparação, no visual dos pratos e, claro, procurar não comer demais. Nosso prato preferido é o cheio, mas de preferência cheio de saúde e sabor.