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Porto Alegre, ter�a-feira, 21 de fevereiro de 2017. Atualizado �s 21h49.

Jornal do Com�rcio

Panorama

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LITERATURA

Not�cia da edi��o impressa de 22/02/2017. Alterada em 21/02 �s 17h12min

Inspira��o real: livro narra a hist�ria do "Rei do Ecstasy"

Bol�var Torres � coautor de livro que conta hist�ria do "Rei do Ecstasy"

Bol�var Torres � coautor de livro que conta hist�ria do "Rei do Ecstasy"


ACERVO PESSOAL/DIVULGA��O/JC
Ricardo Gruner
Jornalista porto-alegrense radicado no Rio de Janeiro, Bolívar Torres nunca ouvira falar de Gabriel Godoy até o final de 2015. Na época, recebeu o rascunho de um livro escrito pelo agora parceiro literário - uma história real de ascensão no mundo do tráfico e cujo protagonista era o próprio Godoy. Já nas livrarias, Baladas proibidas - a história do Rei do Ecstasy (Record, 210 págs., R$ 39,90) é o resultado do trabalho em conjunto: não se trata de um livro-reportagem, mas de um testemunho - romanceado - que funciona também como crônica de costumes.
Torres entrou em contato com o material original através de Lúcia Riff, agente literária que trabalha com a escritora Leticia Wierzchowski. Foi a autora de A casa das sete mulheres quem o ex-traficante procurou inicialmente. Envolvida com outros trabalhos, a gaúcha não assumiu o projeto, mas serviu de ponte para que a narrativa - a qual ela chama de "mistura de Breaking bad e Meu nome não é Johnny" - virasse livro.
Por nove meses, Torres conversou com Godoy, jovem que chegou a vender 100 mil comprimidos de ecstasy por mês na capital paulistana. O trabalho era instigar a memória do entrevistado e dar tratamento profissional ao esboço que o próprio havia escrito. "Era um rascunho, mas tinha algo ali que era a voz de um traficante", afirma. "Percebi que não podia ser um livro jornalístico, de muitas fontes, tinha que ser um testemunho."
Nas páginas de Baladas proibidas, destaca-se a trajetória de um rapaz do interior que - quase por acaso - em 2007, entra no universo das drogas sintéticas. Em uma mudança de vida meteórica, passa de adolescente que deseja ser empresário da noite para distribuidor de ecstasy, LSD e lança-perfume - com incursão também na fabricação. Compõem a narrativa as festas de música eletrônica e os consumidores da alta sociedade, em um recorte de exibicionismo e deslumbramento que contrasta com outros episódios abordados: extorsões, corrupção policial e até o contato com o crime organizado.
O livro também tem passagens fictícias, apesar da inspiração real. Conforme o escritor, as alterações foram necessárias para proteger as pessoas que estiveram ao lado de Godoy naqueles anos. "Eu sugeria mudanças em datas ou motivos por que algumas pessoas foram presas. E criamos personagens que permitissem mostrar como as coisas aconteceram", exemplifica ele, deixando claro que a obra não é uma publicação jornalística. "Chequei várias coisas que comprovavam que ele era um traficante e havia feito isso ou aquilo. Mas detalhes sobre o que aconteceu na prisão ou se vendeu mais ou menos são impossíveis de verificar - não há registro", explica.
Ainda segundo o porto-alegrense, um livro-reportagem não teria a vantagem de colocar o leitor no clima da história, de ritmo acelerado e com ações repletas de riscos pessoais. Para isso, optou por uma linguagem direta e pela tentativa de reprodução da voz do protagonista - que colaborou apontando a ordem com que os fatos aconteceriam.
Autor de um romance e de uma compilação de contos, Bolívar Torres tem em Baladas proibidas seu primeiro livro de não ficção. "Como escritor, brincar com a linguagem de um grupo social e cultural me interessa", coloca ele, cujo trabalho de jornalista inclui experiências principalmente na área da literatura. Segundo o autor, o lançamento foi concebido como um projeto popular, de leitura rápida. Mesmo antes do encaminhamento editorial, o trabalho já estava sendo negociado para adaptação cinematográfica - o acordo ainda não foi fechado.
Já Gabriel Godoy hoje é palestrante e empresário, especializado em programação neurolinguística. No YouTube, produz o canal Trilhando outro caminho, voltado à prevenção ao vício das drogas e à ressocialização de ex-criminosos.
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