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Indústria Automotiva

- Publicada em 17 de Fevereiro de 2017 às 17:55

Queda nas vendas não afeta otimismo das montadoras brasileiras

Crise econômica, desemprego e dificuldade de crédito foram responsáveis pelo recuo na produção e na comercialização de veículos; executivos já vislumbram a melhoria da atividade

Crise econômica, desemprego e dificuldade de crédito foram responsáveis pelo recuo na produção e na comercialização de veículos; executivos já vislumbram a melhoria da atividade


MIRA OBERMAN/AFP/JC
A situação das montadoras brasileiras ainda parece distante da normalidade - e ainda mais distantes das vendas recordes registradas nos últimos anos. A fábrica da Ford em Taubaté, no interior de São Paulo, por exemplo, decidiu dar férias coletivas a cerca de um terço dos seus funcionários, entre os dias 1 e 10 de março, com retorno previsto no dia 13 de março. A unidade, que fabrica motores e transmissores, conta com aproximadamente 1,5 mil funcionários.
A situação das montadoras brasileiras ainda parece distante da normalidade - e ainda mais distantes das vendas recordes registradas nos últimos anos. A fábrica da Ford em Taubaté, no interior de São Paulo, por exemplo, decidiu dar férias coletivas a cerca de um terço dos seus funcionários, entre os dias 1 e 10 de março, com retorno previsto no dia 13 de março. A unidade, que fabrica motores e transmissores, conta com aproximadamente 1,5 mil funcionários.
Além disso, todos os trabalhadores da fábrica, de férias coletivas ou não, tiveram seus cadastros no Programa de Proteção ao Emprego (PPE) renovados por mais quatro meses. Com o PPE, a Ford reduz a jornada dos seus trabalhadores em 20% e o salário, em 10%. Os outros 10% da remuneração são bancados pelo governo, com recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT).
Na fábrica da montadora, em Taubaté, o benefício do PPE terminaria no fim de fevereiro, depois de um ano de duração, mas é possível renovar por até mais um terço do período inicial. Com a renovação, o PPE agora vale até o fim de junho. A Ford já havia decidido dar férias coletivas a todos os metalúrgicos da unidade de São Bernardo do Campo, onde produz carros e caminhões.
Segundo o sindicato do ABC, a medida envolve entre 2,5 mil e 3 mil funcionários. Eles ficarão em casa entre os dias 13 e 31 de março. Essas decisões são forçadas pelo momento de crise em que vive o País e que afetou diretamente o poder de compra dos brasileiros. O número de veículos leves novos que foram adquiridos por meio de financiamento caiu 7,3% em janeiro deste ano ante igual mês do ano passado, informou a Cetip, que compila os dados das instituições financeiras.
Foram financiados, no primeiro mês de 2017, 79.333 unidades, entre automóveis e comerciais leves. Na comparação com dezembro, houve retração de 22,5%. Com isso, a participação dos financiamentos no mercado total de veículos leves novos ficou em 53,8% em janeiro. A proporção é menor do que a verificada em janeiro do ano passado, de 57,2%, mas maior que a de dezembro, de 51,4%. A diminuição da participação em relação a janeiro de 2016 ocorre porque as vendas do mercado total caíram menos nesta comparação, 4%, segundo a Fenabrave. Já as vendas em relação a dezembro de 2016 tiveram recuo mais intenso, de 27,8%.
Acrescentando à conta os veículos pesados (caminhões e ônibus) e as motos, o número de financiamentos alcançou 129.372 unidades, com recuo de 9,6% sobre o resultado de janeiro de 2016 e de 17,7% ante o desempenho de dezembro. Entre os veículos usados, considerando todos os segmentos, o número de financiamentos cresceu 21,2% em relação a janeiro do ano passado, com 271.954 unidades.
No entanto, na comparação com dezembro, houve uma queda de 6,8%. Se contarem somente os automóveis e comerciais leves, foram financiadas 250.452 unidades, alta de 20,6% ante janeiro do ano passado, mas recuo de 6,9% sobre o resultado de dezembro. Ainda assim, a Associação Nacional das Empresas Financeiras de Montadoras (Anef) mantém o otimismo ao avaliar que o volume de recursos liberados pelos bancos para financiamentos de veículos deve crescer 5,5% em 2017, para R$ 86,7 bilhões. Para o saldo de financiamento, a entidade espera um avanço de 2,5%, para R$ 166,7 bilhões.
"No primeiro semestre, o mercado deverá manter o ritmo, pois o nível de confiança da população continua baixo, e ninguém quer comprometer sua renda ou ficar inadimplente. Depois, nossa expectativa é de crescimento no volume de negócios, mais ainda muito inferior ao de anos anteriores", avaliou o presidente da Anef, Gilson Carvalho.
Em 2016, segundo o Banco Central (BC), foram liberados R$ 80,2 bilhões, queda de 9,9% em relação a 2015. "O fraco desempenho da economia impactou fortemente a concessão do crédito ao consumidor", afirmou Carvalho. "Ao mesmo tempo em que os bancos, em razão do aumento do risco, foram mais rigorosos, os consumidores optaram por adiar suas compras com medo de não quitar sua dívida", continuou.

Volvo investirá R$ 1 bilhão na América Latina, maior parte na unidade brasileira

Volvo confia na queda da inflação e dos juros para crescer

Volvo confia na queda da inflação e dos juros para crescer


VOLVO BUS/DIVULGAÇÃO/JC
Uma das poucas montadoras instaladas no Brasil que conseguiram elevar a produção em 2016, a Volvo pretende investir R$ 1 bilhão na América Latina entre 2017 e 2019, informou o presidente do grupo para a região, Wilson Lirmann. Segundo ele, "mais de 90%" dos investimentos serão concentrados no Brasil, onde a montadora tem uma fábrica de caminhões e ônibus, em Curitiba.
Lirmann, no cargo desde julho de 2016, explicou que a confiança se deve principalmente a "sinais consistentes de retomada da economia", destacando que a inflação caminha para terminar o ano abaixo do centro da meta do Banco Central (BC), de 4,5%, e que há uma tendência de redução dos juros. "São custos menores para a tomada do crédito", afirmou.
O executivo disse ainda que o agronegócio, que deve ter uma safra recorde em 2017, terá papel fundamental na retomada das vendas de caminhões pesados, segmento no qual a Volvo é líder no Brasil. A montadora espera que, na pior das hipóteses, o mercado de caminhões pesados e semipesados, onde a montadora atua, fique estável e, na melhor das hipóteses, cresça até 10% em relação ao ano passado, quando foram vendidas 29,6 mil unidades.
Embora tenha mostrado confiança com o avanço da economia, Lirmann disse que ainda há "muitas incertezas" em relação ao futuro do Brasil, o que explica o fato de a empresa trabalhar com um cenário que vai de estabilidade do mercado de caminhões pesados e semipesados até crescimento de 10%. Mesmo admitindo a incerteza, ele espera que "o primeiro trimestre continue difícil, com o primeiro semestre sem grandes alterações e um crescimento a partir do segundo semestre".
Os investimentos previstos para os próximos três anos no Brasil serão destinados ao desenvolvimento de produtos e à modernização do parque fabril. Fora da filial brasileira, os aportes devem dobrar o número de concessionárias da marca no Chile, de 7 para 13. No mercado chileno de caminhões pesados e semipesados, que vendeu 6,3 mil unidades no ano passado, a Volvo tem 11,5% de participação de mercado e ocupa a terceira posição.
Segundo Lirmann, o aumento do número de lojas no Chile deve resultar em alta nas exportações de veículos produzidos no Brasil, único país da região onde a montadora mantém fábrica. A maior presença no mercado chileno faz parte de uma estratégia da montadora para elevar as exportações que veículos que saem do Brasil.
A estratégia de aumentar as vendas para o exterior ajudou a Volvo a elevar a produção em 2016. O número de unidades produzidas em Curitiba, entre caminhões e ônibus, cresceu 6% no ano passado, impulsionado por uma alta de 20% nas exportações. As vendas internas, por sua vez, tiveram retração de 32%. Com isso, a fatia do mercado externo em relação à produção saltou de 39% para 45%. Considerando apenas caminhões, subiu de 29% para 42%.

Montadoras apostam em acordos e na ação de Trump para aumentar produção

O Egito tem hoje 100 carros produzidos no Rio circulando em suas ruas. Os veículos saíram da cidade de Porto Real no segundo semestre, em um acordo de exportação feito pelo grupo PSA Peugeot Citroën. A empresa foi uma das que enxergaram que a saída para a crise passa pelos portos.
"Mais de 90% de nossas exportações vão para a Argentina, mas buscamos novos destinos na América Latina e em outros continentes", diz Fabricio Biondo, vice-presidente de relações externas do grupo PSA. A empresa enviou para o exterior 50% dos 84 mil veículos que produziu no ano passado.
O crescimento de 24,7% das exportações em unidades em comparação a 2015 foi um dos poucos dados positivos do setor automotivo brasileiro em 2016 (as vendas caíram 20%, e a produção, 11%), e há expectativas de avanço.
Um novo acordo comercial está perto de ser fechado, com Peru e Colômbia. Mas os sonhos da Anfavea (associação que representa as montadoras) passam por México - segundo maior parceiro comercial do Brasil no setor automotivo, atrás da Argentina - e União Europeia. "A questão do México (com os EUA) preocupa a todo o mundo, precisamos entender como as relações serão afetadas", disse Antonio Megale, presidente da Anfavea.
A entidade aguarda os desdobramentos da política de Donald Trump sobre barreiras aos produtos mexicanos - 77% dos carros produzidos naquele país em 2016 foram enviados aos EUA. Em contrapartida, o México compra grande quantidade de carros usados dos Estados Unidos. É aí que surge uma oportunidade para o Brasil.
Analistas da Anfavea acreditam que, caso haja uma mudança significativa nas relações comerciais entre os mexicanos e os norte-americanos, a indústria brasileira poderá abastecer o México com carros zero-quilômetro a preço atraente. Há demanda por modelos de baixo custo naquele mercado.
Com a queda nas vendas internas, o Brasil passou a ficar bem abaixo do limite atual em cotas -
US$ 1,6 bilhão - estabelecido pelo acordo de livre-comércio com o México. O tratado atual vai até 2019, e a renegociação terá o fator Trump a ser contemplado.
 

Renault espera mercado de veículos leves estável em 2017

Captur foi lançada em um segmento, o das SUVs, que aumenta no País 
e no mundo

Captur foi lançada em um segmento, o das SUVs, que aumenta no País e no mundo


RENAULT/DIVULGAÇÃO/JC
O presidente da Renault no Brasil, Fabrice Cambolive, afirmou que a projeção da montadora para o mercado de veículos leves em 2017 é de estabilidade em relação a 2016, quando as vendas de automóveis e comerciais leves somaram 1,98 milhão de unidades, com queda de 19,8% ante o resultado de 2015. Segundo ele, o comportamento do mercado neste ano se dividirá em duas fases.
No primeiro semestre, vão se sobressair os veículos comerciais, impulsionados pelo avanço da indústria como um todo; e, no segundo semestre, deve haver expansão entre os carros de passeio, que vão se beneficiar de um período com os juros ainda mais baixos, o crédito menos restrito e o desemprego parando de subir.
A projeção foi apresentada pelo executivo durante evento de lançamento da SUV Captur, que será produzida na fábrica de São José dos Pinhais, no Paraná. A escolha deste tipo de carro é uma resposta ao avanço do segmento nos últimos anos. A participação das SUVs no mercado saltou de 11% em 2014 para 18% em 2016. "Estamos atendendo a um desejo do cliente brasileiro", disse Cambolive. O Captur, que está em fase de pré-vendas, custa R$ 78,9 mil na versão com motor 1.6 e R$ 88,5 mil na 2.0 e câmbio automático.
O modelo disputará mercado principalmente com Honda HR-V, Jeep Renegade, Hyundai Creta (lançado em dezembro) e Chevrolet Tracker. O Captur brasileiro utiliza a plataforma do também utilitário Duster e foi desenvolvido por técnicos do Brasil e da França. O investimento para a produção do Captur, que será exportado para oito países da América do Sul, faz parte do programa de R$ 500 milhões que a marca francesa aplicará no Brasil entre 2015 e 2019.
Para o diretor de marketing da Renault, Bruno Hohmann, as SUVs podem ter uma relevância ainda maior para as vendas no Brasil, destacando que, em mercados mais maduros, a fatia chega a ser de 25% a 30%. "É o segmento da moda", afirmou. De acordo com Hohmann, a decisão de lançar uma SUV também é uma tentativa de mirar os consumidores de maior renda, que têm mais facilidade para contratar crédito. "São clientes que também trocam de carro com maior frequência, de três em três anos", ressaltou.
Não é à toa que a Renault deixou apenas para o segundo semestre o lançamento de um carro de entrada, segmento que tem sofrido com a crise, porque é voltado para consumidores de menor renda. O carro seja lançado no momento em que o mercado de veículos esteja se recuperando com mais consistência, diz Hohmann. Batizado de Kwid, o novo modelo será anunciado oficialmente em julho. "É o carro certo na hora certa."