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Ferrovias

- Publicada em 16 de Fevereiro de 2017 às 22:10

Gigante chinesa mostra interesse na Transnordestina

A CSN, de Benjamin Steinbruch, deu início a conversas com a chinesa China Communications Construction Company (CCCC), maior estatal de infraestrutura da China, para vender uma parte ou mesmo toda sua participação na Transnordestina. As conversas entre as duas companhias ainda estão no início, mas reacendeu uma discussão em Brasília, que busca uma alternativa urgente para dar prosseguimento às obras, inclusive sem a participação de Steinbruch, dizem fontes a par do assunto.
A CSN, de Benjamin Steinbruch, deu início a conversas com a chinesa China Communications Construction Company (CCCC), maior estatal de infraestrutura da China, para vender uma parte ou mesmo toda sua participação na Transnordestina. As conversas entre as duas companhias ainda estão no início, mas reacendeu uma discussão em Brasília, que busca uma alternativa urgente para dar prosseguimento às obras, inclusive sem a participação de Steinbruch, dizem fontes a par do assunto.
Apesar do esforço do governo em sinalizar que a sociedade da estatal Valec com a CSN seguirá adiante, o fato é que as possibilidades de a empresa de Steinbruch seguir no negócio são mínimas. A relação entre os sócios já acumula anos de desgaste, mas a pá de cal foi dada com a decisão do Tribunal de Contas da União (TCU), que no mês passado determinou a paralisação de repasse financeiro do governo para o projeto, até que sejam resolvidas uma série de irregularidades graves que pairam sobre a obra.
A Transnordestina - ferrovia projetada para ligar o porto de Pecém, no Ceará, ao porto de Suape, em Pernambuco, passando pelo Piauí - está orçada em R$ 11,2 bilhões, dos quais R$ 6 bilhões já foram aportados, boa parte com dinheiro público.
Na semana passada, uma comitiva liderada pelo ministro dos Transportes, Maurício Quintella, foi ao gabinete do ministro do TCU, Walton Alencar Rodrigues, relator do processo no tribunal, para discutir uma saída que destrave as obras. A reunião teve ainda a presença de representantes dos governos de Pernambuco, Ceará e Piauí, além do presidente interino da Valec, Mario Modolfo.
O governo, aparentemente, está até disposto a tocar a obra sozinho. O problema é viabilizar essa mudança. Um imbróglio societário dificulta os planos porque a Valec é sócia da CSN na Transnordestina Logística S.A. (TLSA), ou seja, a Valec não atua como empresa pública, mas como parte de uma concessionária que é alvo dos questionamentos do TCU.
Representantes da CCCC estiveram em Brasília para falar do interesse na Transnordestina e em outros projetos de infraestrutura. A companhia mantém conversas com Steinbruch há alguns meses. A ofensiva chinesa, no entanto, não empolga tanto o governo. A CCCC não trouxe nenhuma sinalização concreta de como deve entrar na sociedade.
Em novembro, a gigante asiática comprou 80% da Concremat e está em negociações avançadas para tocar o projeto de porto intermodal da WTorre, no Maranhão. Em recente conversa ao Estado, a WTorre não quis comentar o assunto. Com um dívida líquida de R$ 23,4 bilhões no terceiro trimestre, a CSN decidiu colocar, há alguns meses, ativos não estratégicos à venda. Até agora, porém, só se desfez de ativos menores. Procurada, a CSN não comentou o assunto. A CCCC, também procurada, não deu retorno aos pedidos de entrevista.

Após uma década, ferrovia não tem prazo de conclusão

Steinbruch tem fama de desistir de negócios na última hora

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Folhapress/Arquivo/JC
Uma década depois de iniciada, a Transnordestina viu seus 1.753 quilômetros de extensão serem transformados em um comboio de irregularidades e problemas estruturais. Já não se sabe sequer qual será o custo total do empreendimento, tampouco quando os trilhos que cortam três estados do Nordeste serão ocupados por vagões e locomotivas.
Atualmente, a situação das obras está próxima da paralisação total. Em outubro do ano passado, quando Tribunal de Contas da União (TCU) visitou o empreendimento, havia apenas 829 funcionários trabalhando no traçado na malha. Um ano e meio atrás, esse número chegava a 5,4 mil trabalhadores.
As estimativas apontam que apenas metade do projeto foi concluída até hoje. Isso significa que a ferrovia - que entraria em operação em 2010, conforme os planos originais - não estará pronta antes de 2020. Apesar de toda a pressão de Pernambuco, Ceará e Piauí para que o empreendimento seja concluído, a realidade é que, no governo federal, há quem avalie que a ferrovia "perdeu o timing".
Esse mesmo tipo de dificuldade é enfrentado hoje nas obras da Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol), empreendimento público tocado diretamente pela Valec na Bahia. Como a Transnordestina, trata-se de outra ferrovia bilionária atrasada, sem custo total e sem prazo de conclusão definidos.
Fontes afirmam que os projetos de infraestrutura de ferrovia e portos estão na mira de gigantes asiáticas. Para a estatal chinesa China Communications Construction Company (CCCC) poder participar dos dois projetos de infraestrutura - da Transnordestina e do porto intermodal do Maranhão -, seria estratégico por aliar a logística de escoamento de produtos até o porto. Mas é cedo para dizer se a chinesa entrará mesmo nos projetos.
Considerando o histórico de Benjamin Steinbruch, dono da CSN, as apostas são de que as conversas podem não dar em nada, pois o empresário costuma desistir deste tipo de acordo. Em 2016, por exemplo, esteve perto de vender o porto Sepetiba Tecon, no Rio de Janeiro, por
R$ 1,5 bilhão, mas voltou atrás pouco antes de fechar o negócio. A CSN precisa vender sua fatia na Usiminas até 2019 por decisão do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).