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Indústria Automotiva

- Publicada em 09 de Fevereiro de 2017 às 21:43

Montadoras param produção por até um mês

Férias coletivas durante o Carnaval e ampliação do lay-off são efeitos da redução das vendas no País

Férias coletivas durante o Carnaval e ampliação do lay-off são efeitos da redução das vendas no País


GMCORP/DIVULGAÇÃO/JC
Na semana passada, um dia após as montadoras divulgarem alta de 17% na fabricação de veículos em janeiro ante igual mês do ano passado - justificada como aposta de melhora no mercado ao longo do primeiro trimestre -, empresas começaram a informar aos trabalhadores que vão suspender a produção nos próximos dias, aproveitando o feriado do Carnaval.
Na semana passada, um dia após as montadoras divulgarem alta de 17% na fabricação de veículos em janeiro ante igual mês do ano passado - justificada como aposta de melhora no mercado ao longo do primeiro trimestre -, empresas começaram a informar aos trabalhadores que vão suspender a produção nos próximos dias, aproveitando o feriado do Carnaval.
A General Motors (GM) fará a parada mais longa, de um mês, na fábrica de São Caetano do Sul, no ABC paulista. Os cerca de 5 mil funcionários do setor produtivo terão férias coletivas de 27 deste mês até 27 de março. Segundo o vice-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano, Francisco Nunes, a GM alegou queda nas vendas.
No ano passado, as vendas da marca caíram 10,8% em relação a 2015, enquanto o mercado total teve recuo de 20%. Em janeiro, a marca teve resultados 2% melhores do que no mesmo mês de 2016. O mercado total caiu 5,2%.
A GM também estendeu até 19 de abril o período de lay-off (suspensão de contratos) de 754 trabalhadores que deveriam ter retornado à fábrica na quarta-feira da semana passada após mais de dois anos de dispensa. "Nós vislumbramos um aquecimento de mercado e conseguimos negociar a prorrogação do lay-off, pois a intenção da empresa era demitir esse pessoal", afirma Nunes. A montadora deve abrir um Programa de Demissão Voluntária (PDV) nos próximos dias. Na semana passada, a GM também anunciou férias coletivas para cerca de 2,2 mil trabalhadores da unidade de São José dos Campos (SP) de 13 de fevereiro a 2 de março.
A GM não quis comentar o assunto. A fábrica do ABC produz os modelos Cobalt, Spin, Montana e uma versão do Onix. Em São José são feitos S10 e Trailblazer. Não há, por enquanto, informações de parada na filial de Gravataí (RS), onde são produzidos Prisma e a maioria das versões do Onix, o carro mais vendido no País atualmente.
A Volkswagen vai estender a parada do Carnaval por 12 dias, entre 22 de fevereiro e 5 de março, na fábrica de São Bernardo do Campo (SP). Segundo o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, cerca de 7 mil trabalhadores, todos da produção, serão dispensados, e as folgas serão contabilizadas no Programa de Seguro Emprego (PSE), que reduz jornada e salários. A Volkswagen não comentou o tema.
A Fiat também estuda parar a produção durante toda a semana do Carnaval em Betim (MG), de acordo com fornecedores da montadora. A informação não foi confirmada pela empresa. Na semana passada, a General Motors divulgou que seu lucro global em 2016 foi de US$ 9,43 bilhões, 2,7% inferior aos ganhos de 2015. A região da América do Sul, onde o Brasil responde por 60% das vendas, registrou prejuízo de US$ 400 milhões, o que representa US$ 200 milhões a menos em perdas em relação ao balanço financeiro do ano anterior.

Mercado de carros de luxo sente crise e vendas caem 30%

Veículos considerados premium, como o Land Rover, perderam espaço

Veículos considerados premium, como o Land Rover, perderam espaço


LAND ROVER/DIVULGAÇÃO/JC
Depois de sustentar consecutivas altas nas vendas, inclusive nos dois primeiros anos de crise mais acentuada do setor automobilístico, o mercado de carros de luxo sucumbiu à retração do mercado e registrou queda de quase 30% nos negócios no ano passado. O recuo superou o do mercado total de automóveis e comerciais leves, que teve redução de 20%.
Em 2014 e 2015, enquanto as vendas totais caíram 7% e 24%, respectivamente, o segmento premium teve crescimentos robustos de 18% e de 20%. Há dois anos, foram comercializados no País 67,3 mil modelos dessa categoria.
A previsão dos executivos do setor, especialmente das marcas que abriram fábricas no País - Audi, BMW, Mercedes-Benz e Land Rover -, era atingir vendas anuais de 100 mil veículos em 2016 e depois manter crescimento gradual. A crise, porém, derrubou o volume para 48,6 mil unidades no ano passado, muito próximo ao de 2013, quando essas fábricas ainda não operavam no País e o mercado era abastecido com importados.
"De fato a crise chegou um pouco atrasada para nosso segmento, mas no ano passado chegou muito forte", afirma Jörg Hofmann, que acaba de deixar a presidência da Audi do Brasil, após três anos e meio no cargo. "O que aconteceu no Brasil foi uma situação única: em três anos o mercado total caiu quase à metade, de 3,6 milhões de veículos, em 2013, para 2 milhões, no ano passado."
As quatro fabricantes locais e também líderes do mercado premium venderam 41,4 mil veículos durante o ano passado, sendo que as marcas alemãs tiveram desempenhos muito próximos. A BMW vendeu 11,8 mil automóveis e utilitários (21% a menos que em 2015). A Audi vendeu 11,6 mil (queda de 33%) e a Mercedes, 11,3 mil (queda de 35%). As vendas da Land Rover somaram 6,7 mil unidades, recuo de 24%.
Para a economista Cristina Helena Pinto de Mello, pró-reitora de Pesquisa da ESPM, os primeiros anos de crise tiveram mais impacto nos empregos, e depois na remuneração. Foi essa segunda fase que afetou mais o segmento de luxo, e veio acompanhada também da maior queda de confiança dos consumidores. "O carro é um bem desejado, mas hoje há uma reconfiguração no mercado, e muitas pessoas estão optando por outros meios de transporte, como o Uber e o táxi."
Modelos de alto luxo, chamados de "supermáquinas", também foram impactados pela crise. A Ferrari, que em 2013 vendeu 37 unidades de superesportivos que custavam acima de R$ 1 milhão, comercializou no ano passado 21 unidades. As vendas da Lamborghini saíram de 14 para 4 unidades no mesmo comparativo, enquanto as da Maserati baixaram de 21 para 12 unidades.
Bruno Pamplona, consultor especializado no mercado de luxo, credita o baixo desempenho no segmento ao câmbio, que encareceu entre 20% a 30% os preços de modelos importados, reflexo também da crise econômica que se instalou no País. Houve momentos, lembra ele, em que a cotação do dólar ficou perto de R$ 4,00. "O que está ocorrendo hoje é um movimento muito forte no segmento de seminovos", diz Pamplona. "O consumidor que fez uma aquisição nos últimos cinco anos, por exemplo de uma Ferrari, naturalmente faria a troca por um novo, mas está preferindo pegar um seminovo, com um ano de uso."
Na opinião do diretor de vendas da BMW do Brasil, Martin Fritsches, os clientes passaram a ficar mais tempo com os produtos, adiando a decisão de compra ou esperando por lançamentos. Fritsches acredita que o segmento premium será o primeiro se recuperar após a retomada do mercado. A BMW prevê crescimento de 4% nas vendas totais neste ano, com uma melhora gradual a partir do segundo semestre. "No entanto, com o cenário de hoje, não vemos uma retomada mais significativa no curto prazo."