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Legislação

- Publicada em 20 de Fevereiro de 2017 às 15:49

Mato Grosso pode ter novo modelo de ICMS

Autores querem convencer Alckmin a adotar a medida em São Paulo

Autores querem convencer Alckmin a adotar a medida em São Paulo


MARCELO G. RIBEIRO/JC
Detentor do sistema de cobrança do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) mais complexo do País, o governo de Mato Grosso tenta emplacar na Assembleia Legislativa um projeto que simplifica o tributo. Na falta de perspectiva de um acordo de reforma centralizada e nacional do principal imposto estadual - e um dos principais desafios para a reforma tributária -, o modelo a ser adotado pode servir de piloto para uma eventual iniciativa dos demais estados.
Detentor do sistema de cobrança do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) mais complexo do País, o governo de Mato Grosso tenta emplacar na Assembleia Legislativa um projeto que simplifica o tributo. Na falta de perspectiva de um acordo de reforma centralizada e nacional do principal imposto estadual - e um dos principais desafios para a reforma tributária -, o modelo a ser adotado pode servir de piloto para uma eventual iniciativa dos demais estados.
Em fase de audiências públicas, a proposta se antecipa à discussão da reforma tributária no Congresso e propõe uma reforma geral na legislação e nas alíquotas do ICMS do estado, que hoje, de tão complexas, vêm derrubando a participação do imposto no total da arrecadação nos últimos anos.
Pelo projeto, a legislação do tributo é reduzida de 1.000 para cerca de 65 páginas. Além de unificar as alíquotas e implantar o modelo de Imposto de Valor Agregado (IVA) de aproveitamento de crédito, a proposta acaba com a concessão de incentivos tributários, que deflagraram a chamada guerra fiscal entre os estados.
Depois de aprovada a proposta, incentivos para serem concedidos terão de ser orçamentários, e não via redução do tributo. O projeto prevê alíquota única de 15% (hoje é em média de 18%) e outra de 25% para telecomunicações, energia e combustíveis. Atualmente, a alíquota desses três setores é de 35%.
Por trás do projeto está a estratégia para que a aprovação da nova legislação em Mato Grosso sirva de modelo e leve outros estados a seguirem o mesmo caminho, tirando de Brasília o centro das negociações e garantindo mais protagonismo na reforma aos governadores. É a reforma "Uber", como define o coordenador do Núcleo de Estudos Fiscais, Eurico Marcos Diniz de Santi, autor do projeto e diretor do Centro de Cidadania Fiscal, um grupo de estudos de reforma tributária patrocinado por empresas.
"Como o Uber, o projeto de reforma nasce como uma alternativa, já que, há décadas, tenta-se reformar o ICMS sem acordo", explica. O trabalho de consultoria foi doado ao estado pelo movimento Brasil Competitivo e recebeu apoio do governador Pedro Taques (PSDB). Ele resolveu encampar politicamente o projeto e pretende aprová-lo a tempo de entrar em vigor em 2018.
Segundo De Santi, o projeto foi feito com base em 10 premissas. A principal é a de neutralidade. Ou seja, de que não haverá aumento da carga tributária. Segundo ele, há o compromisso do governo em manter a mesma relação atual entre Produto Interno Bruto (PIB) e arrecadação do ICMS. Outro ponto básico é a isonomia, que pressupõe que as incidências da tributação sobre o consumo sejam uniformes em relação a todos os produtos e serviços. Além disso, é premissa que o governo não poderá fazer política industrial ou de redistribuição de renda com tributação sobre o consumo.
A proposta está tramitando na Assembleia Legislativa, mas enfrenta resistência principalmente do setor de comércio. Segundo o secretário de Fazenda de Mato Grosso, Gustavo de Oliveira, o governo espera vencer essa barreira com negociação. Segundo ele, alguns segmentos empresariais questionaram a elevação da carga tributária para eles. O governo agora está avaliando todos os problemas que os setores apontaram. O maior deles é que, de quatro empresas no estado, três estão enquadradas no Simples, sistema que não tem aproveitamento do crédito premissa do modelo IVA.
Os autores do projeto estão tentando convencer o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, a também adotar projeto semelhante para formar um corredor exportador entre Mato Grosso e São Paulo, para que outros estados façam o mesmo. Eles avaliam que a mudança pode abrir o caminho para a reforma tributária em 2018 num cenário em que o peso dos impostos será tema central das eleições.

Simplificação tributária volta à pauta

Após a aprovação tanto do teto dos gastos públicos quanto da reforma do Ensino Médio e o encaminhamento das reformas da Previdência e da legislação trabalhista, o presidente da República, Michel Temer (PMDB), disse que o próximo passo do governo será em direção à simplificação tributária.
Durante lançamento de medidas de apoio ao agronegócio, Temer disse preferir falar em simplificação tributária em vez de "reforma tributária", mas não adiantou prazos das medidas que o governo pretende encaminhar nessa área.
O presidente frisou que, "se houver tempo", dará apoio à reforma política, que chamou de "reformulação política", classificada por ele como "fundamental". Embora tenha ponderado que as mudanças nesse campo são de atribuição do Congresso, Temer argumentou que o Planalto poderá dar "uma mão" na aprovação dessa reforma. "Se fizermos todas essas reformas, eu me darei por satisfeito", afirmou o presidente, que, mais uma vez, disse que seu governo é reformista.