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Opinião

- Publicada em 17 de Janeiro de 2017 às 19:37

A concorrência e as mudanças no serviço de táxi

Atividade indispensável para qualquer município com vida urbana, o serviço de táxis talvez esteja passando pela sua maior transformação desde que foi criado, a partir da inserção de aplicativos de empresas estrangeiras como Uber e Cabify, que chegaram ao Brasil nos últimos anos.
Atividade indispensável para qualquer município com vida urbana, o serviço de táxis talvez esteja passando pela sua maior transformação desde que foi criado, a partir da inserção de aplicativos de empresas estrangeiras como Uber e Cabify, que chegaram ao Brasil nos últimos anos.
Antes disso, a atividade viveu seu ápice. Nos primeiros anos desta década, com o consumo em alta, o País crescendo e a população economicamente ativa empregada, o uso de táxis aumentou consideravelmente, garantindo renda razoável aos profissionais, além de valorizar "o preço das placas" - a licença para realizar o serviço.
Em Porto Alegre, muito se discutiu se a quantidade de táxis era adequada, pois, mesmo com cerca de 4 mil veículos, havia dificuldade para fazer uma corrida nas horas de pico ou em dias de chuva.
A tarifa, por vezes, era considerada "cara", embora o reajuste seja feito com base no Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M) e tenha o aval da EPTC e do Conselho Municipal de Transportes Urbanos. E, ao mesmo tempo, havia demanda, o que permitia que os aumentos fossem dados sem comprometer a clientela e a renda dos taxistas.
Pois o quadro mudou drasticamente nos últimos dois anos com a concorrência que chegou ao serviço. A popularização de smartphones e da banda larga para a internet permitiu o avanço de aplicativos que fazem a intermediação entre o cliente e o motorista, definindo um preço para o deslocamento.
O valor mais baixo, especialmente em um momento de crise, fez com que logo os novos serviços se popularizassem, especialmente o Uber, que teve um crescimento exponencial de 2015 para cá.
Com isso, taxistas viram a quantidade de trabalho despencar. Claro, o aumento galopante do desemprego, que já atinge mais de 12 milhões de brasileiros, e dois anos de queda na atividade econômica - o PIB de 2016 caiu mais de 3% - também contribuíram. Mas o fator decisivo foi a concorrência com os aplicativos.
Inicialmente, a atividade dessas multinacionais não estava nem regularizada em Porto Alegre. A capital gaúcha só oficializou o trabalho em lei no final do ano passado, muito depois de o Uber e o Cabify terem caído nas graças dos passageiros.
Cabe observar, ainda, que o momento da economia e descontos de aplicativos não são os únicos fatores que desencadearam essa mudança rápida nos hábitos de usuários de táxi. Sem concorrência, o serviço era alvo de críticas recorrentes, mas os passageiros acabavam por voltar a usar o serviço.
Evidentemente, há taxistas exemplares. Porto Alegre tem muitíssimos profissionais com atuação irreparável. Entretanto alguns maus exemplos acabaram por prejudicar a categoria. Falta de troco, grosserias por corridas curtas, direção em velocidade acima do desejável, carros velhos e motoristas mal educados eram algumas das queixas, inclusive relatadas para a EPTC.
De outra parte, os aplicativos chegaram com forte investimento em marketing, apelando para o contrário dessas deficiências: boa educação, direção em baixa velocidade e até mimos como balas e água. É claro que há defeitos e maus motoristas também nos aplicativos - são crescentes, por exemplo, as queixas sobre o serviço do Uber.
Ainda assim, os taxistas terão trabalho para retomar o terreno perdido. Uma boa iniciativa foi posta em prática na segunda-feira pelo Sindicato dos Taxistas (Sintáxi), um aplicativo com 50% de desconto para corridas de táxi. Com isso, o preço será igualado ou até ficará menor. Mas a questão definitiva, na saudável concorrência no setor, será a qualidade da prestação do serviço.
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