Ulisses Miranda

Mauro trocou a venda de drogas pelas roupas de marca própria, a DBX, usadas por artistas

Marca de roupas aposta no estilo de vida da periferia

Ulisses Miranda

Mauro trocou a venda de drogas pelas roupas de marca própria, a DBX, usadas por artistas

Mauro Jonathan Duarte Jardim, conhecido como John, 25 anos, sempre gostou de se vestir bem. O gosto pelas roupas se uniu a uma necessidade. Em 2014 deu início oficial a sua marca de roupas, a Deboxe. Definida como um “estilo de vida para quem não se apega em rótulos e tem personalidade forte”, a DBX tem diversas estampas e modelos. As camisas custam entre R$ 50,00 e R$ 65,00 – são vendidas, em média, 50 por mês. As calças saem por R$ 70,00 e o moleton por R$ 80,00. Através da página UseDeboxe no Facebook – com mais de seis mil curtidas –, via DeboxeDbx no Instagram ou contatando pelo Whatsapp (51) 98427-6802, você pode encomendar as peças e retirá-las na loja localizada na Avenida Bento Gonçalves nº 1884.
Mauro Jonathan Duarte Jardim, conhecido como John, 25 anos, sempre gostou de se vestir bem. O gosto pelas roupas se uniu a uma necessidade. Em 2014 deu início oficial a sua marca de roupas, a Deboxe. Definida como um “estilo de vida para quem não se apega em rótulos e tem personalidade forte”, a DBX tem diversas estampas e modelos. As camisas custam entre R$ 50,00 e R$ 65,00 – são vendidas, em média, 50 por mês. As calças saem por R$ 70,00 e o moleton por R$ 80,00. Através da página UseDeboxe no Facebook – com mais de seis mil curtidas –, via DeboxeDbx no Instagram ou contatando pelo Whatsapp (51) 98427-6802, você pode encomendar as peças e retirá-las na loja localizada na Avenida Bento Gonçalves nº 1884.
A história de John sempre envolveu vendas. Contudo, seu ‘produto’ eram as drogas. “Fui seduzido pelo tráfico”, inicia. Queria melhorar de vida. Os ganhos daquela função o permitiam usar roupas caras e, muitas delas, exclusivas. A ostentação o mantinha sob as asas do crime. “Ganhei dinheiro. Na época não era tanta violência, era mais dinheiro mesmo. Eu me vestia bem”, continua John. Ficou um ano e meio preso por assalto. Recém havia completado 18 anos. No período em que cumpria pena, sua mãe deu a luz a um irmãozinho. Familiares e amigos ficaram espantados com a semelhança dos dois. Durante o tempo de semiliberdade, em visita a casa da mãe, seu pai apresentou para ele uma música interpretada por Diogo Nogueira e escrita pelo pai do cantor, João Nogueira. O nome da música? Espelho.
John, sentou ao lado de um espelho. O samba dos Nogueira tocava quando seu pequeno irmão, defronte à superfície lisa, mirava seu próprio reflexo. O som, o ângulo em que se encontrava, a família e o tempo passado na cadeia, fizeram John refletir. “Eu olhei para o espelho e olhei para ele (irmão), naquela viagem da música. E pensei: ‘na real’ eu sou o espelho desse guri. O que eu fizer, sendo certo ou errado, ele vai fazer”, relembra. Imediatamente procurou pela mãe. Disse para ela que iria “se acertar com os caras”. Saiu atrás de um emprego. Seus “colegas de trabalho” riram quando ouviram a notícia. Disseram que ele logo retornaria pela falta de dinheiro.
Não voltou. Nessa retomada, acabou pulando de serviço em serviço. “Não me adaptei muito bem, aquele negócio de ser mandado e tal”, conta John, bem-humorado. Admite que chegou a ter um bom emprego, mas que não soube valorizar. Próximo as festas de final de ano e sem emprego, contava com apenas 50 reais. A vaidade bateu quando viu amigos, vizinhos e conhecidos de roupa nova. Sem muitos recursos, inventou. “Cheguei na costureira e perguntei se conseguiria fazer uma regata e uma bermuda, e quanto que precisava comprar de tecido e tal”, explica. Encontrou o tecido no centro de Porto Alegre, levou para a costureira e, pronto o produto, usou no réveillon de 2013 para 2014. “Quando saí para rua deu impacto. Teve quem perguntou onde eu comprei, outros que não acreditaram que mandei fazer. Outros ainda ‘folgaram’, dizendo que parecia uma fantasia”. Os amigos, mesmo céticos quanto a veracidade da história, disseram que “se era verdade” ele estava perdendo grana. “Falaram em dinheiro e deu aquele estalo”, diz.
O estalo rende hoje o sustento de John e a família. O produto que fez “virar a chave” da DBX foi uma touca. A rigidez do inverno aliada a publicidade do ‘boca a boca’, fizeram o produto se disseminar rapidamente. O baixo custo de produção, entre R$10,00 e R$ 15,00, dava a John uma boa margem de lucro – já que ele vendia por R$ 30,00. Ganhou bastante dinheiro, mas não soube estruturar suas finanças. Gastou além do que devia. “Quando eu vi, estava sem dinheiro, sem material. Comecei de novo”. Pouco depois, recebeu a notícia de que seria pai. Acreditava que apenas com as vendas das roupas não conseguiria se manter, por isso novamente foi atrás de um emprego formal. Em uma empresa de call center trabalhou por um ano. Foi tempo suficiente para ser promovido e juntar dinheiro para investir no seu negócio.
Com a ajuda dos amigos conseguiu aumentar a visibilidade da marca. Levava peças da DBX em festas organizadas por seus conhecidos para presentear diferentes artistas. Entre os presenteados estão: Nego do Borel, MC Kauan e Rogério Flausino (da banda Jota Quest).
As dificuldades que encontrou quando começou a vender roupas é o que hoje motiva John a receber novas marcas em sua loja. “Agora eu estou tentando retribuir. Tipo assim, no começo eu passei em várias lojas pedindo para expor minhas roupas e ninguém quis. Mas aqui eu já tenho três marcas”, esclarece. “Eu sei o quanto é importante essa oportunidade. E muita gente me ajudou então eu quero tentar retribuir”, completa.
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