Passeios de caiaque convidam a ver o Guaíba de outro ângulo

Empreendedores criam opções de lazer para quem fica em Porto Alegre no verão


Passeios de caiaque convidam a ver o Guaíba de outro ângulo

Verão, para muitos, é sinônimo de férias, praia e lazer. Época de colocar o pé na estrada rumo ao Litoral. Muitos empreendedores, cientes disso, investem na região praiana, abrindo negócios temporários. Há, porém, quem enxergue potencial em Porto Alegre mesmo. Bom para o público, que a menos de uma hora do Centro encontra opções de parques aquáticos, passeios turísticos sobre a água e esportes náuticos.
Verão, para muitos, é sinônimo de férias, praia e lazer. Época de colocar o pé na estrada rumo ao Litoral. Muitos empreendedores, cientes disso, investem na região praiana, abrindo negócios temporários. Há, porém, quem enxergue potencial em Porto Alegre mesmo. Bom para o público, que a menos de uma hora do Centro encontra opções de parques aquáticos, passeios turísticos sobre a água e esportes náuticos.
Quem mora na Capital já está acostumado a assistir ao pôr do sol com suas cores refletidas no Guaíba. E que tal acompanhar o fenômeno dentro do próprio lago? A Kayaktrip, criada por André Agustoni, 59 anos, se propõe a oferecer esta e outras experiências. O projeto promove passeios de caiaque desde 2012 (até para quem nunca chegou perto de um), convidando o aventureiro a admirar as belezas naturais de outro ângulo.
Entre os cinco trajetos disponíveis estão previstas paradas para descanso em pontos como Ilha do Oliveira, Ilha do Pavão, Casa da Pólvora (na Ilha do Conga) e Ponta Grossa. Alguns também podem ser feitos à noite (para observar a lua cheia) ou no final da tarde.
Os programas variam entre 8 km e 14 km, com uma média de três horas de duração, e custam R$ 85,00 por pessoa. Pode ter até 10 participantes por vez. As saídas são apenas aos sábados e domingos, respeitando as condições climáticas. Em caso de muito vento ou chuva, a atividade é adiada. Todos os acessórios de segurança são fornecidos pela empresa, o cliente deve levar somente o próprio lanche e uma roupa confortável.
Devido a forma e tamanho dos caiaques, a participação é restrita a pessoas com até 1,95 metro de altura e para crianças acima de 10 anos, uma vez que exige esforço físico.
A Kayaktrip nasceu do desejo de André compartilhar o que desbravava como remador, desde 1976, e canoísta, desde 1999. "Eu queria mostrar para os outros o que conheço. As pessoas nem imaginam que existam lugares paradisíacos aqui. Temos até dunas de areia com cinco metros de altura", relata.
Com quatro anos de funcionamento, o negócio é sustentável apenas no verão, o que obriga André a exercer atividades complementares para se manter. Por isso também é dono de uma gráfica. "O nosso clima prejudica muito. No inverno, é muito frio, então o pessoal não quer fazer atividades na água. A gente trabalha no verão para pagar no inverno", afirma.
Os desafios do mercado não desanimam o empreendedor. "A intensão não é ganhar dinheiro, mas mostrar um modo de vida. Muitos já compraram seus próprios caiaques e entraram para o Clube de Regatas Guaíba-Porto Alegre", orgulha-se, sobre o local de onde partem seus grupos.
Desde a abertura da Kayaktrip, foram realizados cerca de 106 passeios. André conta que já conseguiu reembolsar o investimento de US$ 8 mil - utilizados na compra de quatro caiaques e equipamentos de segurança.
Além dos lucros, o esportista, que é formado em Educação Física, se preocupa em passar a consciência ecológica a quem tem contato. Isto justifica o novo trajeto pela orla de Itapuã, que deve ser incorporado a sua lista. A ideia é que as pessoas recolham o lixo que encontrarem ao longo do passeio, ajudando a preservar o parque. Ele também planeja expandir a empresa para o Litoral.
Cerca de 85% dos clientes dele não são remadores. O restante é de atletas amadores que querem dicas para compra de equipamentos ou sugestão de destinos. "Tem um cliente que veio seis vezes. Agora, ele está dando ideia de trechos novos para fazermos", empolga-se.
O empreendedor avalia que investir no verão de Porto Alegre é promissor, mas é preciso estar atento às necessidades. Para ele, propostas que interajam com a natureza são uma boa aposta. "As pessoas têm procurado muito mais atividade ao ar livre, grupos de corrida, pedaladas, sair um pouco da academia", argumenta.

Parque aquático de Viamão recebe cerca de 55 mil visitantes no período de calor

Apostando em novidades e em publicidade, o Clube Parque das Águas, parque aquático situado no km 33 da RS-118, em Viamão, recepciona 55 mil visitantes entre novembro e março. No último mês de dezembro, já recebeu 25 mil pessoas.
São 14 brinquedos aquáticos, 10 atrações temáticas, ambiente com churrasqueira e campo de futebol disponíveis para quem desembolsa R$ 70,00 para passar o dia. Crianças entre dois e 10 anos pagam
R$ 40,00. Localizado a 35km do Centro de Porto Alegre, o local se torna uma alternativa prática e econômica para quem deseja aproveitar o dia de sol e não quer se deslocar à praia, conforme defende o sócio-proprietário Célio Masson, 52 anos.
"Há a questão do trânsito, de chegar até as praias e a própria crise financeira. Calculando tudo, se torna mais vantajoso vir ao parque, porque as pessoas vêm passar o dia e voltam para casa, não precisam gastar com hospedagem. Não é preciso ir tão longe para ter lazer."
A unidade de Viamão foi inaugurada em 1999, após o primeiro parque de Célio ter sido aberto em Farroupilha, em 1996. Antes de abrir o negócio, o empreendedor vendia títulos de um parque aquático em Mato Grosso. E a partir da experiência, resolveu criar o seu próprio. "Muitos me perguntam por que eu vim investir aqui no Sul, quando nós só temos três meses de verão. Eu enxerguei o potencial econômico que havia aqui e a carência de opções de lazer", esclarece.
Atualmente, o clube conta com 15 mil sócios ativos, possui 57 hectares - 44 em Viamão - e emprega 250 funcionários. Apesar de ser um negócio que se sustenta, Célio afirma que já passou por dificuldades para manter a empresa, e precisou utilizar estratégias para atrair o público. Lançar um brinquedo novo por ano está entre elas.
"As pessoas precisam de novidade, o cliente é muito exigente", explica a sócia e esposa, Valéria Masson, 46 anos.
Segundo eles, esse planejamento seria inviável se os materiais fossem adquiridos da maneira convencional, comprados de empresas terceirizadas. Então a solução foi confeccionar os próprios brinquedos, decisão que foi crucial para o empreendimento. "Fazendo isso, conseguimos reduzir até 70% os custos", elucida Célio.
Como exemplo, ele cita o Aqualooping, brinquedo que estreou neste ano. "Se fôssemos comprar, gastaríamos uns R$ 6 milhões. Construindo, gastamos
R$ 1,5 milhão." Os equipamentos são idealizados por Célio com auxílio de um engenheiro mecânico.
Outra estratégia utilizada é contatar por WhatsApp os clientes já cadastrados e convidá-los a reunir a família no local. Valéria ressalta, ainda, que o parque é aberto para pessoas com deficiência e possui funcionários capacitados para atender esse público.

Aulas de Stand Up Paddle na orla de Itapuã para experientes e estreantes

Leandro Fraga, 38 anos, decidiu abrir sua empresa, a SUP Adventure, para compartilhar das belezas que descobriu ao remar pelo Guaíba. Ele oferece passeios de Stand Up Paddle (SUP), modalidade de remo em pé em uma prancha.
"O foco é fomentar a região de Itapuã para valorizá-la. Com o SUP, é possível explorar de forma sustentável, porque é um esporte que não polui e não faz barulho", explica Leandro.
Os passeios podem ser feitos por pessoas a partir de 10 anos e não tem limite de idade, com custo de R$ 80,00 por hora para quem é familiarizado com o esporte. Aos que nunca praticaram, o valor é de R$ 120,00, já que o trajeto é precedido por uma aula para quebrar o gelo.
A SUP Adventure realiza, inclusive, expedições. O cliente é levado de barco até "locais paradisíacos", como ilhas que rodeiam a Capital, e delas parte para o exercício. Essa opção custa R$ 150,00 e tem duração média de quatro horas.
O instrutor afirma que os passeios proporcionam benefícios que vão além da contemplação e atividade física: transmitem conhecimento histórico e consciência ecológica.
"Explico o que realmente é Itapuã. Ali, aconteceu a Revolução Farroupilha, a Guerra dos Farrapos, há muitas lendas", considera ele, que gosta deste papel de troca constante, o de guia turístico.
Para quem deseja se aprofundar nas técnicas, há um curso mais longo, com o preço de R$ 990,00. O programa contempla 10 aulas, em um total de 10 horas.
Leandro é remador de SUP desde 2007 e já percorreu 189 km entre o Guaíba e a Lagoa dos Patos. Sua relação com a água e os negócios, no entanto, tem 18 anos.
A estreia no empreendedorismo foi através da sua empresa de esportes aquáticos e de aventura, a Ecolife. Nela, são oferecidas diversas atividades, como paraquedismo, tirolesa, arvorismo, trekking, passeios de barco e mergulho. A SUP, na verdade, é um braço da Ecolife, pois foca em um nicho no qual Leandro enxerga potencial.
Após cinco anos da abertura, a SUP Adventure realiza cerca de 200 passeios no período de veraneio, e soma 350 ao longo do ano.
"Estamos tendo um retorno legal. A grande vantagem da região é que a água é limpa. Isso é um grande diferencial. Além das belezas naturais que tem por lá", comenta.
O lucro de Leandro continua sendo com os serviços que presta na Ecolife, mas garante que a empreitada mais recente é economicamente viável.
Sobre o potencial turístico de veraneio em Porto Alegre, o empreendedor entende que existem oportunidades ainda não descobertas e valorizadas.
"Infelizmente, a mídia não divulga o Guaíba como atração turística, e temos belezas naturais muito lindas aqui. As paisagens de Angra dos Reis são tão bonitas quanto as do Guaíba, a diferença é que nossa água é barrenta", compara. "Vale a pena investir no verão de Porto Alegre, temos várias praias pouco ou inexploradas", completa.
O fato de o esporte não ser poluente é um dos maiores atrativos do SUP para Leandro. Esta preocupação com o meio ambiente se reflete nos projetos paralelos que o atleta toca. Desde 2015, ele ensina crianças de uma escola local a fazer as próprias pranchas com garrafas PET.
Após a confecção, ensina os jovens a usá-las. Seu plano é montar uma escola de pranchas, para que possa atender um número maior de alunos.