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Gestão

- Publicada em 05 de Janeiro de 2017 às 22:19

Pedidos de recuperação crescem no Estado

Para Simone Leite, muitos empresários adiaram solução de problemas

Para Simone Leite, muitos empresários adiaram solução de problemas


MARCO QUINTANA/JC
A principal ferramenta de recuperação de empresas do Brasil com apoio da Justiça foi utilizada pelos gaúchos em um volume muito acima da média nacional em 2016. Um claro sinal de que a crise acertou de forma mais contundente quem está instalado no Rio Grande do Sul do que em outras partes do Brasil. Enquanto o volume de pedidos de recuperação judicial no País subiu 45% entre 2015 e 2016, a alta no Estado foi de 62%, passando de 120 para 192 pedidos.
A principal ferramenta de recuperação de empresas do Brasil com apoio da Justiça foi utilizada pelos gaúchos em um volume muito acima da média nacional em 2016. Um claro sinal de que a crise acertou de forma mais contundente quem está instalado no Rio Grande do Sul do que em outras partes do Brasil. Enquanto o volume de pedidos de recuperação judicial no País subiu 45% entre 2015 e 2016, a alta no Estado foi de 62%, passando de 120 para 192 pedidos.
Luiz Rabi, economista da Serasa Experian, que divulgou os números, acrescenta ainda que houve grande amento no número de pedidos aprovados: 300% mais empresas efetivamente entraram em recuperação, passando de 15 para 60 em um ano. "Vale lembrar que apenas uma em cada quatro empesas que entram efetivamente em recuperação consegue se reestruturar, infelizmente. A maioria morre no meio do caminho. Isso porque, em geral, as empresas prorrogam demais para pedir a recuperação judicial. Fazem quando já estão na UTI, digamos assim, e a aí é mais difícil de tratar o paciente", diz Rabi.
Ao analisar o cenário nacional, Rabi explica que o Estado ampliou sua participação nacional no cenário de recuperação judicial de 9,4 para 10,2% do total. E explica que, se o Estado piorou nessa proporção, é porque outros estão o conseguindo se estruturar de forma mais acentuada. O problema que afeta empresas de todos os setores e portes.
No Rio Grande do Sul, o índice desfavorável acima da média se deve aos atrasos no salários dos servidores, que desencadeiam queda nas vendas do comércio e dos serviços, retirando fluxo de caixa das empresas, entre outras razões, avalia a presidente da Federação das Associações Comerciais e de Serviços do Estado (Federasul), Simone Leite. "Comércio e serviços estão entre as muitas empresas com problemas de fluxo de caixa devido à crise nacional e, especialmente, do Estado. O atraso no pagamento dos servidores públicos afetou diretamente o varejo, mas também temos um elevado custo logístico pela má qualidade das estradas, e também tivemos alta no ICMS neste ano, o que pesou diretamente no varejo", alerta Simone.
A presidente da Federasul ressalta também que, assim como a indústria, gestores do comércio e da área de serviços demoraram a perceber a gravidade da crise, o que levou à demora na reação. O maior sinal dessa atraso de percepção eram os índices elevados de confiança empresarial mensurados por entidades como a Fundação Getulio Vargas.
"Em 2015, ainda se tinha elevada ideia de que o País melhoraria em 2016. Assim, muitos gestores e empresários acabaram empurrando problemas com a barriga, esperando por uma melhora que não veio. Agora, vivemos cenário parecido, quando há certa expectativa de melhores no segundo semestre. O lado positivo da alta demanda por recuperação judicial no Estado é que, ao que parece, as empresas estão adotado a ferramenta mais cedo e com projetos melhor estruturados", pondera Simone.
 

De Bagé vem um exemplo de sucesso

Supermercado Peruzzo teve alta de 10% nas vendas no ano passado

Supermercado Peruzzo teve alta de 10% nas vendas no ano passado


PERUZZO/DIVULGAÇÃO/JC
No Rio Grande do Sul, não é difícil encontrar grandes empresas entre aquelas listadas com pedidos de recuperação em 2016, como Comil, fabricante de veículos de Erechim, e Camera, de Santa Rosa, que atua no agronegócio. O Estado também conta com bons exemplos de quem conseguiu fazer bom uso da ferramenta e se reerguer. A rede de Supermercados Peruzzo, de Bagé, entrou em recuperação judicial em 2014, logo que percebeu que teria problemas de caixa, e em 2016 comemorou alta nominal de 10% nas vendas.
"Não esperamos para estar no sufoco para encaminhar o pedido. Fizemos assim que vimos que poderíamos vir a ter problemas, contratamos um profissional para apoiar mudanças na empresa e fizemos a redução de custos necessárias, e já temos resultados positivos. Como foi tudo muito bem planejado, sequer perdemos fornecedores. Inclusive conseguimos pagar à vista as últimas compras feitas", comemora Lindonor Peruzzo, fundador da empresa, que tem 21 lojas no Estado e também contratou um consultor para coordenar as mudanças.
O exemplo é saudado pela presidente da Federasul, Simone Leite. Ela cita a rede como simbólica, por ter feito o "serviço de casa", e referência para quem que está entrando na linha de frente da crise. "Temos pesquisas mostrando que é justamente no comércio e no serviços que as contas estão ficando ainda mais complicados. O que foi feito por eles pode ajudar outros empresários", afirma.