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Porto Alegre, segunda-feira, 23 de janeiro de 2017. Atualizado �s 18h18.

Jornal do Com�rcio

Panorama

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Literatura

Not�cia da edi��o impressa de 24/01/2017. Alterada em 23/01 �s 17h06min

Ap�s pol�mica, nova biografia de Roberto Carlos ser� lan�ada no segundo semestre

Nova biografia de Roberto Carlos ser� lan�ada no segundo semestre

Nova biografia de Roberto Carlos ser� lan�ada no segundo semestre


GILMAR LU�S/JC
O escritor Paulo Cesar de Araújo não tem boas recordações da manhã de 17 de janeiro de 2007. Há 10 anos e seis dias, Roberto Carlos entrava na Justiça com uma queixa-crime e um pedido de busca e apreensão contra a biografia Roberto Carlos em detalhes, de sua autoria.
Milhares de cópias já estavam nas lojas quando, cinco dias depois, uma determinação ordenou a retirada dos exemplares e estipulou uma multa de R$ 50 mil ao lojista que mantivesse a vida de Roberto exposta na vitrine.
Desde então, a reação de Roberto Carlos abateu o mercado editorial e angariou simpatia de um grupo de artistas decididos a apoiar o cantor em sua cruzada pelas biografias não autorizadas e ricocheteou no teto. Agora, a história pode mudar.
Uma nova biografia de Roberto será lançada até o segundo semestre deste ano. Escrita pelo mesmo Araújo, a publicação centra agora na obra para explicar o mito. O mesmo tom respeitoso e a apuração de fôlego de Araújo não devem poupar Roberto de episódios desconfortáveis, como a traumática perda de parte da perna direita em um acidente na infância, nem ceder à sanha do cantor pelos tribunais.
Dez anos e uma decisão do Supremo Tribunal Federal depois, o mundo não é mais o mesmo. "Os processos são do jogo, e nenhuma editora luta para publicar o que quer. Mas o biografado que decidir processar um biógrafo vai ter de pensar mais. Afinal, vale a pena comprar a briga?", diz Carlos Andreazza, editor executivo da Record, responsável pelo lançamento da nova biografia.
Araújo diz que escreve sem medo. "Os casos estarão todos lá, até porque Roberto nunca disse que algo do livro fosse mentira. Seu cavalo de batalha não foi esse." E o que teria mudado na vida de um biógrafo nesses 10 anos? "Quando pedia uma entrevista para o livro, eu vivia ouvindo a frase 'mas você tem autorização para escrever?'. Havia uma naturalização desta ideia. O cenário hoje é diferente", lembra ele.
A editora de Araújo deve fazer uma operação para inundar as lojas com a nova biografia. A tiragem inicial, de ambiciosas 50 mil cópias (um livro com bom potencial de vendas sai, em geral, com 10 mil), será usada em pilhas armadas em vitrines e em locais privilegiados das lojas. "As pessoas vão saber o dia do lançamento, mas vamos guardar várias informações, como o título e a capa, para que elas só conheçam o produto nas lojas", afirma Andreazza.
Marco Antonio Campos, advogado de Roberto Carlos em possíveis casos caluniosos, de injúria, difamação ou de uso indevido de sua imagem, conta que estará atento no dia do lançamento do livro. "Eu não tenho nenhuma expectativa nem alguma pré-orientação. Assim que sair o livro, vamos examinar se ele comete algum crime, algum delito que o outro já cometia. Ainda não tem como fazer um juízo antecipado."
É muito provável que o próprio Roberto não leia sua nova biografia. Muitos acreditam que ele não tenha lido nem a primeira, que mandou retirar das livrarias. O traço controlador da própria imagem, no entanto, não vem de agora. Uma matéria da jornalista Sonia Abraão para uma edição da Revista Contigo de 1980 relata a censura pessoal de Roberto a várias partes do programa Quem tem medo da verdade, da TV Record.
Para permitir a reexibição da edição gravada 10 anos antes, Roberto fez suas exigências. Sentou-se na ilha de edição da emissora com expressão de delegado, como mostra a foto da revista, e empunhou a tesoura com assustadora destreza. "Logo de cara, ele exigiu que fosse retirada sua opinião sobre os hippies. Em seguida, cortou o que falou sobre seu casamento com Nice e a parte em que os jurados atacaram seu maior rival naquele ano de 1970, Paulo Sérgio", descreve Sonia.
No momento em que reviu um entrevistador perguntar sobre o acidente com sua perna, Roberto - descreve a reportagem - deu um pulo da cadeira. "Corta, bicho! Corta isso já!" E mandou mudar também a parte em que falava de seu envolvimento sentimental com Wanderléa.
A nova biografia deve ser a prova de fogo ao julgamento do caso no STF, em junho de 2015, quando a votação se tornou uma peça histórica contrapondo a liberdade de expressão e de informação aos também legítimos pedidos de direito à privacidade. Até aqui, nenhuma publicação assinada por um biógrafo trouxe conteúdo explosivo a ponto de colocar em teste tal determinação.
A era pós-STF promete páginas quentes. A mesma Record tem na programação uma biografia da apresentadora Hebe Camargo, escrita pelo jornalista Artur Xexéo, e do político e empresário Teotônio Vilela, de Carlos Marchi. A Companhia das Letras tem na agenda, para sair entre 2017 e 2018, as bios do empresário Roberto Marinho (de Leonêncio Nossa), do apresentador Silvio Santos (de Ricardo Valladares), do político Carlos Lacerda (de Mario Magalhães) e do personagem histórico Tiradentes (de Lucas Figueiredo).
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