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Porto Alegre, segunda-feira, 30 de janeiro de 2017. Atualizado �s 13h55.

Jornal do Com�rcio

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M�sica

Not�cia da edi��o impressa de 23/01/2017. Alterada em 20/01 �s 17h09min

Saudade da musa: Nara Le�o completaria 75 anos caso estivesse viva

Nara Le�o, uma das incentivadoras da bossa nova

Nara Le�o, uma das incentivadoras da bossa nova


OSWALDO JURNO/AE/JC
O dia 19 de janeiro já passou, mas vale lembrar que ele é mítico para a MPB por dois motivos: foi neste dia que, há 35 anos, Elis Regina morreu, privando a música brasileira de um dos seus maiores nomes. Contudo também é motivo de celebração: caso estivesse viva, Nara Leão estaria comemorando 75 anos. Ela simbolizou como nenhuma outra o canto quase falado da bossa nova.
Aliás, reza a lenda que a bossa teria nascido no famoso apartamento de Nara, em frente ao Posto 4 em Copacabana, zona Sul do Rio de Janeiro. A moça, que havia estudado na escola de violão de Roberto Menescal e Carlos Lyra, costumava reunir a rapaziada que bolava a nova música, sob os olhares complacentes do pai, o médico Jairo Leão, e a mãe, Altina.
Há muito mito sobre a origem da bossa nova, por exemplo, que o estilo teria como característica o canto discreto, acompanhado do igualmente sóbrio violão, justamente para não causar reclamação dos vizinhos. Era música de apartamento e tinha de ser cantada baixinho.
Mas essa é apenas uma explicação singela para um movimento que revolucionou a harmonia do samba, alterou-lhe o fraseado, propôs novos temas para as letras e, a partir da batida de violão de João Gilberto, tornou-se algo de fato original. E assim saiu do Rio para ganhar o mundo.
De todas, a voz de Nara era a que melhor vestia esse canto em registro baixo. Elis Regina (de quem não era bom ser inimiga) a ironizava dizendo que não sabia cantar, não tinha volume sonoro. Que nada. Nara era afinadíssima em sua voz reduzida. E, com seu charme e carisma, revelou-se uma intérprete de ponta.
Nara estreou no musical Pobre menina rica, ao lado de Vinicius de Morais e Carlinhos Lyra, em 1963. Ficou famosa após o golpe militar de 1964, quando o espetáculo Opinião formou uma espécie de ritual da resistência civil.
Mas Nara, que se apresentava ao lado de João do Vale e Zé Kéti, teve um problema de afonia e foi substituída no segundo ano por Maria Bethânia, uma jovem que então ninguém conhecia e abafou com sua interpretação de Carcará (o tal do "Pega, mata e come!").
Nara era uma intérprete versátil. Musa da bossa nova, título dado pelo jornalista Sérgio Porto (o Stanislaw Ponte Preta), cantou o barquinho, à tardinha e o azul do mar, mas não voltou as costas ao samba, ao velho samba de morro. Tornou-se uma cantora de protesto logo que o regime instaurado em 1964 mostrou sua cara.
Atingiu o auge da fama ao interpretar a singela A banda, de Chico Buarque. O fato é que Nara interpretava de tudo - e bem. Da música cool da bossa nova pura ao sambão, canção de protesto e até o tropicalismo, que, segundo muitos, vinha para se opor à então decadente bossa nova.
Voz contida, afinadíssima, boa divisão rítmica, charme - era um encanto. Um logotipo de um tempo que, se não era de todo feliz (havia a ditadura), sabia produzir figuras deslumbrantes como ela.
Gravou 28 discos. O primeiro, Nara, em 1964; o último, My foolish heart, em 1989, com versão de standards americanos. Todos foram relançados em duas caixas de CDs. Nara morreu nesse mesmo ano, com apenas 47 anos de idade. Quem a viu ou ouviu não esquece.
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