Pessoas em situação de rua e movimentos sociais promoveram, nesta quinta-feira, uma manifestação de caráter político e cultural sob os arcos do viaduto Otávio Rocha, na avenida Borges de Medeiros, em Porto Alegre. Convocado pelo Movimento Nacional da População de Rua (MNPR), o ato tinha como principal objetivo denunciar a remoção de moradores de rua que viviam no local, ocorrida no dia 10 de dezembro.
Na ocasião, objetos de cerca de 80 pessoas foram recolhidos por caminhões da prefeitura, com apoio da Brigada Militar. Segundo comerciantes do entorno, os moradores promoviam roubos e uso de drogas, o que espantava os pedestres da área. A remoção coincidiu com uma comemoração alusiva aos 84 anos do viaduto, que ocorreu no dia seguinte.
Richard de Campos, do MNPR, considera a data da remoção "infelizmente muito simbólica", já que marca também o Dia Internacional dos Direitos Humanos. "Nossa resposta é dizer que o viaduto é público, que nós temos direitos e nós vamos disputar nosso espaço", reitera.
Os manifestantes denunciam a ausência de políticas públicas voltadas à população de rua da Capital. Entre outros problemas, foram citados atrasos no pagamento de aluguel social e a situação precária dos Centros POP, espaços da prefeitura especializados no atendimento às pessoas em situação de rua. Cartazes eram contrários ao fechamento da Escola Porto Alegre, que atende jovens em situação de risco social, muitos deles vivendo nas ruas.
Após a intervenção no viaduto Otávio Rocha, parte das pessoas que ali viviam estão concentradas no entorno da Praça da Matriz, enquanto os demais se dispersaram por diferentes pontos da cidade. "A prefeitura remove as pessoas, mas não traz alternativas reais para a situação em que elas vivem. Elas não deixam de estar em situação de rua apenas porque foram retiradas de algum lugar", diz Campos.