Roberta Fofonka

E eu me organizando posso desorganizar: de quais formas o movimento cultural se estrutura para fazer um carnaval diferente em Porto Alegre (e se manter com isso)

Bloco da Laje busca profissionalização e aprimoramento

Roberta Fofonka

E eu me organizando posso desorganizar: de quais formas o movimento cultural se estrutura para fazer um carnaval diferente em Porto Alegre (e se manter com isso)

Especialmente na época de carnaval, desde 2012 o Bloco da Laje arrasta multidões pelas ruas de Porto Alegre. Com a proposta de ocupar a rua para brincar e estar perto do público, o projeto vem se reinventando e aperfeiçoando sua estrutura. Para não fugir da essência, no último carnaval o bloco decidiu inclusive dar um passo atrás e diminuir o volume da ação. “Em 2015 havíamos reunido 15 mil pessoas, segundo a Brigada Militar. Não temos estrutura técnica, artística e nem afetiva para tanto”, pontua Diego Machado, o dono da ‘laje’ onde a ideia foi concebida. “Nosso carro de som é uma Kombi, nós andamos no mesmo plano do público, queremos é estar perto”, afirma.
Especialmente na época de carnaval, desde 2012 o Bloco da Laje arrasta multidões pelas ruas de Porto Alegre. Com a proposta de ocupar a rua para brincar e estar perto do público, o projeto vem se reinventando e aperfeiçoando sua estrutura. Para não fugir da essência, no último carnaval o bloco decidiu inclusive dar um passo atrás e diminuir o volume da ação. “Em 2015 havíamos reunido 15 mil pessoas, segundo a Brigada Militar. Não temos estrutura técnica, artística e nem afetiva para tanto”, pontua Diego Machado, o dono da ‘laje’ onde a ideia foi concebida. “Nosso carro de som é uma Kombi, nós andamos no mesmo plano do público, queremos é estar perto”, afirma.
“O bloco só deu esse caldo por uma necessidade das pessoas de estarem na rua se expressando”, salienta Martina Fröhlich, que canta e faz parte da direção artística da turma. Com o tempo, o Bloco passou a ser convidado para se apresentar em eventos culturais e de entretenimento, demanda que era atendida em casos pontuais, sem muito planejamento. Sem também muito retorno. Aos poucos, o grupo foi se organizando para encontrar seus meios de sustentação. E isso começa a partir do entendimento do que tinham (têm) na mão.
BLOCO DA LAJE CRÉDITO COLETIVO SETE NOVE
Bloco da Laje em 2016, durante passagem pela Esquina Democrática, centro de Porto Alegre
“Somos um movimento, mas acabamos entendendo que somos também um produto cultural”, afirma Diego. Desde este último ano, há um núcleo menor dentro do Bloco dedicado a pensar as agendas, realizar shows e se aprofundar em pesquisa e linguagem artística. Desta maneira, o Bloco caminha para a profissionalização. Um dos feitos que marca esta etapa é a apresentação de abertura nos 10 anos do festival Morrostock, que aconteceu em Santa Maria, no sábado (03).
Isso tudo, afirmam, deve-se ao poder de agregar pessoas que a iniciativa exerce. “Só do nosso trajeto nasceram muitos trabalhos artísticos de música, dança, performance, saúde, trabalhos acadêmicos nas Ciências Sociais”, exemplifica Diego. A cada ensaio, que ocorre comumente no Parque Farroupilha (Redenção), uma festa se instala. "O bloco atinge muitas pessoas, elas se sentem parte", emenda Martina. É o caso da jornalista Bebê Baumgarten, que começou só curtindo os eventos e acabou se juntando ao grande grupo. "Há esse diferencial, o público se engaja e luta junto", conta. 
Pauta sobre empreendedorismo e engajamento através do entretenimento, contando o case do Bloco da Laje.
Martina é uma das vozes que puxam o bloco
Junto a essa atitude de estruturação, uma área importante a ser mantida é a de formação dos brincantes – como chamam quem cola na trupe. O interesse em dialogar move o grupo através de outras atividades, como oficinas sobre a cultura do carnaval e cortejos com enfoque de resgate histórico. Em 2013, viabilizado pelo edital estadual FAC das Artes, os cortejos percorreram locais importantes para a história da cultura negra na cidade – semente do carnaval, que é a rua Casemiro de Abreu e o quilombo Areal da Baronesa, além e outras programações.
O Bloco da Laje mantém suas atividades durante o ano inteiro. Passando chapéu, eles conseguem viabilizar o aluguel de uma garagem para guardar instrumentos e estúdio para realizar os ensaios do grupo profissional. Uma das formas de trazer dinheiro para garantir a saída do bloco no carnaval é o financiamento coletivo. Neste ano, a campanha, que encerrou em 28 de novembro, ultrapassou a meta em 23% na plataforma Catarse, com doações de 484 pessoas. Isso vai para banheiros químicos, ambulância de prontidão e todo o aparato para que a saída transcorra sem problemas. 
No entanto, a iniciativa ainda não se mantém totalmente. "Estamos naquela fase em que ainda é preciso fazer algumas coisas no amor, sabendo que no futuro dará resultados", pontua Diego.
Estratégias e experimentações
Querendo promover um circuito diferenciado para o carnaval, mais voltado para a brincadeira, o Bloco da Laje decidiu sair da Cidade Baixa e inaugurar novas rotas. Em 2016, o trajeto percorreu o Centro Histórico da capital, com início às dez da manhã. Para o Carnaval 2017, mais novidades virão, adiantam. “Nós anunciamos o local de saída um dia antes. É só ficar ligado, ou vir nos ensaios”, convida Diego.
Pauta sobre empreendedorismo e engajamento através do entretenimento, contando o case do Bloco da Laje.
Ideia do bloco nasceu na laje do Diego
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