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Indústria

- Publicada em 19 de Dezembro de 2016 às 21:12

Setor metalmecânico permanece na UTI

Próximo ano será de recuperação modesta, mas só a partir do segundo semestre, prevê Simecs

Próximo ano será de recuperação modesta, mas só a partir do segundo semestre, prevê Simecs


MIGUEL ANGELO/CNI/DIVULGAÇÃO/JC
A indústria metalmecânica da Serra Gaúcha consolidará, em 2016, seu pior faturamento dos últimos 10 anos, com recuo na casa de 20% sobre 2015. Somado à queda deste de 29% sobre o anterior, o setor vive sua crise mais aguda. Tomando por base a média das vendas anuais no período 2010-2013, de R$ 23,8 bilhões, em 2014 o valor caiu 17%, para R$ 19,8 bilhões. No ano passado o faturamento somou R$ 14,1 bilhões e a projeção para 2016 é de R$ 11 bilhões.
A indústria metalmecânica da Serra Gaúcha consolidará, em 2016, seu pior faturamento dos últimos 10 anos, com recuo na casa de 20% sobre 2015. Somado à queda deste de 29% sobre o anterior, o setor vive sua crise mais aguda. Tomando por base a média das vendas anuais no período 2010-2013, de R$ 23,8 bilhões, em 2014 o valor caiu 17%, para R$ 19,8 bilhões. No ano passado o faturamento somou R$ 14,1 bilhões e a projeção para 2016 é de R$ 11 bilhões.
O cenário para 2017 não deve se alterar. A expectativa da diretoria do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico (Simecs) é de reação modesta, mas muito dependente dos resultados das ações do governo federal para ajustar as contas públicas e dar início ao processo de recuperação lenta da economia. "Nunca vi crise mais forte do que esta", resumiu o empresário José Antonio Fernandes Martins, responsável pela área de assuntos institucionais da Marcopolo, e presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Ônibus e do Sindicato Interestadual da Indústria de Materiais e Equipamentos Ferroviários e Rodoviários.
Martins entende que toda a economia dependerá das duas âncoras do governo: a PEC 55, já aprovada, que limita o teto dos gastos pela inflação, e a reforma da Previdência. "Se o governo aprovar a reforma, teremos um ponto de partida com bases sólidas. É preciso estruturar esta dívida pública bruta de R$ 4,3 trilhões. Sem isto, o País se inviabiliza, com a destruição da economia", definiu. Na avaliação do empresário, os indícios de recuperação serão sentidos no segundo semestre do próximo ano, que não deve apresentar alta no PIB. "Se ficar em zero já será muito bom. Os indicadores do último trimestre deste ano não serão positivos, inviabilizando crescimento de 1% no PIB em 2017", projetou.
A indústria de ônibus deve dar uma respirada no próximo ano a partir de acordo fechado com o Bndes, que garantirá financiamentos com juros menores do que os praticados no mercado. A expectativa é que a Caixa Econômica Federal libere R$ 3 bilhões para a compra de 9 mil ônibus urbanos, dos quais Martins acredita que 5 mil serão produzidos em Caxias do Sul. A estratégia contempla usar como garantia de financiamento os recursos disponíveis em associações de classe do setor de ônibus provenientes do vale-transporte. "Só a Federação dos Transportes do Rio de Janeiro arrecada mais de R$ 7 bilhões ao ano", explicou. Desta forma, não haverá a cobrança do spread bancário, variável de 3% a 10%, dependendo do porte do tomador. "Não tem tarifa de ônibus ou de carga que faça alguém comprar um ônibus, um caminhão ou implemento rodoviário com juros de 16%", assinalou. Sem o spread, a taxa ficará na casa de 9,2%.
Até outubro deste ano, o mercado nacional absorveu em torno de 5,6 mil ônibus urbanos. Destes, as operações da Marcopolo em Caxias do Sul entregaram perto de 2 mil. Ou seja, o número projetado com a operação fechada com o BNDES representaria mais do que o dobro das vendas internas deste ano. A negociação depende de ser criado mecanismo que assegure validade jurídica às associações, evitando que sejam desativadas. "Fazendo isto, o mercado deslancha", afirma Martins.

Área de implementos rodoviários aguarda por plano que turbine as vendas

A atividade de implementos rodoviários continua sem um programa que possa contribuir para a recuperação das vendas, já que está diretamente atrelado ao desempenho da área de caminhões. Para José Antonio Fernandes Martins, da área de assuntos institucionais da Marcopolo, a principal contribuição deve vir do fato de que o setor não adquire equipamentos há dois anos. "A frota está envelhecendo e, por consequência, elevando os custos de manutenção. Como está difícil reajustar os fretes, a saída é comprar veículo novo", assinalou. Mas acredita ser possível pensar na criação de um fundo garantidor para eliminar a cobrança do spread pelos agentes financeiros. O programa de renovação de frotas é outra possibilidade, mas de maturação lenta. "Vai demorar um pouco. Daqui dois a três anos, talvez, estaremos falando de forma diferente, com otimismo bem maior", concluiu.
O diretor da Hyva do Brasil, Rogério De Antoni, projeta expansão de 5% no faturamento deste ano, aliviando a perda estimada de 20% para 2016. Destaca que a empresa opera no mercado veicular, dependendo basicamente nos segmentos de caminhões e guindastes. "Estas atividades estão com índices elevados de ociosidade, com frotas paradas. Como a retomada da economia será lenta, em um primeiro momento, serão usados estes equipamentos ociosos", avalia.
De acordo com De Antoni, a situação não é pior em função das exportações, principalmente de produtos hidráulicos. Este mercado, segundo o executivo, se manterá estável em 2017, enquanto as vendas internas tendem a crescer. Mesmo assim, a empresa está protelando investimentos. "Vamos esperar para ver o que acontecerá", explicou. Operando em nível muito baixo e com estrutura adequada ao momento, a Hyva deve manter seu quadro de funcionários nos níveis atuais, podendo aumentar caso a economia dê indícios favoráveis.
O vice-presidente administrativo e financeiro das Empresas Randon, Daniel Randon projeta que o próximo ano continuará sendo de dificuldades, pois a recuperação dependerá muito da reação do PIB. O executivo citou que, atualmente, as fabricantes nacionais de caminhões operam com menos de 1/3 de sua capacidade instalada, situação que se estende aos segmentos de ônibus e implementos rodoviários. "Teremos de rever para baixo o patamar de produção e vendas destes setores. Em 2016, chegamos a produzir 210 mil caminhões; neste ano, ficaremos em 60 mil. Estamos adequados a esta realidade de crise econômica. Vamos trabalhar 2017 com os pés no chão, para voltarmos melhores em 2018", assinalou. De janeiro a novembro, a Randon acumula receita líquida de R$ 2,4 bilhões, declínio de 15,3%.
Na indústria metalmecânica caxiense, as demissões superam a casa de 3 mil no acumulado de janeiro a outubro. Nos últimos três anos, são quase 20 mil. O consultor do Simecs, Rogério Gava, espera o início da reversão deste quadro de desemprego no segundo semestre de 2017.