A Hyundai anunciou ontem que as operações fabris da unidade de elevadores em São Leopoldo estão suspensas por tempo indeterminado. De acordo com a administração da empresa, a companhia está reestruturando suas atividades no Brasil e, por enquanto, não há previsão para a retomada da produção dos equipamentos.
O complexo, que possuía cerca de 100 funcionários, contará, a partir de agora, com 50 colaboradores. Neste momento, não há projeção de novas demissões. O presidente do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de São Leopoldo, Valmir Lodi, revela que a empresa informou que manterá, a partir do próximo ano, somente as ações de assistência e manutenção no município. A justificava dada aos trabalhadores para a medida, conforme o sindicalista, foi a crise econômica e o baixo volume de construções de prédios no País.
A companhia não divulgou qual era a capacidade de produção atual da planta no Rio Grande do Sul. No entanto, frisou que continuará atendendo normalmente seus clientes antigos e novos, sem detalhar a forma como fará isso. O presidente do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Metalúrgicas argumenta que tudo indica que a empresa importará equipamentos para atender ao mercado interno.
As demais unidades comerciais do segmento de elevadores da Hyundai no Brasil continuarão operando - estão localiadas em São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. São estabelecimentos que não foram afetados significativamente pela reestruturação da fábrica. "A suspensão da produção da Hyundai Elevadores é mais uma consequência dentre tantas outras que estamos vivenciando", aponta o vice-presidente de Indústria da Associação Comercial, Industrial, de Serviços e Tecnologia de São Leopoldo (Acist-SL), Davi Dalcin. O dirigente destaca que, em meio a desmandos na economia, falta uma política industrial de médio e longo prazos no País. Dalcin adverte que quanto mais se esperar pela implementação das reformas macro e microeconômicas, nos âmbitos federal e estadual, piores serão as consequências e maior será a dificuldade para a retomada do crescimento.
O secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia, Fábio Branco, comenta que a Hyundai não procurou o governo gaúcho para debater seus problemas, contudo o Executivo está aberto a ouvir a empresa. Ele admite que o contexto econômico de hoje preocupa muito. "Não adianta atrair novas companhias para o Estado, se perdermos as já instaladas", sustenta. Branco antecipa que o governo está avaliando as possíveis estratégias que podem ser tomadas para preservar as indústrias no Rio Grande do Sul, como, por exemplo, o aprimoramento das condições do Fundopem.
A Hyundai investiu em torno de R$ 75 milhões no complexo de São Leopoldo, que foi inaugurado em 2014. Na ocasião, o presidente da Hyundai Elevadores do Brasil, Jeong Ho Jean, disse que o País havia sido escolhido por ser a maior economia da América do Sul. "O Rio Grande do Sul e a cidade de São Leopoldo reúnem as condições adequadas em termos de logística e qualidade de mão de obra, além da cadeia de fornecedores e política de atração de investimentos", afirmou.
Já o então governador Tarso Genro, que visitou a unidade em sua inauguração, ressaltou que se tratava de um momento de significado político, econômico e social para fazer da diversidade uma ferramenta de desenvolvimento. "Nosso governo não é refém de uma cadeia produtiva, mesmo em uma situação de crise, conseguimos crescer", enfatizou. Quando iniciou as operações, a planta tinha capacidade para produzir até 3 mil elevadores ao ano, e a expectativa era chegar ao patamar de 4 mil, até 2019.