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Economia

- Publicada em 18 de Dezembro de 2016 às 20:05

Opinião Econômica: Dois pontos percentuais já!

Benjamin Steinbruch é diretor-presidente da CSN e presidente do conselho de administração da empresa

Benjamin Steinbruch é diretor-presidente da CSN e presidente do conselho de administração da empresa


Fred Chalub/Folhapress/Arquivo/JC
Vai aí, para otimistas e pessimistas, um artigo que gostaria de nunca ter escrito. Sinto, todavia, a obrigação de dizer: 2016, que afinal está terminando, ficará para a história como o ano em que o Brasil deu errado. E não dá para esperar mais nada para tomar medidas para corrigir a atual tendência da economia.
Vai aí, para otimistas e pessimistas, um artigo que gostaria de nunca ter escrito. Sinto, todavia, a obrigação de dizer: 2016, que afinal está terminando, ficará para a história como o ano em que o Brasil deu errado. E não dá para esperar mais nada para tomar medidas para corrigir a atual tendência da economia.
É irresponsável - e não há outra palavra para qualificar isso - ficar assistindo à queda de produção nacional de 3% neste ano sem nada fazer. Costumamos publicar essa porcentagem como se fosse uma estatística qualquer, mas ela é assustadora. Indica que o conjunto produtivo brasileiro, incluindo todos os setores, teve uma perda de estimados R$ 180 bilhões no ano. É como se, de um ano para o outro, desaparecesse o PIB (Produto Interno Bruto) de um país como o Uruguai.
O desemprego já atinge 12 milhões de pessoas e continua a crescer. Então, é urgente a criação de um plano nacional de reaquecimento da economia, inclusive com redução de impostos e outros custos que oneram e emperram os negócios no País. Não haverá crescimento enquanto ficarmos unicamente focados no necessário ajuste das contas públicas.
Começa a ficar repetitivo e pouco relevante simplesmente explicar que a desgraça ocorre em razão de equívocos de administrações passadas, enquanto hoje são cometidos erros igualmente graves.
Passamos o ano inteiro sob intensa tempestade recessiva sem lançar mão de um instrumento banal em condições como essa, a redução dos juros. Só agora, no fim do ano, com o barco praticamente virado, é que foram feitas duas míseras reduções de 0,25 ponto percentual na taxa básica.
Alguém, por acaso, imagina que alguma economia poderia crescer com uma taxa básica de juros da ordem de 14% ao ano, que se reflete em juros reais de uns 8% ao ano? Só se for por ordem divina.
Alguém poderia imaginar que a irresponsabilidade dessa política, que agora começa a ser criticada até pelo setor financeiro, o maior beneficiário imediato dela, não acirraria a crise econômica do País, levando-o à crise social gravíssima que já se esboça?
Então, a economia precisa de um "choque de juros", com a imediata redução da Selic em pelo menos dois pontos percentuais. E não dá para esperar janeiro. A redução precisa ser já.
O ano não foi ruim só por causa da recessão e do desemprego. Esses são, sem dúvida, os fatores fundamentais, porque determinam o bem-estar das famílias e contribuem para a felicidade geral da nação.
O Brasil falhou feio também em matéria de entendimento na sociedade. Passamos 2016 inteiro jogando um interminável flá-flu político em disputa pelo poder, com os dois lados tentando tirar vantagem da necessária e bem-vinda operação anticorrupção.
O impeachment da presidente Dilma Rousseff paralisou o País. As reformas que poderiam dar algum alívio a custos de negócios nada avançaram. A indústria foi entregue à sua própria sorte e nada se fez de importante em favor do emprego.
Mais duas semanas e estaremos mergulhados nas festas de fim de ano. Há tempo para lançar, ainda em 2016, sementes que possam germinar em 2017, um plano de crescimento. Assim, o tradicional foguetório do Réveillon seria a comemoração do fim de um ano de trevas, com votos de que nunca mais se repita.
Diretor-presidente da CSN e presidente do conselho de administração da empresa
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