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Economia

- Publicada em 06 de Dezembro de 2016 às 22:10

Juros norte-americanos deverão subir em 2017

Donald Trump já sinalizou fortes gastos com infraestrutura nos EUA

Donald Trump já sinalizou fortes gastos com infraestrutura nos EUA


TY WRIGHT /TY WRIGHT/GETTY IMAGES/AFP/JC
Guilherme Daroit
Classificada como a "questão de um trilhão de dólares" pela influência direta que tem no mercado financeiro mundial, o desenrolar da taxa de juros dos EUA caminha para múltiplas elevações até 2017. Além disso, o ano que vem deve reservar também as primeiras definições quanto às medidas de estímulo prometidas por Donald Trump, cujo impacto à economia brasileira dependerá do sucesso do presidente eleito em outra frente, a do protecionismo. As projeções são debatidas na edição do Panorama Internacional com foco no país norte-americano, lançada ontem pela Fundação de Economia e Estatística (FEE),
Classificada como a "questão de um trilhão de dólares" pela influência direta que tem no mercado financeiro mundial, o desenrolar da taxa de juros dos EUA caminha para múltiplas elevações até 2017. Além disso, o ano que vem deve reservar também as primeiras definições quanto às medidas de estímulo prometidas por Donald Trump, cujo impacto à economia brasileira dependerá do sucesso do presidente eleito em outra frente, a do protecionismo. As projeções são debatidas na edição do Panorama Internacional com foco no país norte-americano, lançada ontem pela Fundação de Economia e Estatística (FEE),
Quanto à taxa de juros dos EUA, que se mantém entre 0,25% a 0,5% desde o último aumento, no fim de 2015, a elevação é vista como certa pelo economista da entidade, André Scherer. Sinalizações de Trump na direção de fortes gastos com infraestrutura e de uma política agressiva de estímulos fiscais, que devem gerar déficit público, justificam a previsão. Além disso, índices que já estão sendo vistos, como a queda do desemprego e, ao mesmo tempo, um leve aumento na inflação, que chegou a 1,7% ao ano em novembro, também tornam mais provável o aumento.
"Devemos ver, portanto, um movimento de trazer normalidade à taxa, que se encontra em níveis anormais historicamente", afirma Scherer. O economista prevê um aumento ainda em dezembro, e uma provável aceleração do ritmo dos aumentos no ano que vem. Confirmando-se o cenário, pode se esperar, portanto, um direcionamento do capital para os títulos públicos norte-americanos, além do fortalecimento do dólar. "Independentemente do que aconteça daqui para frente, a vitória de Trump implica em um ritmo menor da queda dos juros no Brasil", complementa.
O tamanho do impacto para o Brasil da atuação do novo presidente dos Estados Unidos ainda depende, porém, da efetivação de algumas propostas de campanha de Trump. Em especial, a questão do protecionismo.
O melhor cenário, nesse caso, seria aquele em que o presidente não conseguisse emplacar barreiras para o tráfego comercial. "Assim, o estímulo fiscal prometido acaba se espalhando pelos outros países, já que resultaria em mais importações por parte dos EUA", afirma o economista da FEE. O maior beneficiado, nesse caso, seria a China, o que acabaria reverberando no Brasil com o provável aumento no preço das commodities, por exemplo.
Scherer lembra, porém, que o cenário se modifica caso Trump tenha sucesso na criação de barreiras comerciais. Deve ser levado em consideração, ainda, que o Partido Republicano garantiu a maioria no Congresso, o que pode dar mais poder de ação a Trump do que tinha o seu antecessor, Barack Obama. "É um elemento perturbador, e todos esses cenários têm que ser levados em conta", argumenta Scherer.
Outra vertente analisada e que deve influenciar os próximos anos é a postura contra acordos comerciais defendida por Trump. Um dos efeitos de curto prazo é o impacto que o congelamento do Tratado Transpacífico (TTP) deve trazer a setores gaúchos, como tabaco, couro, calçados, aves e polímeros, que exportam em quantidade aos EUA e viam ameaças com o acordo. "Os reais impactos disso ainda não são muito claros. O Brasil, porém, ganha tempo para pensar o que pode ser feito", afirma o pesquisador em relações internacionais da FEE, Robson Valdez.
O estudioso lembra, ainda, que há repercussões políticas na Europa, em especial França, Reino Unido e Itália, que dão sinais de que mais países devem passar a adotar posturas protecionistas no futuro breve. "Antecipar cenários é estratégico para qualquer governo e para a iniciativa privada, uma ferramenta que poucos governos têm", afirmou, durante o lançamento, Valdez. Os pesquisadores ressaltaram ainda que não há como se pensar na economia gaúcha e tomar decisões locais sem conhecer o cenário global.
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