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Empresas & Negócios

- Publicada em 19 de Dezembro de 2016 às 12:22

A informática invade o campo

Nicole Feijó
Longe das aglomerações urbanas e centros industriais, o projeto Escolas Rurais usa a tecnologia para incentivar a permanência dos jovens nos campos. Com a intenção de combater a evasão rural, a iniciativa apoia-se em dados que comprovam uma realidade brasileira não muito distante: entre 2000 e 2010, dos dois milhões de pessoas que deixaram as zonas rurais, um milhão foram jovens, segundo o IBGE.
Longe das aglomerações urbanas e centros industriais, o projeto Escolas Rurais usa a tecnologia para incentivar a permanência dos jovens nos campos. Com a intenção de combater a evasão rural, a iniciativa apoia-se em dados que comprovam uma realidade brasileira não muito distante: entre 2000 e 2010, dos dois milhões de pessoas que deixaram as zonas rurais, um milhão foram jovens, segundo o IBGE.
O projeto, que teve início em 2012, é do Comitê de Democratização da Informática de Santa Cataria (Cdisc) e acontece em escolas estaduais, municipais e instituições na região de Florianópolis. No início desde ano, estendeu sua atuação para o Rio Grande do Sul, na Escola Família Agrícola de Santa Cruz (Efasc) e Escola Família Agrícola do Vale do Sol (Efasol), instituições que unem o Ensino Médio e o técnico agrícola. O projeto visa o suporte à informática nas disciplinas e conteúdos que compõem o plano pedagógico das escolas.
Mantidas por recursos públicos, parceiros privados e, principalmente, associações de agricultores, as escolas agrícolas surgiram no Rio Grande do Sul em 2008, em Santa Cruz, para que os filhos de agricultores pudessem ter uma formação específica e ligada à realidade do agricultor. "Antigamente tinha-se a ideia de que pegar no cabo da enxada não precisa estudar e nós contrapomos isso", defende Ismael Gomes, coordenador pedagógico e monitor da Efasol, escola localizada no Vale do Sol, que estudantes de 13 municípios próximos.
A Efasol funciona por meio da pedagogia de alternância, na qual os estudantes passam uma semana no local e outra em casa durante os três primeiros anos, excluindo apenas o último, que deve ser dedicado à um estágio em instituições com funções de técnicos agrícolas. O conteúdo é composto pelas áreas de conhecimento comuns ao Ensino Médio, como linguagem e Ciências Humanas, aliadas as disciplinas do Ensino Técnico. Além da Efasc e da Efasol, existem outras duas escolas famílias agrícolas no Estado, sendo uma na Serra (Efaserra) e outra na região Sul (Efasul).
O incentivo da união entre a Efasc e Efasol com o CDI-SC partiu da Philip Morris, empresa produtora de tabaco e derivados, parceira que começou ainda com o CDI matriz, do Rio de Janeiro. O comitê de Santa Catarina atua, ao todo, em 24 locais e, só no Rio Grande do Sul, beneficia 170 alunos, entre 14 e 17 anos. "A Philip Morris quer que esses jovens não se preocupem apenas com a plantação do tabaco, mas que, além disso, possam trabalhar dentro das propriedades deles, se tornando empreendedores", explica Cleusa Kreusch, coordenadora pedagógica do Cdisc.
Se em Santa Catarina, o projeto entra nas instituições como um momento extra que trabalha diretamente o acesso à informática, no Rio Grande do Sul ele acontece simultaneamente ao processo formativo das escolas. A metodologia tem foco na informática básica, a partir do uso de softwares específicos para a formação técnica em agricultura.
Para possibilitar essa parceria, durante a formação com os professores, o comitê estabeleceu de que forma o conteúdo da informática poderia ser inserido dentro do plano pedagógico já existente, ou seja, como as disciplinas poderiam incluir a informática.
O suporte à informática oferecido pelo CDI é possível por meio da formação de profissionais do próprio local beneficiado e, quando não há pessoas capacitadas para isso, o próprio comitê realiza uma seleção de profissionais para ocuparem essa função.
Gomes considera que, mesmos os jovens que optam por sair das zonas rurais, saem mais conscientes de que o lugar que deixam para trás tem valor, não só financeiro, mas também cultural. Apenas neste ano, nos dois estados, o projeto formou 290 alunos. Para 2017, Cleusa adianta que pretendem trabalhar outros conhecimentos como programação de jogos, gestão de projetos e aplicativos para celulares, incentivando os jovens de forma mais dinâmica e empreendedora. "Queremos que eles percebam que não precisam sair da propriedade rural e ir para a cidade para encontrar novas oportunidades, pois elas podem estar ali, na comunidade onde vivem".
Com início no Rio de Janeiro, em 1995, o Comitê se caracteriza como uma organização sem fins lucrativos e existe no estado de Santa Catarina há 15 anos. "No início trabalhávamos muito a inclusão digital, mas como os jovens de hoje já nascem nessa era tecnológica, agora estamos voltados para o empoderamento digital", expõe Cleusa. Para o próximo ano, o Cdisc assume outras três locais no Sul do Paraná, sendo eles União da Vitória, São Mateus do Sul e Paulo Frontin, além de manter a parceria com a Efasc e Efasol.
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