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- Publicada em 12 de Dezembro de 2016 às 13:56

Pelo direito de viver em família

Maria Eugenia Bofill
Aos oito anos, Lucas foi adotado por um casal de jornalistas. Hoje, aos 18, além da família que conquistou, dá nome ao Instituto Amigos de Lucas. A ideia surgiu diante das dificuldades que o casal enfrentou ao longo do processo, e o instituto busca trabalhar na prevenção do abandono. Atualmente, a ONG conta com o Programa Apadrinhamento Afetivo e o Grupo de Apoio à Adoção.
Aos oito anos, Lucas foi adotado por um casal de jornalistas. Hoje, aos 18, além da família que conquistou, dá nome ao Instituto Amigos de Lucas. A ideia surgiu diante das dificuldades que o casal enfrentou ao longo do processo, e o instituto busca trabalhar na prevenção do abandono. Atualmente, a ONG conta com o Programa Apadrinhamento Afetivo e o Grupo de Apoio à Adoção.
"Queremos desmistificar que adotar crianças maiores é problema", ressalta a presidente do instituto, Rosi Prigol, mãe de três filhos adotivos. A sensibilização acontece em reuniões mensais com os candidatos habilitados para o processo. Em pauta, temas relativos à adoção, como a burocracia em Porto Alegre, já que a tramitação é demorada em função das exigências.
Na Capital, uma criança de zero a sete anos leva cerca de oito para ser adotada, o que faz com que saia do perfil que a maioria das famílias busca. "Quando os pais participam do grupo, começam a entender que não é problema a criança ser um pouco mais velha", destaca a presidente.
Quem já passou pela experiência leva o depoimento para outras pessoas por meio dos Grupos de Apoio à Adoção. De forma voluntária, pais e mães estimulam a cultura da adoção, a prevenção do abandono, além de auxiliarem adotantes tanto na preparação quanto no processo de adaptação familiar. Outro objetivo dessa iniciativa é mostrar à sociedade a importância e a legitimidade da família adotiva, e buscar candidatos que aceitem crianças fora do perfil desejado por grande parte por adotantes, que são aquelas com mais idade, com necessidades especiais e inter-raciais.
Outra forma de estimular o contato com essas crianças é por meio do apadrinhamento afetivo, que, como o próprio nome diz, permite às crianças que estão nas casas de passagem terem uma madrinha ou padrinho que as acompanhe dentro e fora do abrigo. Nos fins de semana, os padrinhos podem pegar o afilhado para passar o dia, ou até o fim de semana inteiro, caso tenham o Termo de Responsabilidade cedido pelo Ministério Público.
Em alguns casos, as crianças passam as festas de final de ano e também podem viajar com os padrinhos. Rosi ressalta que a intenção do apadrinhamento não é de formar uma relação temporária, e sim um vínculo permanente.
A ligação afetiva entre o padrinho e o afilhado deve permanecer mesmo depois de o adolescente sair do abrigo. "Ao completar 18 anos, eles precisam deixar as casas de passagem, então precisam de alguém do lado de fora para ajudá-los, alguém a quem recorrer", enfatiza a presidente.
Os padrinhos devem ser maiores de 21 anos e não podem ter demanda judicial. Após a inscrição, devem participar de curso para o processo de apadrinhamento. São cinco encontros com especialistas, que explicam todas as situações que podem ser encontradas dentro da instituição de acolhimento e também como lidar com a crianças que serão futuros afilhados.
Após os encontros, há uma festa de apresentação, e, então, os jovens escolhem quem serão os seus padrinhos. "Fazemos todo um trabalho para explicar aos candidatos que essa escolha se dá por afinidade mesmo", destaca Rosi. Foi com esse pensamento que Marcia Susin e Clarisse Somenci tornaram-se madrinhas. "Fui para a festa com o coração aberto. Não era para eu escolher uma criança pelo perfil que eu desejava, e sim eu ser adotada por alguma delas", afirma. Marcia e Clarisse costumam passar os sábados com um adolescente de 15 anos, que irá festejar o Natal e Ano-Novo junto com elas. "Tenho a oportunidade de orientar um adolescente, o que é um compromisso muito sério e que encaro para toda a vida. É uma experiência que faz mais bem para nós do que para eles", aponta.
Marcia conta que, desde o primeiro encontro, a relação entre eles seria de confiança. Independentemente das circunstâncias, a verdade deveria prevalecer com base no afeto, e não por meio de presentes. "E é assim que está acontecendo, os presentes vêm em datas especiais. Trocamos ideias e vemos como ele está crescendo muito", comemora.
Em 2016, 49 crianças com idade a partir dos cinco anos foram apadrinhadas e, no total, são 460 apadrinhamentos. As inscrições para o Apadrinhamento Afetivo ficam abertas até junho de 2017 e devem ser feitas pelo e-mail [email protected]. Rosi ressalta que o processo de apadrinhamento é longo e que é preciso estar disposto a ter uma relação permanente. "Não é só, por exemplo, na época do Natal. O apadrinhamento é muito mais do que isso. É estar presente a vida toda, como se fosse um padrinho mesmo."
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